Confira as inovações que prometem transformar a rotina no campo e na lavoura

Por: Julian Kober, Lavignea Witt e Lavignea Witt

Mais do que oferecer produtos e serviços, a 23ª Expoagro Afubra, apresentou inovações e tecnologias para melhorar a rotina de quem atua no campo.  É a partir delas que muitos jovens produtores ainda veem no meio rural um futuro promissor. De acordo com o coordenador geral da Expoagro Afubra, Marco Antônio Dornelles, as novas gerações têm na feira uma oportunidade para enxergar a propriedade de uma forma diferente. “Com certeza os jovens hoje tem a característica de inovar e é através da educação, seja nas instituições, nas famílias, que se estará preparando-os para a vida profissional e pessoal. Porque o novo jovem permanece por conta da renda e fazendo o que é a sua vocação e cultura.”

E em meio aos desafios climáticos, Dornelles reitera que startups, instituições e o Poder Público estiveram unidas na feira para identificar problemas e apresentar soluções e informações para enfrentá-los de forma rápida e eficaz.

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Além dos efeitos de enchentes e estiagens, o alto custo de produção e desvalorização dos cultivos no mercado. Diante disso, a feira torna-se uma oportunidade para o agricultor buscar e investir em mais conhecimento, novas técnicas e produtos para se reinventar e driblar os problemas.

Estufa a ar contínuo 

Mais de mil estufas desse modelo já foram vendidas

Para oferecer mais tranquilidade ao produtor, com redução de mão de obra, esforço físico, consumo de lenha, energia e menores emissões de CO2, permitindo a colheita e a cura em pequenos volumes diários, as estufas de carga contínua apresentadas pela BE1 Tecnologia encantaram os produtores de tabaco que passavam pelo estande da empresa. 

Desenvolvido em 2016 e patenteado em 2018, cuja patente foi expedida em 2022, o equipamento proporciona redução de custos e gera valor agregado ao produtor. A estufa, com quatro câmeras de secagem de frente e quatro para trás, viabiliza uma cura mais uniforme. No modelo menor, a capacidade diária é de cerca de 40 grampos, enquanto o modelo maior comporta 80 grampos. De acordo com o CEO da empresa, João Paulo Milioli, este volume de cura é o que tem sido o maior atrativo aos produtores, que economizam com mão de obra. “​​Uma família pequena consegue tranquilamente tocar a operação sozinha, sem envolvimento de terceiros. Três pessoas conseguem vencer em torno de 120 mil pés”, salienta Milioli.

Bandeja plástica rígida 

Cerca de 60 m il unidades devem ser vendidas na safra

Os produtores de tabaco acostumados com a utilização de bandejas de isopor flutuantes brancas para a produção de mudas a partir deste ano contam com uma nova opção. A empresa JKS Agro, de São Paulo, desenvolveu a bandeja plástica rígida flutuante. O produto, lançado no ano passado, passou por algumas modificações e agora chega ao mercado, através das indústrias e da Afubra, que já iniciaram a comercialização.

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O presidente da JKS Agro, Péricles A. de Carvalho, adiantou que o objetivo é vender cerca de 60 mil peças no primeiro lote. Segundo ele, o preço é superior ao da de isopor, mas compensa ao serem consideradas características como durabilidade e facilidade no manuseio. “Junto à bandeja desenvolvemos um sistema para carregá-la a tiracolo, facilitando o manejo no processo de transplante da muda na lavoura, tarefa desempenhada na maioria das vezes pelas mulheres”, enfatiza. Além disso, outros detalhes são apontados como vantagens da utilização do produto. Feita com material 100% reciclável, é eficaz na economia de substrato e possui superfície lisa, facilitando a limpeza.

Pastagem semeada 

Semeadura é mais eficaz para a cobertura do solo

Para oferecer mais rentabilidade e produtividade ao produtor, a empresa Barenbrug apresentou em lavouras demonstrativas pastagens feitas a partir do processo de semeadura, já que o plantio de similares com a mesma finalidade precisa ser feito através de mudas. Segundo o desenvolvedor de mercado da região sul da empresa, Augusto dos Anjos, com a semeadura a cobertura é melhor, além de alcançar índices nutricionais melhores. “É difícil estabelecer pastagem por mudas, pois a mecanização hoje no país ainda não é comum em todas as propriedades. Então, são pessoas que precisam realizar essa tarefa, e por mudas o fechamento da área não é tão eficaz”, explica. 

Carros-chefes da empresa, os cultivares próprios de diversas variedades já estão consolidadas no mercado e auxiliam na adubação verde, palhada, fixação de nitrogênio e saúde do solo. “Procuramos desenvolver os cultivares com tecnologia e melhoramento genético para que sejam mais resistentes e de efetivo uso, como ganho de peso dos animais, maior e melhor produção de leite, ou seja, para desenvolver pecuária mais sustentável, produtiva e rentável”, explica. 

Conforto térmico aliado à eficiência energética

A temperatura é um dos aspectos fundamentais para garantir a produtividade e a qualidade do leite. As melhores condições, segundo o Ciência Animal Brasileira, seriam entre 10 e 27 graus.Conforme a Embrapa, temperaturas extremas fazem com que o Brasil perca cerca de 30% da produção por ano. Ela refere que, acima de 32 graus e uma umidade relativa do ar em 95%, isso pode resultar em estresse térmico severo ao animal, vulnerabilizando a cadeia produtiva.

Atento ao conforto térmico, a Sistemilk levou para a Expoagro Afubra 2025 ventiladores inteligentes com a tecnologia inverter. Encontrada em aparelhos de ar condicionado, a função permite que o equipamento eletrônico ajuste a velocidade a partir da temperatura do ambiente. Ou seja, a velocidade pode aumentar e diminuir automaticamente, de acordo com os termômetros, que variam de 30 a 60 hertz. E, além de melhorar a eficiência produtiva, a tecnologia ainda contribui com a economia de energia na propriedade.

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O consultor de vendas da Sistemilk no Rio Grande do Sul, Ricardo Moraes, destaca que o sistema contribuiu com o ganho na produção por meio do conforto térmico proporcionado. “Ele favorece tanto para a produção de leite quanto a de carne, especialmente para os exportadores”, explica. Devido à tecnologia presente no equipamento, o produtor pode manuseá-lo sem dificuldade pelo painel ou por meio de um controle remoto. A empresa está desenvolvendo um aplicativo voltado à ventilação. “Independente de onde o produtor estiver, vai estar conectado ao ventilador. E, se der um erro, será notificado pelo celular. O sistema estará no celular”, afirma Ricardo Moraes.,

Equipamentos acessíveis

Equipamentos são viáveis para o pequeno agricultor

Na área de demonstrações da Husqvarna, diversos equipamentos que otimizam e facilitam a realização das atividades do pequeno produtor chamaram a atenção. Os três modelos de robô autônomo cortador de grama, a motosserra leve à bateria, a lavadora motorizada de alta compressão eficaz para a higienização de áreas maiores como aviários, e o motocultivador, que serve para arar, semear, capinar áreas onde tratores maiores não são eficientes ou viáveis, atraíram olhares. Engenheiro de produtos da Husqvarna, Paulo Figueiredo destacou que a empresa busca apresentar equipamentos que se adequam a realidade do público. “O que temos aqui são soluções, com preços acessíveis, dentro da realidade do pequeno agricultor que tem média de 10 a 15 hectares.”

Futuro na geração de energia 

Módulos de energia solar situados na frente do parque da Expoagro

As novidades apresentadas na Expoagro Afubra também abrangeram o setor de energia. O gerente de eficiência energética da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Elieser do Prado Bastos, esteve presente no evento e abordou o assunto. 

Um dos assuntos citados por Bastos foi a evolução dos sistemas de energia solar, de sistemas tradicionais para sistemas híbridos com armazenamento em baterias, como uma alternativa mais viável devido à queda de preços das baterias e às mudanças nas regulamentações das concessionárias de energia. Esse aspecto deve vir muito forte para o Brasil a partir do segundo semestre deste ano, segundo ele.
Para comprovar o funcionamento da tecnologia, Elieser citou os módulos presentes na fachada do parque onde é realizada a própria Expoagro, que alimentam uma bateria que permite a iluminação da tenda do setor de Eficiência Energética da Afubra.

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Outra inovação dentro da geração da energia está ligada aos produtores rurais, com o lançamento de uma linha de geradores tocados a trator. Elieser explica que durante as intempéries climáticas os produtores podem ter sua produção prejudicada devido à falta de energia elétrica; portanto, os geradores entrariam como uma segunda opção. “Para o produtor, é muito importante. Especialmente porque viemos falando de superação, após tudo o que aconteceu no ano passado”, destaca. 

Em relação à eletromobilidade, Bastos adianta que o produtor rural poderá contar futuramente com um trator com inteligência artificial, guiado por GPS e com bateria através de um sistema fotovoltaico. De acordo com ele, a fazenda 4.0 é uma realidade, e o futuro será mais sustentável.

Tabaco mais forte e resistente

ProfiGen desenvolveu nova semente para a temporada 2025/26

Os diversos cultivares de tabaco apresentados pelas empresas desenvolvedoras de sementes são atração em todas as edições da Expoagro Afubra. Para a safra 2025/26, a empresa ProfiGen desenvolveu a variedade PVH 2422, que, segundo o executivo de vendas, Augusto Ferreira Lopes, apresenta um maior número de folhas, boa qualidade, facilidade de cura e alta tolerância à doença amarelão, que acomete o solo em diversas regiões. A semente ainda não está disponível, mas já passou pelos testes e está em produção. 

Pela primeira vez na Expoagro, as variedades PVH 2415, PVH 2409, PVH 2444 e PVH 2436, que já foram comercializadas na última safra, chamavam a atenção pelo tamanho do pé e das folhas. “Quem plantou na safra passada a cultivar PVH 2444 teve uma excelente qualidade e produtividade. Permite um plantio antecipado, com boa rusticidade, ciclo longo, alta variedade de folhas, adaptando-se bem a regiões que plantam mais cedo, e sendo uma cultivar que precisa de solos corrigidos”, salienta Lopes. 

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Ele também adianta que a variedade 2436, que também chegou ao mercado na última safra, tem alto teto produtivo, resistente ao vírus da batata, e tem moderada tolerância à murcha bacteriana, adaptando-se bem às diferentes regiões. “Porém, a época de plantio é dentro da janela considerada normal, com um ciclo de 140 dias, e alcança de 24 a 25 folhas, sendo uma variedade bem promissora.” 

Augusto ainda destaca que o objetivo de colocar sementes melhoradas no mercado é para proporcionar retorno de rendimento melhor ao produtor, que cada vez mais precisa encarar aumentos nos custos de produção. “A agricultura sempre está em constante evolução e, no fim do dia, o que vale é a sustentabilidade do produtor no negócio.”

Cultivos biológicos 

Emater apresentou cultivos com o uso de defensivos biológicos

Diante da necessidade de cada vez mais ofertar e ter uma alimentação saudável, a Emater/RS-Ascar evidenciou durante a feira, em hortas demonstrativas, cultivos desenvolvidos com defensivos biológicos, com o objetivo de reduzir a utilização de produtos químicos, inseticidas, fungicidas, sintéticos. “O microbiológico é o que não se enxerga; são os fungos que controlam fungos, bactérias que controlam fungos e insetos, e macrobiológicos, como vespinha que controla a lagarta, bota o ovo dentro do ovo da lagarta e nasce outra vespinha, que é a traça do tomateiro, que é comum nesse tipo de cultivo. Então, a gente consegue ter esse controle através de uma forma de inimigo natural”, explica o engenheiro agrônomo Assilo Martins Corrêa Jr, da Emater/RS-Ascar. Na feira, o público pôde conferir o resultado de um plantio de tomate feito em estufa, totalmente com controle biológico, e também a céu aberto, em que foi feita a aplicação de um misto de produtos químicos e biológicos. Assilo destaca que o sistema é, em algumas ocasiões, mais eficaz do que com aplicação de defensivos químicos, combatendo larvas, por exemplo. “Com os microbiológicos estará sendo realizado o repovoamento do ambiente desequilibrado, combatendo o inimigo ao natural.”

Os produtos biológicos já estão no mercado; no entanto, Assilo comenta que há uma certa resistência ainda do produtor, devido ao fato de o investimento, de imediato, ser maior do que com defensivo químico. “Mas vale lembrar que com o microbiológico têm se produto 100% natural e não é necessária reaplicação. Em áreas maiores ainda é uma realidade um pouco distante, mas já vi lavouras inteiras de soja terem sido cultivadas com biológicos, o que demanda um grande investimento, mas, com certeza, é um grande avanço.” 

Programa visa a defesa da soja ao longo do ciclo produtivo

De olho na proteção da lavoura de soja ao longo de toda a cadeia, a Basf apresentou na Expoagro Afubra 2025 uma iniciativa criada para atender as necessidades dos agricultores e contribuir para o maior potencial produtivo da lavoura.

Trata-se do Escudo Verde, um programa composto por três fungicidas (Belyan , Blavity e Keyra) que defendem a cultura das principais doenças que acometem etapa por etapa do ciclo produtivo. Cada uma atende um momento específico para atuar de forma estratégica.

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O trio oferece, por exemplo, proteção do início ao fim da colheita contra a ferrugem asiática. Provocada por um fungo, é considerada uma das patologias mais impactantes, podendo resultar em até 90% de danos, a depender do local de produção.

Combinação de fungicidas garante maior eficiência na colheita

Também defende a cultura contra a mancha-alvo, que resulta na queda precoce das folhas e impacta a produtividade. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), se não controlada, é capaz de afetar 40% das plantações. 

Vista como uma das que mais afeta a sojicultura no País, se manifesta em áreas com maior temperatura e umidade. É, sobretudo, um risco aos produtores de plantio direto, por ser disseminada a partir da contaminação de sementes e do resto de culturas que integram a entressafra, afetando da planta até a raiz. 

O Escudo Verde também garante a proteção contra a cercosporiose, doença fúngica que, assim como as demais, é encontrada em todas as regiões do Brasil, com maior risco em áreas com predomínio de calor e umidade. Torna-se uma preocupação na proximidade da colheita, período em que a lavoura fica mais suscetível às doenças de final de ciclo, afetando os efeitos de fotossíntese da soja, fazendo com que os grãos contaminados não alcancem o tamanho e o peso ideal para a comercialização.

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A representante da Basf, a engenheira agrônoma Kemili Melo, explica que o programa começou a ser desenvolvido há três anos no intuito de oferecer o controle da cultura da soja. “O que queremos entregar com essa solução é a oportunidade de o produtor garantir que, ao longo do período do ciclo da cultura, tenha uma lavoura bem estabelecida e segura”, destaca.

Para o Escudo Verde, apresentaram uma tecnologia a partir de pesquisas e desenvolvimento de moléculas, no intuito de tornar-se uma estratégia mais robusta de controle e também de segurança. 

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