Santa Cruz começa o ano com saldo positivo na abertura de empresas

O primeiro bimestre de 2025 evidenciou uma característica que tem sido ampliada em Santa Cruz do Sul. O município teve o melhor início de ano na registro de empresas da década. Foram 695 novas, de acordo com a base de dados do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). O saldo, quando são levados em consideração os números de aberturas e fechamentos, ficou em terceiro nos últimos dez anos, com resultado positivo de 319.

Com os registros feitos em 2025, o município chegou a um estoque de 19.598 CNPJs. O setor com maior representatividade, assim como aparece nos números do Rio Grande do Sul, é o do comércio varejista de vestuário. São 853 estabelecimentos, seguido por obras de alvenaria, 787, cabeleireiros e manicures, 688, promoção de vendas, 557, e preparação de documentos, 383.

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A tendência de formalização das empresas é percebida ao observar os números da última década, em Santa Cruz. Nos dois primeiros meses de 2016, por exemplo, foram 259, com fechamento de 120. O pior início de ano foi em 2018, quando abriram 368 e fecharam 817, registrando o único saldo negativo do período.

O melhor acumulado em janeiro e fevereiro foi em 2021, quando houve registro líquido de 385 empresas santa-cruzenses. São considerados, nesses números, desde microempreendedores individuais até grandes estabelecimentos ou suas filiais.

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Nos 16 municípios da região acompanhados pela Gazeta do Sul, apenas dois tiveram saldo negativo no período avaliado. Gramado Xavier e Vale Verde registraram um fechamento a mais do que as aberturas, em 2025. Santa Cruz do Sul liderou com acumulado de 383, seguido por Venâncio Aires, 131; Candelária, 48; Rio Pardo, 40; e Vera Cruz, 38.

Múltiplas explicações para a formalização

O aumento no número de registro de empreendimentos pode ser percebido quando são analisados os últimos dez anos. A economista e vice-reitora da Universidade do Vale do Taquari (Univates), Cíntia Agostini, entende que há diferentes explicações para essa percepção.

Uma delas é a formação, inclusive educacional, cultural. “Durante muito tempo tínhamos uma perspectiva de que os bons profissionais eram empregados. Não se estimulava a abertura de novos negócios”, destaca. Esse conceito fazia com que se buscasse a longa permanência na mesma empresa.

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O mundo passou a viver um novo ciclo com incentivo ao empreendedorismo na década de 1970. No Brasil esse conceito chegou no início dos anos 2000, quando se dissemina o conceito de empreendedorismo. “Para termos ideia, a Univates coloca uma disciplina de empreendedorismo em todos os cursos”, relembra.

Outro fator é reflexo dos ciclos econômicos de crises, quando as pessoas perdem o emprego. Diante da situação procuram fazer o seu próprio negócio. “Quando a gente tem momentos de crise, tem aí momentos que as pessoas acham oportunidades em ter os seus negócios. Não só isso, elas começam a ter uma renda extra com alguma outra atividade”, explica. Cíntia reforça que essa constatação foi evidente no período de pandemia de coronavírus, quando se buscou uma segunda atividade que, em muitos casos, virou negócio principal.

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O terceiro movimento que estimulou a formalização de pequenos negócios, cita a economista, é o mecanismo microempreendedor individual. “Com essa facilidade, muitos negócios foram abertos”, afirma.
Assim, o número de empreendimentos é variável, com ciclos de fechamento e de abertura, que ocorrem de acordo com as oportunidades e, no caso das aberturas, conforme a necessidade. “Hoje, esse número que estamos vendo é resultado dos ciclos, sim, de necessidade, mas muito mais de oportunidades”, explica.

As oportunidades seriam as consequências da mudança cultural e de condições socioeconômicas. Elas possibilitaram as modificações nas relações de trabalho, que se tornaram mais flexíveis. “Hoje, eu não preciso necessariamente ser um empregado com carteira assinada, eu vou ser um parceiro de negócio e vou trabalhar com a minha empresa. Isso vai possibilitar eu ser parceira daquele ou de outro negócio, como é o contexto das assessorias, das consultorias”, cita.

Município cria mecanismos para incentivar negócios

O potencial atrativo de Santa Cruz do Sul para o desenvolvimento de novos negócios é considerado um ponto positivo pelo secretário do Desenvolvimento Econômico e Inovação, Leonel Garibaldi, para os registros apresentados pelo Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas. Ele acredita, porém, que o momento econômico pode ser favorável ao empreendedorismo, como a recuperação pós-enchentes históricas e a busca por novas oportunidades de negócios.

“Além disso, o aumento do acesso à tecnologia e a digitalização dos processos têm facilitado a formalização de empresas. A confiança do empresariado na economia local, somada à adaptação das políticas públicas e apoio a novos empreendimentos, também pode ter impulsionado esse crescimento”, avalia.

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Como forma de auxílio à abertura e ampliação de empresas, o secretário destaca o respaldo legal, por meio da lei de 2011. Acrescenta que a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Inovação oferece uma série de facilidades para a formalização de negócios, como o apoio a pequenos empreendedores, acesso a linhas de crédito, isenções fiscais e suporte em questões burocráticas. “Nesse sentido temos os serviços da Casa do Empreendedor e Banco do Povo. Também posso citar as estruturas oferecidas no Parque Tecnológico Gauten para empreendedores que tragam soluções inovadoras em suas atividades”, enumera.

Mas, assim como encontram um mercado potencial, os empreendedores deparam-se com dificuldades, como a alta carga tributária e a instabilidade econômica, que são apontadas pelo secretário como fatores que influenciam o fechamento de muitas empresas. “O Município tem implementado políticas de apoio à manutenção, como programas de capacitação profissional e orientação empresarial, como o Qualificação RS, que será realizado em parceria com Senai e Senac e logo iremos divulgar as novas turmas”, adianta.

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