Livro a ser lançado na quinta-feira traz histórias de luta, esperança e superação

Gratidão e alegria de viver. É o que externam as 45 mulheres de Santa Cruz e de cidades vizinhas, integrantes do grupo Empodera, e que em 139 páginas de livro relatam, de forma resumida, os piores e, ao mesmo tempo, os melhores momentos de sua vida. Do diagnóstico ao tratamento, o sofrimento, a dor física e, principalmente, emocional para a superação, o apoio e a nova vida encontrada junto à família, ao grupo e consigo mesmas, são jornadas narradas por cada uma nesta obra, que será lançada na próxima quinta-feira, 27. 

Intitulado Quando o câncer bate à porta: histórias de luta, esperança e superação, o projeto foi coordenado e organizado por Nadiane Nardi, que, a partir de experiência pessoal, lançou a ideia, abraçada pelas integrantes do grupo que coordena. “Minha mãe, que lutou contra um câncer, gostava muito de escrever e deixou vários textos sobre sua jornada durante o tratamento”, conta. “A partir destes textos, tive a ideia de cada paciente escrever sua história, relatando os melhores e piores momentos, a sua relação consigo mesma, com seu exterior e interior, com familiares e amigos, e a experiência com todo o tratamento e tudo que modifica a vida da mulher neste período.”

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Produzida pela Editora Gazeta, a obra reúne relatos das pacientes com o objetivo de acolher e partilhar com outras mulheres os sentimentos vivenciados. “Como nos encontros do grupo temos uma troca de experiências muito grande entre as mulheres, percebemos que, contando a nossa história, poderíamos atingir muitas outras mulheres, não só daqui de Santa Cruz e da região, mas de outros lugares, que iriam se sentir acolhidas e correspondidas em seus sentimentos lendo a experiência de mulheres que já passaram por isto e conseguiram superar”, explica Nadiane.

Ela é fundadora e coordenadora do projeto Empodera, que nasceu há sete anos e é formado por um time de embaixadoras (mulheres que tiveram o diagnóstico de câncer ou estejam em tratamento ou pós-tratamento oncológico), que acolhem outras mulheres que estão passando pelo processo. O projeto é desenvolvido no Hospital Ana Nery desde 2018 e em 2022 passou a contar com o apoio da Unimed VTRP.

Os encontros são semanais, e acontecem no Hospital Ana Nery e no auditório da Unimed, onde são trabalhadas as questões de bem-estar, emocionais e de autoestima, bem como palestras e workshops com diversos profissionais da saúde e parceiros, sempre visando o bem-estar físico e emocional das pacientes.

Depoimentos

A primeira do Empodera

Moradora do Bairro Bonfim, Carmen Lúcia Vieira, 57 anos, foi a primeira integrante do Grupo Empodera. A agressividade do câncer de mama e a metástase no fígado lhe apresentaram a dor mais forte e também a verdadeira alegria de viver. “Eu sofri muito, mas sempre dizia para a médica: enquanto tiver um fio de chance, eu vou lutar, porque eu quero viver.” Carmen descobriu a doença em 2016, passou pelo tratamento com quimioterapia em 2017 e, desde então, toma um imunoterápico. Para ela, o pior momento foi a retirada da mama. “Eu perdi o cabelo, passei a usar lenço, engordei, fiquei bastante inchada, depois perdi 15 quilos, mas o mais doloroso foi quando teve que ser tirada minha mama. Quando me olhei e vi um pedaço faltando, eu desabei. Uma dor inexplicável”, relembra. Mas, ao mesmo tempo, Carmen celebra a volta por cima, que alcançou com o apoio do grupo, do qual foi a primeira integrante, e também a partir do início da reconstrução da mama. “Hoje, me sinto uma vitoriosa, uma poderosa, me amo do jeito que sou. Temos que nos amar como somos e viver o dia de hoje, ser grata pelos momentos e pelas coisas mais simples que possam parecer.”

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A dor compartilhada

Maria Cristina Pereira Soares, 66 anos, do Bairro Independência, sabe bem da dor sentida pela companheira de grupo. Pois foi o intenso choro de tristeza que a levou para junto do Empodera. “Eu chorava tanto na sala do médico, até que ele me falou do grupo. E com elas me encontrei, porque eu achava que o meu era o pior caso e lá enxerguei que não era a única, que havia outras pessoas que passavam pelo mesmo problema, e elas entendiam o meu sofrimento. E, juntas, choramos o mesmo choro. Mas também juntas somos mais fortes”, destaca Maria Cristina. Ela descobriu o câncer de mama em 2021 e finalizou o tratamento em 2023, após passar por oito sessões de quimioterapia branca e oito vermelha, que, segundo ela, foi a pior etapa do processo. “É uma dor que tira o chão; não é física, é da alma. Surgem os questionamentos de porque eu, porque bateu à minha porta.”

Nadiane Nardi coordenou o projeto editorial

Produzir o livro foi um desafio imenso, segundo Nadiane Nardi. “Não imaginava e nem entendia todo o processo que está por trás da escrita e da produção de um livro. Achei que iria ser fácil, mas, no decorrer, vi que cada etapa era complexa e muito importante e que precisaria ir com calma”, enfatiza ela. E salienta que outro fator que influenciou muito na produção foi o sentimental. “Pois o livro é pura emoção, é um sonho, para todas as mulheres participantes do livro e para mim também, que pude retratar a história da minha mãe. Por isso, o sentimento de realização e de orgulho pelo projeto realizado é partilhado por todas.”

O lançamento do livro será realizado na quinta-feira, 27, a partir das 18h30, no Shopping Germânia. No local, haverá sessão de autógrafos com as co-autoras e também venda da obra, ao valor de R$ 45,00. Os recursos arrecadados com a comercialização do primeiro lote serão destinados para os cobrir os gastos com a produção; e valores de vendas posteriores serão investidos em ações do Projeto Empodera.
“Quem estiver adquirindo o livro com certeza terá uma leitura elucidativa do tema, de uma forma verdadeira e, ao mesmo tempo, leve. É uma experiência que irá transformar sua visão da doença e ainda ajudará muito o nosso projeto”, destaca Nadiane Nardi.

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