Minha jornada com o italiano 

Passagens compradas. Era a primeira vez que eu estava indo para a Itália. Viajar sozinha para um país do qual não domino o idioma sempre dá um frio na barriga, mas desta vez era diferente. Eu havia memorizado algumas frases clássicas que “todo viajante precisa saber”, como comprar um bilhete de trem e pedir uma pizza com uma taça de vinho tinto no bar. Além disso, tinha esperanças de que, por português e italiano serem línguas de origem latina, eu conseguiria entender e me virar bem.
Até que o avião pousou em Milão.

Uma das minhas partes favoritas de viajar é sentir o choque linguístico ao chegar a um novo lugar. É nesse momento que percebo que estou a quilômetros de casa e pronta para uma nova aventura. O próximo passo era pegar o ônibus do aeroporto para Turim, onde eu ficaria hospedada. Mas, assim que dei meu primeiro passo fora do aeroporto, percebi o quão perdida estava. Pedi informações em inglês, mas ninguém me entendia. Tentei falar as poucas frases que havia memorizado, e por pouco não perdi o ônibus. No fim, a mímica me salvou.

Oito meses depois, o jogo virou. Já falo italiano fluentemente e não preciso mais me preocupar. A liberdade, a confiança e o acesso cultural que o idioma proporciona elevam qualquer viagem a outro nível. Existe uma Itália para quem fala italiano e outra para quem não fala. Além disso, a receptividade dos italianos quando alguém tenta se comunicar na língua deles é imensa. Mesmo que você só saiba o básico, eles se sentem honrados pelo seu esforço. É um povo simpático, que te inspira e te motiva.

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Um ponto muito importante quando estamos aprendendo um novo idioma: não ter a vergonha de falar e não se sentir julgado quando erramos. Aprender a gramática é importante para a evolução, mas a comunicação se dá através da fala.

Sempre acreditei que aprender um idioma é mais valioso que um diamante. Diferente de algo material, a capacidade de se expressar em outra língua é um conhecimento que ninguém pode tirar de você. Te dá liberdade de espírito, abre portas inesperadas e permite acessar a cultura de um povo de uma forma única.

A similaridade entre o português e o italiano nos dá uma vantagem enorme para aprender essa língua tão melodiosa. E para acelerar esse processo, decidi estudar na Scuola Leonardo da Vinci, de Turim. Lá, tive não apenas uma base sólida no idioma, mas também um espaço de trocas culturais incríveis. Ali estudam pessoas das mais diversas nacionalidades, e é fascinante perceber como cada um enfrenta desafios diferentes no aprendizado. Para nós, brasileiros, aprender italiano é muito mais rápido do que para orientais, por exemplo, que precisam dominar um alfabeto totalmente novo, fonemas desconhecidos e um vocabulário sem qualquer associação com sua língua materna.

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Por isso, sinto que seria um desperdício não aproveitar essa vantagem natural que temos. Aprender uma nova língua é mais do que adquirir conhecimento técnico – é uma experiência que nos transforma. Uma das minhas partes favoritas desse processo é descobrir palavras que só existem naquele idioma. Assim como no português temos “saudade”, que não tem tradução exata para outras línguas, o italiano também guarda sentimentos e significados únicos.

Um dos termos que mais me encantam é “meriggiare”. Ele vem do verbo “meriggiare” e descreve aquele momento de descanso à sombra nas horas mais quentes do dia, quando o sol está a pino e tudo desacelera. É uma palavra que carrega não apenas um significado, mas toda uma sensação – a pausa contemplativa, o tempo que se estende preguiçoso em uma tarde de verão, a tranquilidade de simplesmente existir sob o sol da Itália, o verdadeiro significado de “dolce far niente”. Sim, os italianos sabem aproveitar os pequenos prazeres e belezas da vida.

Além disso, para descendentes de italianos que desejam se reconectar com suas raízes, aprender italiano pode ser uma jornada ainda mais significativa. O programa “Scopri “le tue origini” (descubra as tuas origens), que adiciona ao estudo da língua italiana a experiência de reconstruir a história da própria família.

Esse tipo de imersão vai além das aulas tradicionais, permitindo ao estudante se aproximar da cultura de seus antepassados. E, unido com o projeto “ITALEA”, que é um “turismo delle radici”, “turismo das origens”, ou “turismo genealógico”, permite que visite as regiões de onde vieram os seus antepassados e compreenda de forma mais profunda sua herança italiana. Afinal, falar italiano não é apenas uma questão linguística, mas também um elo com a identidade e as memórias de gerações passadas.

Scuola Leonardo da Vinci propone il programma “Scopri le tue origini”, che aggiunge allo studio della lingua italiana l’esperienza di ricostruire la storia della propria famiglia. Questo tipo di immersione va oltre le lezioni tradizionali, permettendo allo studente di avvicinarsi alla cultura dei suoi antenati.
Falar italiano é o passaporte de acesso que me permitiu viver a Itália de forma autêntica, sem barreiras. Mais do que um idioma, aprendi um novo jeito de ver a vida.

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