Santa-cruzense apresenta projeto voltado ao autismo; saiba detalhes

A santa-cruzense Adriele Gabriela Carvalho Vargas, de 29 anos, criou no início deste ano o projeto “Tem autista no mar”. O intuito é implantar no Litoral formas de identificação e atendimento digno e humanizado de pessoas dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Atualmente, a forma de identificação de autistas no País é apenas por meio de um cordão com crachá. Mas pensando no calor, praia e no incômodo que o acessório pode causar, Adriele criou o projeto que apresenta três formas de identificação de famílias com autistas na área pública da faixa de areia: um bracelete lavável, bandeiras a serem fixadas na areia ou guarda-sol com cores e símbolos de identificação do autismo.

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“Precisamos da identificação do autista em uma região para que as pessoas no entorno saibam que ali tem uma criança com TEA, para que a família se sinta mais segura e para que os guarda-vidas consigam identificar a longa distância um local de alerta, porque ali tem um autista, e assim possam dar uma atenção especial”, explica. Segundo ela, a proposta envolve a comunidade, o serviço público e as famílias. 

Adriele apresentou a ideia para a Prefeitura de Torres e discutiu, especialmente com a Secretaria de Desenvolvimento Social, a implantação do que, segundo ela, torna esse período na praia mais digno e humano. 

Além do projeto apresentado ao poder público de Torres, Adriele levou à coordenadora estadual do TEAcolhe do governo do Estado, Fernanda Mielke, a sugestão de ampliar o projeto para todo o Litoral gaúcho, além de capacitar as forças de segurança, principalmente os guarda-vidas e equipes de resgate, a fim de identificar e abordar autistas em situações de risco. 

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Segundo Adriele, o projeto foi bem recebido pelo poder público e deve ser encaminhado e discutido com as demais secretarias estaduais para uma possível implantação. “Não consigo ver um problema, uma dificuldade na implantação, porque inclusão é isso. E o poder público precisa promover essas iniciativas. A inclusão é um direito e não um favor”, reitera.

Dificuldades foram a inspiração para o projeto

A ideia surgiu após enfrentar diversos desafios com o sobrinho Bernardo, de 5 anos, em férias no Litoral. Ele tem grau de suporte 3 (o nível mais grave do transtorno). Durante uma semana na praia de Torres com a família, Adriele viu de perto as dificuldades enfrentadas pela criança e seus pais. “Ele só queria ficar dentro da água, mas não demonstra dor, fome, frio, calor, sentimentos. Então, para tirar ele, era muito difícil, porque toda vez que tirávamos, ele se desregulava, gritava muito, chamando muita atenção das pessoas. Jogava areia nas pessoas, chutava os castelinhos. E aí começa o constrangimento com os comentários, os olhares preconceituosos, as pessoas saindo da nossa volta”, conta Adriele. 

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Segundo ela, por Bernardo possuir um distúrbio de neurodesenvolvimento, apresenta uma aparência saudável, sem ser perceptível por outras pessoas o problema, tornando as situações cotidianas difíceis. “A rotina com ele é muito difícil, pois ele não fala, não gosta de tirar foto, carinho somente do pai e da mãe. Então, as férias, por exemplo, que é para ser um momento especial no ano, um período de lazer e alegria para família, acabam se tornando um momento de sofrimento. Porque os pais ficam constrangidos e apreensivos”, observa.

Em uma ocasião, Bernardo foi atingido por uma água viva e ao ser levado aos guarda-vidas, eles não souberam como conduzir o atendimento. “Eles não têm formação específica para isso, e precisariam estar atentos, treinados para isso e também para atendimentos como de próprio risco de afogamento destas crianças especiais, que facilmente se assustam e podem fugir em direção ao mar”, atenta Adriele. 

Quem é Adriele?

Mãe, advogada e tia de dois autistas, Adriele é uma das criadoras do projeto Girassol (primeiro Centro Municipal de Atendimento ao Autista), referência em atendimento humanizado, com espaços adaptados e acolhedores dentro do serviço público. Ele foi constituído por meio de uma longa caminhada com a Luz Azul e famílias e a arrecadação de recursos com a iniciativa privada. A partir disso, a caminhada por alcançar avanços e políticas públicas voltadas a autistas passou a ser ainda mais incisiva. 

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