Um mês depois de Marina, Affonso Romano de Sant’Anna também partiu

A página 3 do suplemento Magazine da Gazeta do Sul do último final de semana prestou homenagem à escritora ítalo-brasileira Marina Colasanti, falecida no Rio de Janeiro no dia 28 de janeiro de 2025, aos 87 anos. Ela viera a Santa Cruz do Sul em duas oportunidades, a primeira em 2013, na companhia de seu esposo, o também escritor e poeta Affonso Romano de Sant’Anna, patrono da Feira do Livro daquele ano, e a outra em 2013.

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Ocorre que na terça-feira, 4, pouco depois da veiculação da reportagem, Affonso também morreu, no Rio de Janeiro, onde o casal se fixara, aos 87 anos, em decorrência de Alzheimer. Assim, em pouco mais de um mês neste início de ano, o Brasil perdeu dois dos mais prolíficos e respeitados escritores contemporâneos, que cativaram e influenciaram gerações.

Feira: Affonso, com Marina (esq.), ao lado de Mauro Klafke e de Roberta Corrêa Pereira

Affonso nascera em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, em 27 de março de 1937, e estava na proximidade de completar 88 anos. Ele e Marina, nascida na Eritreia, então colônia italiana, e que ainda jovem se mudara com a família para o Brasil, casaram-se em 1970.

Além de sua produção literária, em poesia, ensaio e crônica, Affonso foi professor universitário e também contribuiu para jornais, a exemplo do Jornal do Brasil e de O Globo. Em 2011, antes de sua vinda a Santa Cruz, ele havia lançado o volume de poesia Sísifo desce a montanha, com o qual recebeu importantes prêmios literários do País.

Conteúdos especiais

A Gazeta do Sul, ao longo dos anos, compartilhou com seus leitores diversos conteúdos sobre Affonso Romano de Sant’Anna e Marina Colasanti. No primeiro semestre de 2013, em trocas de e-mails, Affonso concedeu entrevista exclusiva na qual comentava sua expectativa em relação à iminência da vinda a Santa Cruz do Sul, para ser o patrono da Feira do Livro daquele ano. Essa correspondência resultou em reportagem especial veiculada no Magazine do final de semana de 31 de agosto e 1o de setembro, cujo título, na capa, enunciava: “Império Romano” (confira no box à direita algumas das respostas do escritor a questões formuladas).

Já a vinda de Affonso, na companhia de sua esposa Marina Colasanti, para o evento mereceu muitas matérias especiais nas páginas da Gazeta do Sul, tanto da visita que ambos fizeram à Praça Getúlio Vargas, palco da festa das letras, quanto de bate-papo do qual participaram no auditório central da Unisc. Na praça, receberam flores e foram acolhidos pela então coordenadora da Feira, Roberta Corrêa Pereira, que era a gerente do Sesc/RS, e pelo escritor homenageado daquela edição, o poeta e romancisca santa-cruzense Mauro Klafke.

A entrevista exclusiva para a Gazeta do Sul

Em julho de 2013, Affonso Romano de Sant’Anna concedeu entrevista à Gazeta do Sul. Foi veiculada no suplemento Magazine do fim de semana de 31/08 e 1o/09, na véspera da vinda do escritor e de Marina Colasanti a Santa Cruz. Confira abaixo algumas perguntas e respostas daquela entrevista, que, na íntegra, estará no livro Entrevistos: Conversas com escritores, Volume 2 – Mestres Eternos, a ser lançado pelo jornalista e escritor Romar Rudolfo Beling, gestor de Conteúdo Multimídia da Gazeta, no segundo semestre deste ano.

  • Gazeta – Como está a rotina de escritor? Tens viajado muito? És uma pessoa que prefere ficar mais em casa, ou que gosta do movimento, da viagem?
  • Fiquei escandalizado relendo o meu “quase diário” com a quantidade de viagens realizadas. As viagens são importantes para retomar contato com o público, porque os jornais não chegam em toda parte, a televisão é aleatória e o livro é permanente.  O período brabo de viagens é entre março e novembro.
  • Em breve o senhor virá a Santa Cruz do Sul para ser patrono da Feira do Livro. Qual a expectativa em relação a essa agenda? Tudo é expectativa e generosidade de vocês. O Rio Grande do Sul é algo especial para mim. Não é à toa que edito pela editora L&PM, que é gaúcha.
  • Ao lado de Marina, o senhor tem relação intensa com o RS, em eventos e amizades. Há vínculo especial entre gaúchos e mineiros em termos de literatura? Sempre disse, brincando e falando sério, que quando crescesse ia ser um escritor gaúcho. O Luís Augusto Fischer botou num artigo o que sempre disse: vocês têm o mais compacto plantel de escritores da literatura brasileira. A generosidade gaúcha se manifestou há pouco nas homenagens que Marina e eu recebemos em Bento Gonçalves.
  • Que relação se estabelece entre poesia e sabedoria? Ah, a sabedoria! Que o diga Salomão! Continuo fazendo as mesmas perguntas que fazia quando criança (ver poemas de Sísifo desce a montanha): quem somos, de onde viemos, para onde vamos? Já disse, sem novidade, que a vida é a arte de fazer perguntas, não a de responder. E cada idade tem suas inquietações. Leio cada vez mais sobre ciência, e, quanto mais leio, mais vejo que os cientistas, os melhores, se aproximam sempre da poesia, como forma de consolo.

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