Estudo revela que a Terra já teve oceanos verdes há 3 bilhões de anos

Desde criança, nos acostumamos a desenhar o planeta Terra como um enorme globo azul e seus continentes. Mas como nem tudo que conhecemos hoje sempre foi assim, pesquisadores da Universidade de Nagoya, no Japão, concluíram que há bilhões de anos os oceanos, na verdade, eram verdes!

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Por mais utópico que um planeta esverdeado possa parecer, essa já foi a realidade da Terra, muito antes dos seres humanos pisarem por aqui. Antes de explicar como os estudiosos chegaram a essa conclusão, porém, é importante sabermos o motivo do nosso lar, atualmente, ter esse tom azul.

Foto: NASA no The Commons @ Flickr Commons/ Wikimedia Commons/ Reprodução

A coloração atual se deve a dois fatores. O primeiro deles é a água, que cobre 70% da superfície absorvendo a luz vermelha e refletindo a azul. O segundo fator envolve a atmosfera, que contém gases e partículas que dispersam a luz solar, com as azuis sendo mais dispersadas do que as outras cores.

 

Ou seja, a disseminação da luz do Sol na atmosfera somada à vastidão dos oceanos são os principais responsáveis pela cor azul da Terra vista do espaço. Sabendo disso, fica ainda mais intrigante o fato de todo esse globo, um dia, já ter tido outra cor.

O mundo há bilhões de anos

Na história, grande parte dos seres precisaram evoluir para se adaptar às mudanças do planeta. Atualmente, os organismos vegetais utilizam a clorofila (pigmento que absorve as luzes azul e vermelha e reflete a verde) para realizar a fotossíntese.

Foto: ESA/ Wikimedia Commons/ Creative Commons

Entretanto, antes da clorofila, as cianobactérias evoluíram para utilizarem um pigmento adicional chamado ficobilina, responsável por absorver as luzes vermelha e verde — o que não é eficiente nas condições climáticas atuais.

 

Logo, pintou a dúvida nos cientistas: se hoje essa habilidade não ajuda muito, em algum momento deve ter ajudado, certo? A partir daí, a ideia dos oceanos nem sempre terem a mesma cor ficou mais real. Afinal, como as cianobactérias evoluíram para usar este pigmento?

 

Pensando nisso, o novo estudo, liderado por Taro Matsuo, astrofísico da Universidade de Nagoya, no Japão, sugeriu que essa característica particular das cianobactérias fazia sentido há 3 bilhões de anos, quando os oceanos, de fato, tinham uma cor diferente do azul.

Como os oceanos ficaram verdes?

Há cerca de 3,85 bilhões de anos, no período Arqueano, a atmosfera do planeta era dominada por vapor d’água e dióxido de carbono. Essa mistura criava um ambiente ácido, que acelerava o intemperismo e a erosão das terras ainda áridas.

Floração de cianobactérias nas águas. Foto: Wikimedia Commons/ Creative Commons/ Reprodução

Logo, essa combinação de elementos fazia com que grandes quantidades de ferro fossem transportadas para os oceanos que, dependendo da carga iônica, sofria variações de cor — indo do marrom ao cinza e ao verde.

No estudo, os pesquisadores simularam as condições da Terra primitiva nessas determinadas condições e, com isso, analisaram como o ambiente da época afetava a cor dos oceanos. Segundo a simulação, o ferro com carga tripla, provavelmente, era o mais abundante nas águas, que resultava nos oceanos verdes.

 

Neste cenário, a evolução dos pigmentos fazia sentido. Afinal, as cianobactérias conseguem absorver a luz verde, assim, podiam captar a energia luminosa que não era absorvida pela água esverdeada — e, então, prosperavam mesmo em meio ao ambiente ácido.

Como os oceanos saíram do verde para o azul?

Segundo o estudo, as águas esverdeadas existiram há 3 bilhões de anos e perduraram por aproximadamente outros 2,5 bilhões. Durante esse período, as cianobactérias utilizaram a energia solar para dividir moléculas de água em hidrogênio e oxigênio.

Ilustração da Terra com oceanos verdes e do planeta atualmente. Foto: Ming Tang/UMD

Muito tempo depois, entre 2,4 bilhões e 400 milhões de anos atrás, o oxigênio livre começou a se acumular na atmosfera. Assim, esse elemento passou a reagir com o ferro dissolvido, formando depósitos de ferro sedimentar.

 

Porém, por ser insolúvel, este ferro foi sendo constantemente removido dos oceanos, indo parar no fundo do mar. Logo, a coloração do planeta foi se alterando gradualmente, até ficar azul como hoje, o que favoreceu o crescimento de algas que usam clorofila e à evolução das plantas verdes.

Floração de cianobactérias nas águas. Foto: Wikimedia Commons/ Creative Commons/ Reprodução

A descoberta dos oceanos verdes e como a cor da luz dos oceanos influenciou na transformação do mundo ajuda a entender como a vida na Terra se desenvolveu e, além disso, como a coloração de um planeta pode indicar a presença de vida.

 

Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida

 

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