Maior iceberg do mundo encalha e deixa de colidir com ilha

Era ainda 1986 quando o A23a, maior iceberg do mundo, se desprendeu da Antártica. Desde então, a plataforma de gelo com cerca de duas vezes o tamanho da cidade de São Paulo tem protagonizado momentos marcantes na natureza. No mais recente deles, o iceberg encalhou após quase colidir com uma ilha da Geórgia do Sul.

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No início de fevereiro, a movimentação do A23a preocupava cientistas e pesquisadores por colocar em risco a fauna de uma remota ilha da Geórgia do Sul, pertencente ao Reino Unido. Isso porque, caso o iceberg atingisse o local, colocaria seriamente em risco a vida de milhões de animais, como pinguins e focas que por lá vivem.

Foto: British Antarctic Survey / Divulgação

Contrariando algumas estatísticas, o enorme bloco de gelo acabou, na verdade, encalhando a cerca de 73 quilômetros da ilha no dia 1º de março, conforme apontou um comunicado do British Antarctic Survey (BAS).

O que isso significa para a vida da ilha da Geórgia do Sul?

Até então, a chegada do iceberg poderia barrar as águas ao redor da ilha, essenciais para alimentação e reprodução dos animais. Com o encalhe, porém, o cenário é outro. Segundo Andrew Meijers, oceanógrafo do BAS, se o iceberg permanecer encalhado não é esperado que ele “afete significativamente a vida selvagem local”.

Nutrientes levantados pelo encalhe e pelo derretimento do iceberg podem aumentar a disponibilidade de alimentos para todo o ecossistema regional– explicou Meijers

Por outro lado, pescadores locais temem ser obrigados a enfrentar grandes pedaços de gelo. O ecologista Mark Belchier, que assessora o governo da Geórgia do Sul, endossou a tese, reforçando que, caso o iceberg se fragmente, vai “representar uma ameaça para as embarcações”.

O passado do iceberg que se recusa a morrer

O maior iceberg do mundo se desprendeu da Antártica em 1986 e quase que imediatamente ficou preso no fundo do Mar de Weddel, tornando-se uma ilha de gelo estática por 30 anos.

Foto: MODIS / Divulgação

O cenário mudou em 2020, quando o bloco seguiu na direção de oceanos mais quentes — onde a comunidade científica acreditava que ele iria, finalmente, derreter. O percurso, no entanto, foi interrompido. Em agosto de 2024, o A23a caiu em uma espécie de armadilha no meio do mar, onde ficou girando em círculos por meses, até se libertar, em dezembro.

 

Isso porque as águas mais quentes ao norte da Antártica estão derretendo e enfraquecendo suas margens, que chegam aos 400 metros de altura. As últimas imagens de satélite do maior iceberg do mundo mostram ainda que ele está diminuindo lentamente: agora tem cerca de 3.234 km², sendo que já abrangeu uma área de 3.900 km².

 

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