Estudo: 60% dos adultos do mundo terão sobrepeso ou obesidade até 2050

Foto: Getty Images

Pesquisa publicada na The Lancet projeta que um terço das crianças e adolescentes viverá com sobrepeso ou obesidade nos próximos 25 anos

O mundo pode enfrentar sérios desafios de saúde caso o avanço da obesidade não seja controlado. Um estudo publicado na noite de segunda-feira (3/3), na conceituada revista científica The Lancet, estima que seis em cada dez adultos (60%) e quase um terço das crianças e adolescentes viverá com sobrepeso ou obesidade até 2050.

“A epidemia global de sobrepeso e obesidade é uma tragédia profunda e um grande fracasso social”, afirma a principal autora do estudo, Emmanuela Gakidou, professora do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME) da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, em comunicado.

Em 2021, o número de adultos com sobrepeso ou obesidade já havia ultrapassado os 2 bilhões, enquanto cerca de 493 milhões de crianças e adolescentes estavam nas mesmas condições. O novo estudo aponta que a obesidade infantil e adolescente deve crescer ainda mais rápido do que o sobrepeso, com aumentos expressivos esperados até 2030.

Sem uma reforma política e ações urgentes, prevê-se que cerca de 3,8 bilhões de adultos (60%) e 746 milhões de crianças e adolescentes (31%) viverão com excesso de peso ou obesidade em 25 anos.

A pesquisa analisou dados de 204 países e territórios entre 1990 e 2021, utilizando 1.350 fontes de informação, incluindo pesquisas nacionais e multicontinentais. O estudo faz parte do Global Burden of Disease BMI Collaborators.

Os autores classificaram o sobrepeso e a obesidade com base no índice de massa corporal (IMC). Em adultos, o sobrepeso corresponde a um IMC entre 25 e 29,9, enquanto obesidade se refere a valores iguais ou superiores a 30. Para menores de 18 anos, os critérios seguem os padrões dos critérios da International Obesity Task Force.

Entre os países mais afetados atualmente, oito nações concentram mais da metade dos adultos com sobrepeso ou obesidade: China (402 milhões), Índia (180 milhões), Estados Unidos (172 milhões), Brasil (88 milhões), Rússia (71 milhões), México (58 milhões), Indonésia (52 milhões) e Egito (41 milhões).

Até 2050, China, Índia e EUA continuarão liderando essa lista, mas o crescimento mais significativo será registrado na África Subsaariana, onde os casos devem aumentar mais de 250%, chegando a 522 milhões de adultos.

Sobrecarga nos sistemas públicos de saúde

O avanço da obesidade terá conseqüências graves para a saúde pública e a economia global. Segundo o estudo, quase um quarto dos adultos com obesidade em 2050 terá 65 anos ou mais, o que deve sobrecarregar ainda mais os sistemas de saúde, especialmente em países de baixa renda.

Os pesquisadores destacam que as novas gerações estão ganhando peso mais rapidamente do que as anteriores e em idades cada vez mais precoces. Isso aumenta o risco de desenvolver doenças como diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares e diversos tipos de câncer ainda na juventude.

“As taxas de obesidade estão disparando na África Subsaariana, com mais de 200 milhões de jovens projetados para 2050. Isso impõe uma carga dupla aos sistemas de saúde já sobrecarregados, que não estão preparados para lidar com a ascensão das doenças relacionadas à obesidade”, alertou o coautor do estudo, Awoke Temesgen, professor clínico associado do IHME.

Necessidade de ações urgentes

Os autores do estudo reforçam que, sem políticas públicas eficazes, o avanço da obesidade poderá ter impactos irreversíveis. A falta de estratégias concretas nas últimas décadas contribuiu para o aumento expressivo da condição, tornando urgente a adoção de medidas de prevenção.

“Governos e a comunidade de saúde pública podem usar nossas estimativas específicas por país para identificar populações prioritárias que enfrentam os maiores impactos da obesidade e necessitam de intervenção e tratamento imediato”, destacou Gakidou.

Entre as principais recomendações estão políticas para incentivar a alimentação saudável, regulamentação da indústria alimentícia, programas de educação nutricional e estímulo à prática de atividades físicas. Especialistas alertam que, sem mudanças estruturais, o mundo pode enfrentar uma crise de saúde pública sem precedentes nas próximas décadas.

(Fonte: Metrópoles)

Adicionar aos favoritos o Link permanente.