Qual é a maneira correta de congelar alimentos?

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos, encomendada pelo Nubank, revelou que os brasileiros possuem apenas 26% de tempo livre durante a sua vida. O trabalho, os cuidados com a casa, o sono e o descolamento ocupam uma porcentagem de, em média, 74% de sua existência. Nesse cenário,  economizar algumas horas do dia no preparo da alimentação pode ser uma vantagem.

De acordo com outra análise, desta vez realizada pela consultoria em food service Galunion, em 2023, pelo menos 53% dos brasileiros cultivam a prática de congelar alimentos. O mesmo estudo também apontou que 65% de seus entrevistados optam por essa prática pela economia financeira, enquanto 51% preferem preparar alimentos e congelá-los para assegurar  uma refeição saudável na semana e 34% afirmam ganhar tempo com o congelamento de marmitas.

Para além do preparo, o mercado de compra e venda de marmitas congeladas também observou uma grande ascensão, principalmente no período da pandemia da Covid-19: números levantados pelo Sebrae em parceria com a Receita Federal constataram que 300 mil marmitarias foram abertas no período de 2020 a 2023. 

Suyan Lobo Alexandre, nutricionista com especialização em segurança de alimentos há mais de 20 anos e experiência em auditorias de empresas como McDonald’s, Madero e Qualisan, afirma que é natural que o congelamento das marmitas venha ganhando força, principalmente, por sua praticidade e maleabilidade na rotina dos brasileiros.

“O congelamento é uma das formas mais eficazes de preservar alimentos por mais tempo, mantendo grande parte de suas qualidades nutricionais e sabor, ajudando até na redução de desperdício. Pensando nisso, congelar marmitas durante a semana tem se tornado uma prática muito popular, especialmente pela facilidade de planejamento das refeições”.

Isabelle Santana, graduada em nutrição pela UNIRIO com especialização em Nutrição Clínica Funcional; além de Mestrado e Doutorado em Ciência dos Alimentos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, afirma que a prática de congelamento de alimentos vem ganhando notoriedade também pelo seu aspecto natural e, em sua maioria, saudável.

“A prática de congelar alimentos favorece a praticidade, a conveniência e o planejamento das refeições”, destaca Isabelle. “O congelamento não necessita de aditivos alimentares — como conservantes — visto que ocorre pelo frio. Por isso, as perdas nutricionais são mínimas e podem ser ainda menores com as técnicas corretas”.

Parece, então, que congelar os alimentos pode ser a chave para uma rotina mais saudável, não é mesmo? Mas, afinal, qual é a maneira correta de incluir esse preparo no dia a dia?

Congelando do jeito certo

As principais precauções ao congelar alimentos incluem embalagem adequada, branqueamento de vegetais, evitar descongelamento, assim como o recongelamento e garantir a temperatura correta do congelador. De acordo com Suyan Lobo: “Ao seguir essas precauções, você consegue preservar a qualidade nutricional e sensorial dos alimentos, além de manter sua segurança alimentar”. E complementa:

“Para preservar melhor os nutrientes e a textura, é importante que os alimentos sejam congelados o mais rápido possível após o preparo, sem passar por longos períodos de exposição ao calor ou à temperatura ambiente”.

Já Isabelle ressalta que existem certas precauções a serem tomadas nos alimentos que são congelados, como a atenção ao prazo de validade em que ele pode ficar dentro e fora do congelador:

“Este alimento deve estar apto para o consumo — não pode ser a comida que está próxima da data do vencimento, e que você vai congelar para estender sua vida útil. Existem alimentos que já são adquiridos congelados — por exemplo as carnes, lasanhas pré-prontas, pães de queijo, etc. — e a data de validade presente na embalagem é referente ao alimento como ele foi adquirido, ou seja, em congelamento. Se ele permanecer congelado, você deve respeitar esse prazo de validade”.

Além disso, a médica completa, “Se o alimento — seguindo o exemplo da carne — for descongelado, você tem um tempo máximo de até 3 dias para consumi-lo, sem poder colocá-la de volta no congelador crua. Agora, se a comida for descongelada, cozida e ‘recongelada’, ela pode se manter até no máximo 3 meses no freezer”.

Para alimentos que não são adquiridos congelados, Isabelle explica que as regras para o tempo de consumo podem variar. “Para alimentos adquiridos refrigerados no mercado — como os queijos, por exemplo — a data de validade também é baseada no formato que ele foi adquirido. Contudo, se o alimento em questão é apto para o congelamento, isto é, não perder sua textura, você estende o prazo de validade dele a partir do momento que o congela. Cada tipo de alimento possui um tempo de validade após o congelamento, no entanto, o período de segurança para o consumo é de até 3 meses”.

Além disso, é essencial higienizar os alimentos como frutas, legumes e leguminosas com muito cuidado, e evitar ao máximo o contato da comida com o ar. Para isso, é importante ficar de olho na escolha da embalagem.

Marmitas

Qual é a maneira correta de escolher embalagem de marmita? (Foto: Freepik)

Qual embalagem deve ser utilizada para congelar alimentos?

Seja qual for o exemplar da marmita escolhida, tanto Suyan quanto Isabelle destacam que existem precauções universais a serem tomadas com os alimentos congelados — independente de onde eles estejam armazenados.

“Existem embalagens que suportam tanto a temperatura do freezer, quanto evitam o contato do alimento com o ar”, explica Isabelle. “No congelamento, se usam muito os potes à vácuo ou aqueles que não se quebram com as baixas temperaturas do congelamento, e essas são as ideais. Além disso, etiquetar o que está acondicionado, bem como o prazo do alimento congelado, também é muito importante”.

Suyan destaca que as embalagens devem sempre estar bem vedadas — pois é justamente esse contato do alimento com o ar que pode prejudicar a sua qualidade. “Use embalagens herméticas, como sacos próprios para congelamento ou potes plásticos com tampas bem vedadas, para evitar o contato com o ar e a formação de cristais de gelo”, explica a especialista. “Para garantir o melhor aproveitamento, procure congelar as marmitas logo após o preparo e consumi-las dentro de um período adequado, sempre cuidando do armazenamento”.

Existem alimentos que não devem ser congelados?

Segundo a nutricionista Isabelle, esses são alguns dos alimentos que não devem ser congelados, pois têm a sua textura comprometida e, por causa disso, perdem qualidade sensorial:

  • Macarrão sem molho;
  • Hortaliças cruas;
  • Batata cozida ou frita (destaque para as batatas pré-fritas, geralmente encontradas em supermercados, que podem ser congeladas);
  • Tomate e Aipo se forem ser consumidos crus;
  • Vegetais folhosos se o objetivo do descongelamento é consumi-los crus;
  • Maionese;
  • Ovo cozido e/ou com casca;
  • Merengue

Por isso, Suyan ressalta que: “Ao preparar alimentos para congelamento, é importante verificar quais itens são mais adequados para esse processo e escolher a melhor técnica de armazenamento para preservar suas propriedades”.

Qual é o tempo máximo que um alimento deve ser congelado?

O tempo de congelamento de um alimento varia de acordo com suas propriedades, contudo, não deve ultrapassar o período de 12 meses.

Para carnes cozidas ou cruas, o período de congelamento não deve ultrapassar os 6 meses. Para os exemplares de boi, é possível congelar até 6 meses; para os exemplares de frango e/ou outras aves, se congela até 4 meses; para os exemplares de carne moída, até 3 meses e, por fim, as carnes ultra processadas — como salsichas e bacon — até 2 meses de congelamento.

Para peixes e frutos do mar, o tempo de congelamento varia de acordo com o tamanho: peixes gordos podem permanecer congelados até os 3 meses, enquanto peixes magros se mantém no congelador até 6 meses; no caso dos frutos do mar, o tempo no congelador não deve ultrapassar 3 meses.

Os vegetais cozidos ou blaqueados (ou seja, passados em água fervente) podem ser congelados por até 12 meses. Já os legumes frescos não são recomendados para o congelamento, pois podem perder sua textura e qualidade.

As frutas frescas podem ficar congeladas de 6 a 12 meses. Já o arroz cozido e as massas podem ser congelados por até 3 meses. Pães, bolos e tortas também possuem a validade de 3 meses dentro do congelador.

“O ideal é consumir as comidas  congeladas dentro dos 3 a 12 meses, dependendo do tipo de alimento, para garantir que eles mantenham suas qualidades nutricionais, sabor e textura”, explica Suyan.

Da geladeira para a bolsa

A edição 254 da Revista Proteste elaborou um guia de marmitas para te ajudar a escolher a melhor opção para você e sua rotina de transporte. E algumas dessas sugestões podem ser usadas já no armazenamento. Cada uma delas possui características adequadas para determinados tipos de rotina.

No caso das marmitas de vidro, os potes são ideais porque são mais fáceis de limpar, mais resistentes e mais capazes de manter a temperatura do alimento por mais tempo. Contudo, podem quebrar se inseridos no dia a dia de uma pessoa que fica muito tempo no trânsito, e que guarda a marmita na mochila, por exemplo.

As marmitas de plástico se destacam pelo seu preço mais acessível e pela diversidade de exemplares no mercado. Entretanto, de acordo com Suyan, é importante que o pote escolhido seja livre de BPA — isto é, livre de bisfenol A, componente presente em muitos potes de plástico. Além disso, vale ficar de olho em exemplares desse formato que não podem ir ao microondas.

Os potes de aço inox se destacam não só pela resistência, mas também por não reterem manchas e odores após o uso. Ainda são capazes de manter a temperatura da comida por mais tempo. Contudo, não podem ir ao microondas e podem ter um preço um pouco mais salgado.

As marmitas de silicone oferecem uma maior flexibilidade por conta de seu material — que é mais maleável sem perder a resistência. Além disso, muitos dos exemplares deste tipo de recipiente são dobráveis, o que economiza espaço na mochila. Apesar de serem seguras no microondas, é sempre importante conhecer o material do pote e se certificar de que ele pode ser esquentado. Você pode conferir todos os detalhes deste guia no nosso aplicativo para assinantes.

Qual é a melhor maneira de descongelar um alimento?

Existem alguns métodos ideais para descongelar alimentos:

  • Passar para a geladeira: o método mais seguro e eficaz para a maioria dos alimentos, especialmente carnes, aves e pratos prontos, já que mantém a qualidade e segurança alimentar;
  • Esquentar no micro-ondas: uma maneira rápida e prática para porções pequenas de alimentos já preparados. Contudo, deve ser usado com cuidado para evitar descongelamento desigual;
  • Inserção em água fria: Uma boa opção para descongelar rapidamente alimentos embalados. Devem ser mantidos em um saco vedado;
  • Fogão: Ideal para sopas, molhos e alimentos que podem ser cozidos diretamente do congelamento.

Neste cenário, Suyan destaca a importância da organização e planejamento na hora de congelar e descongelar marmitas: “Sempre que possível, planeje com antecedência e descongele os alimentos na geladeira. Isso garante a segurança alimentar e preserva a qualidade do alimento, especialmente para carnes e outros ingredientes sensíveis”.

Uma alternativa prática e saudável

O congelamento de alimentos vem ganhando cada vez mais espaço na rotina dos brasileiros, pois é a partir dele que é possível economizar tempo sem abrir mão da saúde. Por isso, se realizado da maneira correta, congelar marmitas para a semana pode ajudar — e muito — a sua vida saudável.

“Essas estratégias vão te ajudar a manter alimentos frescos e nutritivos por mais tempo, e ainda vão facilitar o seu dia a dia”, explica a especialista Suyan Lobo. “A chave está em organizar e planejar suas compras e preparações para garantir alimentos de boa qualidade, prontos para consumo sempre que necessário”.

Isabelle Santana completa: “A prática de congelar alimentos favorece a praticidade e conveniência, além do planejamento das refeições. O aspecto saudável pode ser garantido a depender de quais alimentos serão congelados”.

Segundo a nutricionista, algumas receitas são mais indicadas para a prática do congelamento. São elas:

  • Sopas;
  • Polpas de frutas;
  • Arroz, feijão e outras leguminosas (lentilha, grão de bico, lentilha etc.);
  • Pastas feitas com leguminosas (ex. Homus tahine);
  • Massas com molhos;
  • Carnes, Peixes e Aves;
  • Vegetais;
  • Molho de tomate caseiro.

Seguindo essas dicas, congelar suas marmitas para a semana vai ficar ainda mais prático, fácil e seguro para a saúde!

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