E por falar em Marina Colasanti: o legado da escritora ítalo-brasileira

O Brasil perdeu há exatamente um mês, completado nessa sexta-feira, uma de suas mais vigorosas vozes na literatura. A ítalo-brasileira Marina Colasanti, radicada no Rio de Janeiro, faleceu no dia 28 de janeiro, aos 87 anos. Ela era casada com o igualmente escritor Affonso Romano de Sant’Anna, que está também com 87 anos, sendo que aniversaria no próximo dia 27. Marina nasceu em Asmara, então África Oriental Italiana, e hoje Eritreia, em 26 de setembro de 1937. Sua família deixou aquela região no pós-Segunda Guerra Mundial, fixando-se no Rio de Janeiro.

Ela e Affonso casaram-se em 1971. Em 1962, começara a trabalhar como jornalista no Jornal do Brasil, onde ficou por mais de uma década, e posteriormente se transferiu para a editora Abril, onde seguiu por mais quase duas décadas. Quando se casaram, a produção autoral de ambos ainda era incipiente, mas nos anos seguintes se intensificaria, com cada qual se destacando, com vigor, na cena literária nacional e até internacional.

LEIA TAMBÉM: Old School Day chega à quarta edição com atrações para todos

Marina chegou às livrarias de maneira efetiva em 1985, com o volume de crônicas “E por falar em amor”, lançado pela Rocco, e que mereceu sucessivas edições ao longo dos anos. A partir dele, sua produção ampliou-se para dezenas de títulos nos mais diversos gêneros, das crônicas de sabor jornalístico aos contos, dos artigos aos ensaios, da autobiografia à literatura infantil e juvenil, além de quatro volumes de poesia, sendo o último, Passageira em trânsito, de 2009, um contraponto a relatos de viagens publicados em simultâneo por Affonso.

Marina com o marido, Affonso Romano de Sant’Anna, e a professora Fabiana Piccinin

A partir da ampliação de sua bibliografia e das inúmeras premiações que recebeu, entre as quais oito prêmios Jabuti, o mais importante da literatura brasileira, foi muitas vezes homenageada em eventos e feiras do livro. O mesmo aconteceu, em paralelo, com a obra de Affonso. Assim, por conta da produção de um ou de outro, o casal era presença constante na interação com o público, de todas as idades.

Em 2013, Affonso foi o patrono da Feira do Livro de Santa Cruz do Sul. Desse modo, o casal desembarcou na cidade em setembro daquele ano. Além das conversas com leitores, participaram de um bate-papo no auditório principal da Unisc, atividade mediada pela professora Fabiana Piccinin.

Na ocasião, falaram sobre sua carreira e seus livros. Marina lançava naquele ano o volume de contos Hora de alimentar serpentes, pela Global, e em 2010 havia compartilhado sua autobiografia, Minha guerra alheia, pela Record. Foi a primeira oportunidade para que ela expusesse suas ideias pessoalmente em Santa Cruz do Sul.

Em 2016, uma visita surpresa

Em setembro de 2013, Marina Colasanti viera a Santa Cruz do Sul na companhia do marido, Affonso Romano de Sant’Anna, que fora o patrono da Feira do Livro daquele ano. Mas três anos depois ela retornaria, então sozinha, para uma nova visita.

Naquela ocasião, percorreu algumas cidades do Estado em iniciativa promovida pelo Serviço Social do Comércio (Sesc), organizador de diversas feiras do livro, incluindo a de Santa Cruz. Depois de uma passagem por Venâncio Aires, Marina chegou a Santa Cruz ao final da tarde do dia 16 de setembro, uma terça-feira, e participou de atividade na Casa das Artes Regina Simonis, no centro da cidade.

Naquele dia e naquela hora, acontecia um encontro de escritores homenageados da feira local, e Marina foi uma atração surpresa a abrilhantar aquele evento. Além de conversar com os demais autores e os leitores presentes, aproveitou para falar de sua obra, que naquele ano fora marcada com o lançamento, pela Global, do volume Melhores crônicas de Marina Colasanti.

Com a perda de Marina, neste início de 2025, fica, para seus leitores, o compromisso de seguir lendo sua intensa e afetuosa produção. Ela oxigena as letras brasileiras com bagagem cultural única, a de alguém que, tendo nascido na Eritreia, estabeleceu vínculo de amor com um mineiro (e com o Brasil) para, então, compor uma obra universal.

LEIA MAIS DAS ÚLTIMAS NOTÍCIAS

quer receber notícias de Santa Cruz do Sul e região no seu celular? Entre no nosso grupo de WhatsApp CLICANDO AQUI 📲 OU, no Telegram, em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça agora!

The post E por falar em Marina Colasanti: o legado da escritora ítalo-brasileira appeared first on GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.