Pelo Mundo: Montenegro, a pequena e corajosa nação dos Bálcãs

No fogo cruzado entre o oriente e o ocidente, os países da península dos Bálcãs sempre tiveram que conviver com guerras e invasores. Habitado originalmente pelos ilíricos, mesmo povo que ocupava a Albânia, o território de Montenegro viu a chegada dos eslavos entre os séculos 6 e 7. Em 1040, já cristianizados, os montenegrinos formaram Dóclea, um país independente por quase 150 anos. Novas invasões ocorreram, primeiramente pelos sérvios, seguidos dos venezianos (que deram o nome ao país, na língua vêneta) e, finalmente, pelos implacáveis turco-otomanos.

No século 16, o país se tornou novamente independente, mas as batalhas com os expansionistas turcos continuaram até o final do século 19. A pequena nação jamais se submeteu completamente ao império de Istambul e, em 8 de outubro de 1912, tomou a iniciativa de contra-atacar os otomanos, em uma ação corajosa e, com modesto poderio bélico, desproporcional. O arrojo incentivou as demais nações dos Bálcãs, dias depois, a seguirem o exemplo e o Império Russo a apoiar a luta contra os opressores, algo que os montenegrinos sempre fazem questão de lembrar.

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Montenegro entrou no século 20 como um reinado soberano que durou até a Primeira Guerra Mundial. A união com os sérvios, croatas e eslovenos criou então um novo país que, em 1929, passou a se chamar Reino da Iugoslávia. A federação entrou em colapso na Segunda Guerra, quando alemães e italianos tomaram os Bálcãs. Montenegro coube à Itália, e grupos comunistas locais se organizaram rapidamente para enfrentar as tropas de Mussolini. Com a derrota nazifascista para os aliados, todos os países eslavos do sul, exceto a Bulgária, formaram a República Socialista da Iugoslávia, sob a batuta do líder Josip Broz “Tito” (1892-1980), que sempre considerou Montenegro como uma república separada da Sérvia.

O colapso da cortina de ferro, no início dos anos 90, fragmentou a antiga Iugoslávia. Montenegro permaneceu unida à Sérvia até 2006, quando um referendo sacramentou a independência. Desde então, a nação se desenvolveu rapidamente através do turismo e dos investimentos estrangeiros, adotou o euro como moeda, aderiu à Otan e sua admissão na União Europeia é iminente.

Além do legado histórico, o país é repleto de atrações. Mais de uma centena de praias ao longo do Mar Adriático, os belíssimos picos dos chamados Alpes Dináricos, que cobrem mais de 80% do território, e esplêndidos lagos. Na belíssima Baía de Kotor, os fiordes e as cidades medievais como Kotor e Perast, assim como a cidade costeira de Budva, deixam os visitantes boquiabertos. É uma nação que exala tranquilidade e sossego. Alegoricamente, é um descanso merecido depois de milênios de lutas contra poderosos invasores.

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“Escondido” entre os vizinhos de fronteira Croácia, Sérvia, Albânia e o ainda disputado Kosovo, Crna Gora – nome de Montenegro na língua local –, é o país menos populoso dos Bálcãs e a nação mais jovem da Europa. O território é 20 vezes menor que o Rio Grande do Sul e um terço de seus 630 mil habitantes vivem na capital Podgoritza.

Ao indagar sobre a relação com a Sérvia, ouvi repetidamente a frase: “Montenegro e Sérvia são dois olhos do mesmo rosto”. A diferença mais evidente entre eles é a sutil influência italiana nas cidades montenegrinas, especialmente na arquitetura. Apesar disso, a característica predominante é a cultura eslava, nas tradições, nas expressões artísticas e na religião cristã ortodoxa. No esporte, a preferência nacional é inusitada: o polo aquático.

No contato com os montenegrinos, gravei a imagem de um povo que, ao longo de sua história, lutou pela soberania e não hesitou em tomar a iniciativa diante de invasores e tiranos opressores. Olhando para o lado humano, considero essa coragem de dar o primeiro passo, para combater injustiças, para ajudar alguém ou se desvencilhar de situações hostis, como uma das mais admiráveis qualidades. Infelizmente, é uma virtude rara em nossa espécie. Aqueles que esperam pelos outros antes de agir, ainda que realizem algo louvável, são meros imitadores.

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