Ariranhas ‘dançam’ para marcar território; entenda comportamento flagrado em vídeo


Câmeras de monitoramento registraram os mamíferos na reserva Reserva Amanã, no Amazonas. Ariranhas ‘dançam’ para marcar território; entenda comportamento
Câmeras de monitoramento flagraram nos últimos anos ariranhas durante um comportamento curioso em uma área da Reserva Amanã, no Amazonas, no meio do caminho entre Manaus e a Colômbia.
Nas imagens é possível notar os mamíferos, que passam a maior parte do dia na água, mas também ficam em terra firme para descansar e dormir, mexendo as patas em movimentos que lembram uma dança. Mas o que eles estavam falando?
“Esse comportamento é uma maneira de marcar o território. Todos os indivíduos do grupo fazem as fezes e xixi no mesmo local/momento e espalham dessa forma. É uma forma de marcação do território para que outros grupos de ariranhas saibam que o local já tem dono”, explica a bióloga Karen Carolina da Silva que faz parte do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto Mamirauá.
As manchas no pescoço possibilitam a identificação dos indivíduos
Mateus Rauber/iNaturalist
A pesquisadora monitora ariranhas da região para identificar os grupos, calcular área de vida, comportamento, dispersão, aumento da população (nascimento de filhotes), ameaças, conflitos com pescadores, entre outros fatores.
A identificação se dá através das manchas no pescoço, já que cada indivíduo tem um padrão de mancha. As ariranhas são endêmicas da América do Sul, ocorrendo países como Argentina, Bolívia, Colombia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai, Venezuela e Brasil. A maior área de ocorrência é na Amazônia e Pantanal.
Apesar do Brasil deter a maior parte da área de distribuição da espécie, o país carece de informações quantitativas das ararinhas, já que, segundo Karen, não há informações suficientes para permitir estimar o tamanho da população de ariranhas no território.
A dieta das ararinhas é composta principalmente por peixes
Fernando Farias/iNaturalist
“Estimativas populacionais recentes são limitadas a alguns locais no Pantanal e na Amazônia, onde há indicações de populações na fase de recuperação. A população total sofreu uma redução drástica entre 1935 e 1980, principalmente devido à caça ilegal para o comércio de peles”, ressalta.
Levantamentos realizados no Pantanal indicam que a população das ariranhas pode chegar a cerca de 4.000 indivíduos no bioma. Desde 1967 a caça é proibida, mas atualmente esses animais enfrentam outras ameaças ligadas às interações antrópicas, como desmatamento, assoreamento de rios, pesca excessiva e incêndios.
Família de ariranhas se alimenta na beira do rio
Natal Cândido da Silva/ Vc no TG
Por conta disso, no Brasil as ariranhas estão em dois planos de conservação: o Plano Nacional de Conservação dos Mamíferos Aquáticos Amazônicos e o Plano Nacional de Conservação da Ariranha, sendo este último exclusivo para a espécie.
Há também uma mobilização de outros países para a criação de 22 Unidades de Conservação Prioritárias para as ariranhas do Norte da Argentina até a Venezuela, que cobrem 28,79% da extensão histórica estimada da espécie.
Vídeos: Destaques do Terra da Gente
Veja mais conteúdos sobre natureza no Terra da Gente
Adicionar aos favoritos o Link permanente.