Francisco Teloeken: “Mentiras que não são brincadeiras de 1º de abril”

O dia 1º de abril é considerado, em vários países ocidentais, o Dia da Mentira. Existem muitas explicações sobre a origem da data. A versão mais conhecida diz que, em 1564, o rei Carlos IX da França decidiu que o Ano Novo, até então comemorado de 25 de março a 1º de abril, passaria a ser celebrado no dia 1º de janeiro, adotando o calendário gregoriano, instituído pelo papa Gregório XIII (1502-1585). Muitos franceses recusaram-se a aceitar o 1º de janeiro como início do ano, o que levou algumas pessoas a fazer brincadeiras e a ridicularizar aqueles que insistiam em continuar a considerar o 1º de abril como ano novo. Zombados pelo resto da população, os resistentes às mudanças eram convidados para comemorações inexistentes no 1º de abril. 

No Brasil, o Dia da Mentira começou a se popularizar através de um jornal mineiro, chamado sugestivamente de “A Mentira”, que tratava de assuntos sensacionalistas no começo do século 19. Em 1º de abril de 1828, noticiou a morte do então imperador Dom Pedro I; como muitas pessoas acreditaram na notícia, dois dias depois, o jornal desmentiu a publicação.

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Por aqui, parece que a data já perdeu a sua graça, pelo menos no sentido lúdico do passado. Pior: há algum tempo, o Dia da Mentira passou a ser todo dia. As redes sociais transformaram-se em campo minado de todo tipo de mentiras, eufemisticamente chamadas de fake news. Políticos de expressão nacional, sem pudor algum, repetem mentiras, mesmo que já tenham sido desmascaradas. Postagens falsas circulam na internet, enaltecendo ou prejudicando a imagem de pessoas e que são repassadas em grupos de WhatsApp. Muitas vezes, as mensagens são tão absurdas que, mesmo já desmentidas por sites que checam possíveis fakes, a pessoa precisa ser muito alienada, fanática ou de má fé para acreditar nelas. 

O assunto é tão sério, ainda mais em campanhas eleitorais, sujeitas a todo tipo de postagens a favor ou contra candidatos, que está em curso, no Supremo Tribunal Federal, o inquérito 4.781, de 14 de março de 2019, das fake news para identificar quem financia, produz e distribui esse tipo de material. Com a utilização cada vez maior da inteligência artificial, as fakes poderão causar dramáticas perturbações econômicas e políticas, especialmente para a democracia.

Há certas mentiras que permanecem ao longo do tempo, mesmo que pesquisas científicas e acompanhamentos digam não ter fundamento, como, por exemplo, a crença de que o raio não cai duas vezes no mesmo lugar. 

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Existem também mentiras que as pessoas contam para si mesmas para justificarem gastos, e que acabam prejudicando sua saúde financeira: 

  • 1. “Eu mereço” – embora possa ser verdadeira, a frase pode levar a efetua um gasto não necessário, minando o alcance de um objetivo maior; 
  • 2. “Eu preciso” – é uma das principais mentiras; geralmente, é resultado apenas de um desejo, às vezes para atender ao status ou impressionar alguém;
  • 3. “Estou infeliz” – a satisfação em compras aleatórias é momentânea e a pessoa, além de continuar infeliz, ficou com menos dinheiro ou com mais dívidas; 
  • 4. “Não consigo resistir” – a pessoa se deixa levar pelo desejo do momento, em vez de planejar e consumir com educação financeira, organização e disciplina; 
  • 5. “Eu tenho condição” – a pessoa gasta sem qualquer critério; verificar se não há sonhos maiores que poderiam ser realizados mais rapidamente sem o desperdício de dinheiro; 
  • 6. “Só vou levar porque está na promoção” – a pessoa não precisa do produto, mas quer aproveitar o preço da promoção; 
  • 7. “Minha fatura do cartão já virou o mês; só vou pagar no mês que vem”;
  • 8. “Custa só R$50, não vou ficar mais pobre por isso” – os pequenos gastos são grandes ralos das finanças pessoais porque, quando somados, geram um valor maior; 
  • 9. “Lidar com o dinheiro é difícil”: o planejamento e a organização financeira deve ser um hábito a ser adotado;
  • 10. “Poupar é coisa de quem ganha muito dinheiro”: na verdade, poupar é uma questão de decisão, de querer alcançar um objetivo maior. 

Na vida financeira, somos movidos mais a mentiras do que verdades. Além das citadas anteriormente, a primeira mentira pode ser, por exemplo, achar que seu ganho é o valor bruto do salário ou renda, não levando em conta descontos, alguns compulsórios, e que deixam a disponibilidade real menor. Outras, acreditar em pirâmides financeiras, investimentos mirabolantes ou em influenciadores, digitais ou do entorno, que prometem facilidade ou ganhos extraordinários. E a mentira mais recente em acreditar que pode resolver seus problemas financeiros, apostando em bets ou jogo do tigrinho. Embora alguém possa ganhar, eventualmente, uma boa bolada, o fato é que, segundo a matemática e o objetivo das casas de apostas, o apostador sempre vai perder dinheiro.

A verdade financeira só pode ser descoberta com a identificação do “Eu financeiro”. É obtido através de um diagnóstico, um dos pilares da metodologia da DSOP Educação Financeira. Durante 30 ou até 60 dias, anotar todas as entradas e saídas de dinheiro, por mais insignificantes que sejam. Aplicativos em celular facilitam essa tarefa, de modo que não ocorram “esquecimentos”. Ao final do período de anotações, a pessoa ou família terá um levantamento completo e preciso de quanto dinheiro entrou e em que ou onde foi gasto – a sua verdade financeira. A análise dos números pode mostrar que o dinheiro está sendo gasto de forma aleatória. É o momento de já reduzir, substituir ou eliminar itens de gastos e despesas. Pesquisas indicam que só com essa ação é possível reduzir as despesas de 20% a 30%, sem interferir no padrão de vida pessoal ou família.

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