Rio Acari, Projeto Iguaçu e Jardim Maravilha: saiba quais são os projetos no RJ contra inundações com os recursos do Novo PAC

Quatorze obras aqui no Estado do Rio foram aprovadas. O RJ2 conversou com moradores e especialistas. Rio Acari, Projeto Iguaçu e Jardim Maravilha: saiba quais são os projetos no RJ contra inundações com os recursos do Novo PAC
O governo federal anunciou nesta sexta-feira (26) os projetos que serão contemplados pelo Novo PAC– o Programa de Aceleração do Crescimento. No eixo de prevenção de desastres, são R$ 15 bilhões previstos no país. Quatorze obras aqui no Estado do Rio foram aprovadas.
Nesse número, foi incluído o projeto Iguaçu, que promete diminuir os alagamentos em cidades da Baixada Fluminense e também projetos para áreas que sofrem com enchentes aqui na capital: o entorno do Rio Acari, na Zona Norte e o Jardim Maravilha, em Guaratiba na Zona Oeste.
Recursos dos projetos do PAC no Rio:
Projeto Iguaçu – R$ 160 milhões;
Obras do Rio Acari – R$ 350 milhões;
Obras no Jardim Maravilha – R$ 340 milhões
Obras previstas para o Rio Acari e Jardim Maravilha
O Acari nasce na Zona Peste e se expande quando chega na Zona Norte, onde corta sete bairros. E é justamente nessa região onde acontecem os alagamentos.
Não é de hoje que o Acari passa por obras. Mas as intervenções que consumiram quantias milionárias dos cofres públicos ainda não alcançaram o efeito esperado.
Há obras no Rio Acari que não foram concluídas. Um dos projetos da prefeitura que não sairam do papel era criar bolsões para escoar a água e evitar que o Rio transbordasse. Agora, uma nova chance com o novo PAC.
A Prefeitura do Rio teve dois projetos contemplados no programa. São obras no Rio Acari e também no Jardim Maravilha, em Guaratiba.
No Rio Acari, o governo municipal disse hoje que pretende alargar trechos onde o rio é mais estreito, para que a água escoe mesmo em dias de tempestade.
O projeto prevê também a recuperação da área no entorno, pra garantir a estabilidade da margens e evitar erosão do solo.
A prefeitura quer criar áreas verdes que contribuam pra absorção da água.
“É importante que a gente também pense nas medidas não estruturais. Zoneamento correto do território. Pensar quais regiões devem ser prioritárias para serem ocupadas, quais não. Sistema de monitoramento das cheias, alerta pra população ficar ciente em que momento pode acontecer um desastre”, diz o professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da PUC-Rio, Antonio Krishnamamurti.
Hoje, o Rio Acari está passando por obras emergenciais em Honório Gurgel, onde um trecho da margem cedeu no temporal de janeiro. Mas quem mora por ali precisa que as intervenções venham pra mudar de vez a realidade.
A segunda região que vai receber investimentos virou sinônimo de alagamentos. No Jardim Maravilha, a prefeitura quer fazer intervenções inspiradas em projetos holandeses.
Pelo projeto, todo o loteamento vai ser cercado por um dique, que vai funcionar como uma grande barragem ao redor do canal que passa ao lado. Uma área próxima será um parque fluvial, um espaço de vegetação alagável.
O projeto prevê também a construção de reservatórios pra armazenar água da chuva.
A prefeitura não informou se nesses dois projetos há a necessidade de desapropriação de casas.
Projeto Iguaçu
O governo do estado disse que, com a inclusão do Projeto Iguaçu no novo PAC, “seguirá executando ações e programas preventivos para melhorar a qualidade de vida da população que vive nas regiões desses cursos d’água”.
A primeira fase do projeto inclui a elaboração dos projetos básico e executivo; trabalho técnico e social; requalificação dos Diques (Botas); e reforma dos equipamentos de limpeza e controle de vazão (Sarapuí).
Além disso, ainda segundo o governo, serão contratados projetos básicos e executivos para as localidades do Outeiro, do Pilar e do São Bento.
Expectativa dos moradores
A repórter Bette Lucchese foi até os bairros cortados pelo Rio Acari e conheceu famílias marcadas pelas constantes enchentes.
Uma das casas visitadas pelo RJ2 virou uma lanchonete. A dona não aguentou mais viver aqui depois da última enchente em janeiro.
A casa é confortável: sala, dois quartos, cozinha, banheiro. A vista da janela mostra que a casa foi erguida nas margens do Rio Acari. O irmão da antiga moradora mostra a altura em que a água chegou no último alagamento.
“Minha irmã perdeu tudo. Não sobrou nada, nada, nada. Aí foi morar com meus irmãos em São Paulo pra poder recomeçar a vida né”, diz o comerciante Francisco da Costa.
Já a diarista Maria Sélia Tomaz conta que tem visto muitos vizinhos deixarem a Rua Rodolfo Chambelland. EStá difícil superar os prejuízos, uma chuva depois da outra.
“Não comprei nada, nada nada [depois de perder em uma enchente]… Nem tenho vontade. Porque a gente fica com medo, de comprar e vir outra enchente. Medo é disso. Eu ia viajar no fim do ano, já não vou mais. Com medo. Conheço gente que viajou e chegou, a casa tava cheia”, diz ela.
Com o anúncio dos recursos do Novo Pac, moradores esperam que os problemas enfrentados há décadas se encaminhem para o fim.
“A expectativa é que esse dinheiro seja investido de forma correta. De forma certa, pra população do estado em geral, principalmente pra população das comunidades por onde passam rios como esse aqui, [os problemas são] tão antigos, que já causaram tanta catástrofe na vida de pessoas, levando vida, levando seus bens, várias e várias e várias vezes”, diz Vitor Cunha, intérprete de escola de samba.
“Eu espero que eles realmente apliquem no que o povo precisa. Não adianta prometer, dizer que vai fazer, começar a obra e parar no meio do caminho. O povo realmente precisa de solução”, diz a auxiliar de serviços gerais Vânia Lúcia.
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