Idosa de 90 anos será despejada de casa na zona rural de Paraibuna (SP) após decisão da Justiça


Maria Benedicta vive há mais de três décadas no terreno, adquirido por 400 cruzados novos, ainda no fim da década de 1980. Maria Benedicta vive a incerteza de saber onde vai morar após reintegração de posse em Paraibuna, SP
Reprodução/TV Vanguarda
Aos 90 anos de idade, Maria Benedicta, que viveu boa parte da vida em Paraibuna, no interior de SP, agora vive a incerteza de onde irá morar. Isso porque ela sofreu um revés na Justiça após uma ação da Companhia Energética de São Paulo (CESP) para reintegração de posse no local onde ela mora.
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Há 35 anos ela reside em uma casa simples, que foi construída pelas próprias mãos da idosa, com paredes de bambu e barro, sem alvenaria.
O pedaço de terra foi adquirido pela idosa em 1989. À época, o espaço foi adquirido por 400 cruzados novos.
No entanto, as terras foram desapropriadas ainda na década de 1970 pela Eletrobrás, que era a empresa responsável pela represa de Paraibuna. A CESP adquiriu as terras em 1991.
O processo corre na Justiça desde 2014. De lá para cá, a Justiça decidiu que Maria Benedicta deve deixar as terras até este domingo (28).
Recibo da compra de Maria Benedicta, em Paraibuna, SP
Arquivo pessoal
A casa de Maria tem dois quartos, uma cozinha e um banheiro. A residência fica localizada em uma área total de mais de 26 mil metros quadrados.
Maria Benedicta foi trabalhadora rural a vida toda e atualmente vive de uma aposentadoria, com um salário-mínimo. Ela tem 11 filhos e mais de 30 netos, que se revezam para ajudá-la.
“Aqui, quando eu vim, era tudo mato. A gente trabalhava em fazenda, tirava leite aqui, lá. Eu falei pro meu marido: vamos dar um jeito e comprar um pedaço de chão para fazer uma casinha pra gente morar”, relembra Maria Benedicta.
Segundo a idosa, a construção da casa, há quase quatro décadas, foi sofrida.
“Vendi porco, vendi vaca que eu tinha, geladeira que eu tinha, fui juntando um dinheirinho e conseguimos comprar um pedacinho de chão aqui. Era um pasto. Sofremos até para trazer bambu para fazer a casa aqui”.
Casa onde Maria Benedicta vive atualmente em Paraibuna, SP
Reprodução
Em entrevista à Rede Vanguarda, a neta de Maria Benedicta, Cláudia Alves, disse que a família está tentando reverter a decisão da Justiça.
“Todos foram pegos de surpresa porque chegaram simplesmente com data de 20 dias para ela sair. A família ficou toda desesperada, perdida, porque é o cantinho dela. É um apego emocional. É uma história de mãe, de vó. Do nada chegaram e disseram que ela tinha 20 dias para sair. Estamos tentando fazer algo para que isso mude”, explicou.
Em nota, a CESP disse que a reintegração foi determinada pela Justiça e que preza pela reintegração pacífica, com respeito aos direitos e garantias de todos os envolvidos. Veja a nota na íntegra:
“A CESP, Companhia Energética de São Paulo, operadora temporária da Usina Hidrelétrica Paraibuna, informa que a reintegração de posse foi determinada pela justiça, em trâmite na Vara Única da comarca de Paraibuna desde 2014. A CESP preza pela reintegração pacífica, com respeito aos direitos e garantias de todos os envolvidos, reafirmando seu compromisso com a responsabilidade social e ambiental, priorizando a segurança e o cumprimento das normas. O imóvel em questão foi desapropriado pela União na década de 70, para formação do reservatório da Usina Hidrelétrica Paraibuna. Portanto, está vedado o uso da propriedade pública para habitação domiciliar”.
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