Governo mostra cautela sobre mistura maior de etanol e biodiesel

A elevação da mistura de etanol anidro na gasolina e de biodiesel no diesel fóssil dependerá de uma estabilidade dos preços que envolvem as culturas de milho, cana-de-açúcar e soja, afirmou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, nesta segunda-feira.

Uma proposta para elevar a mistura de etanol anidro na gasolina de 27% para 30% deverá ser levada ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) ainda neste ano, segundo o ministro, evitando dar um prazo exato, uma vez que dependerá de uma análise dos preços dos alimentos.

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O aumento da mistura do etanol é amplamente aguardado pelo setor agropecuário, uma vez que deverá impulsionar a demanda pelo biocombustível, e dependia de testes que aprovassem a sua viabilidade, o que foi confirmado pelo ministério nesta segunda-feira.

Mas o prazo em que isso será discutido no CNPE, segundo Silveira, dependerá de uma análise dos preços dos alimentos.

“Nossa prioridade é comida barata na mesa do povo brasileiro. Nós estamos sendo prudentes para que a gente estude a curva dos preços”, afirmou o ministro, a jornalistas, após participar de cerimônia de apresentação dos resultados dos testes de viabilidade da mistura conduzidos pelo Instituto Mauá de Tecnologia (IMT).

“Nós estamos colocando essa prudência de prazos. Se não fosse isso, nós já colocaríamos na primeira reunião do CNPE.”

Dessa forma, o ministro também não deu um prazo exato para a mistura ser eventualmente alterada. O setor tinha expectativa de que isso pudesse ocorrer em 2025 ainda.

Os preços ao consumidor também são uma preocupação para a mistura do biodiesel no diesel comum, segundo Silveira. Em fevereiro, o CNPE decidiu manter a mistura de biodiesel no diesel em 14% a partir de março, em vez de elevar a 15% conforme previsto anteriormente, uma vez que o aumento da mistura do biocombustível poderia elevar preços na bomba.

“A hora que essa indústria se readaptar e o preço novamente voltar a ter um parâmetro que nós entendemos que vale a pena pagar pela sustentabilidade, a gente retoma B15, espero que B16, que B17, até B25”, disse Silveira a jornalistas.

INDEPENDÊNCIA DA GASOLINA

Em seu discurso, nesta segunda-feira, Silveira destacou que a ampliação da mistura do etanol na gasolina permitirá que o país se torne independente de importações do combustível fóssil e que os preços do combustíveis vão cair na bomba.

Em nota, o ministério afirmou que a estimativa é que a ampliação da mistura permita uma redução de preços de até R$0,13 por litro da gasolina, contribuindo para o controle da inflação.

“O E30 é seguro para nossa frota de duas e quatro rodas. Ele não prejudica o desempenho dos veículos. Ao contrário”, afirmou Silveira, ao citar os testes feitos pelo IMT.

Com a redução da demanda por gasolina, o ministro afirmou que o país vai se tornar independente de compras externas do combustível fóssil pela primeira vez desde 2010.

“Em 2024, o Brasil importou 760 milhões de litros de gasolina. Agora, com o E30, vamos exportar. Haverá um aumento de 1,5 bilhão de litros por ano na demanda por etanol”, afirmou Silveira.

“Vamos nos livrar das amarras do preço de paridade internacional. O preço da gasolina será o preço de competitividade interna. Isso é redução da inflação”, destacou.

Silveira destacou ainda que o país irá “aproveitar o aumento da oferta de etanol de milho”, cuja produção tem crescido nos últimos anos, garantindo crescimento da oferta em 2024/25, mesmo numa condição de menor oferta de etanol de cana.

A legislação brasileira permite ampliar o limite de etanol na gasolina para até 35%, desde que comprovada a viabilidade técnica, segundo reiterou o Ministério de Minas e Energia em nota nesta segunda-feira.

Os testes de viabilidade foram conduzidos pelo Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) e acompanhados por diversos setores, incluindo associações do setor automotivo, como Anfavea, Sindipeças, Abraciclo e Abeifa, segundo o ministério.

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