Audiência Pública na Câmara de Vereadores debate dos problemas dentro do movimento Fevereiro Roxo

O Poder Legislativo de Santa Cruz do Sul realizou no início da noite desta quinta-feira, dia 27, uma audiência pública para debater a conscientização sobre doenças crônicas e neurológicas, como Fibromialgia, Lúpus, Alzheimer e outras condições debilitantes, dentro do movimento “Fevereiro Roxo”. Em torno de 100 pessoas participaram do encontro, entre elas uma comitiva vinda de Cachoeira do Sul.

A sessão contou com a condução da presidente Nicole Weber e a mesa foi composta pelo secretário da Saúde, Rodrigo Rabuske; a secretária de Desenvolvimento Social e Inclusão, Fátima Alves da Silva; a vereadora Ana Paula Melo, de Cachoeira do Sul; a subsecretária Núbia Bruch, de Desenvolvimento Social e Inclusão; a presidente Salete Faber, do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; a presidente Francine Beatriz da Silva, do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência; a fisioterapeuta Caren Picasso e a psicóloga Tatiane Schneider.

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A presidente Nicole Weber, proponente da audiência pública, destacou que será encaminhado um documento ao governador do Estado, Eduardo Leite, e à Assembleia Legislativa, na qual pede a equiparação da pessoa detentora de dores crônicas – Fibromialgia, Lúpus e Alzheimer – com detentores de deficiência, prevista pela Lei Ordinária 16.127/2024. “A legislação já existe, porém é necessária uma regulamentação para que ela se torne uma realidade”, ponderou.

A audiência pública também deve ser o passo inicial para o lançamento da Associação das Mulheres que englobam a Fibromialgia, cujo nome será “Mulheres de Fibra”, se tornando uma referência para o Estado, nas questões que englobam esta doença.

Um grupo de mulheres oriundas de Cachoeira do Sul, da Associação Cachoeirense de Fibromialgia (Acafi) explicou o seu funcionamento na Capital do Arroz, os benefícios alcançados com a criação da organização, bem como a luta para buscar mais direitos para as pessoas com doenças crônicas.

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O que foi dito

Rodrigo Rabuske – Secretário Municipal de Saúde

“Assumimos este ano o compromisso de proporcionar melhorias à comunidade. São doenças são importantes e o foco precisa ser na prevenção. Precisamos ser assertivos nas nossas ações, de forma coletiva e organizada. Meu compromisso é que o próximo Fevereiro Roxo será mais abençoado com informação e prevenção. Desafio da nossa secretaria nas 70 unidades de saúde do município.”

Fátima Alves da Silva – Secretária Municipal de Desenvolvimento Social e Inclusão

“Enquanto secretaria de Inclusão, temos uma prefeitura preocupada em trabalhar entre secretarias. Quanto mais unidos trabalharmos, mais benéfico será para a sociedade. Mais políticas públicas poderão surgir. Governo tem olhar carinhoso para a causa.”

Ana Paula Melo – vereadora de Cachoeira do Sul

“Enaltecer as mulheres de fibra que compareceram em peso de Cachoeira do Sul para participar desta audiência pública. A associação existe desde novembro do ano passado, mas o ganho que tiveram foi maravilhoso. Parceria com a Ulbra para a área de fisioterapia. Desta batalha já conseguiu uma sala para se instalar.”

Salete Faber – Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher e Conselho Municipal da Saúde

“Mulheres sofrem uma sobrecarga no decorrer dos anos, como nas atividades profissionais e domésticas, na lida com a família. Estamos puxando a discussão no conselho, com o olhar para estas questões. Quando do surgimento do SUS, em 1988, não se imaginava a dimensão que a atenção à Saúde poderia atingir.”

Francine Beatriz da Silva – Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência

“A vida de uma pessoa com fibromialgia é muito difícil, em função de terapias e também do entendimento das pessoas em volta de que ela está acomedida de dor. Só o remédio muitas vezes não resolve, mas ações conjuntas, como fisioterapia, as próprias atividades físicas. Acredito que não é só uma doença invisível, mas as pessoas acabam se tornando invisíveis porque acabam não saindo de casa, não interagindo na sociedade.”

Tatiane Fortuna Bruxel – médica reumatologista

“Toda dor tem tratamento. O Fevereiro Roxo surgiu para que a população tomasse conhecimento das doenças e se buscasse um tratamento mais precoce. É preciso ter qualidade de vida e não ter dor. A fibromialgia é a doença neurológica mais comum. A pessoa dorme mal, acorda com dor e é um gatilho para o estresse, para as relações. Fatores genéticos são de risco, infecções e a questão emocional. Três pilares fazem parte do tratamento: físico, psicológico e medicação.”

Tatiane Schneider – Psicóloga

“Como posso trazer mais leveza às pessoas com dores crônicas.  Autoconhecimento é uma das fórmulas para melhora da qualidade de vida.”

Caren Picasso – Fisioterapeuta

“O que acontece que justifica a dor de quem dorme bem e acorda mal? É a nociplástica. É uma dor crônica que surge quando há uma alteração da nocicepção, sem uma causa aparente. É também conhecida como dor centralizada ou “processamento alterado da dor”. É importante que as equipes dentro da Atenção Básica tenham conhecimento. São as agentes de Saúde que podem levantar estes problemas dentro de cada família.”

Ana Paula Carvalho – integrante do grupo ACAFI de Município de Cachoeira do Sul

“SUS está despreparado para a Fibromialgia. Próprios médicos peritos do INSS não tem um preparo e uma compreensão com a esta doença e outras doenças crônicas. A associação foi criada dentro desta falta de acolhimento e de conhecimento no município sobre Fibromialgia. O grupo iniciou com quatro pessoas e atualmente está com uma associação composta com 112 pessoas.”

Raquel Viçosa – advogada

“Destacou a dificuldade das pessoas de ter acesso aos seus direitos e à legislação. Uma série de ações que precisariam ser propostas para facilitar acesso ao atendimento ao INSS, onde os peritos não atendem de forma correta, não analisando todos os pedidos para que as doenças crônicas sejam motivo para pensão.”

Zaira Diehl – Conselheira do Compede

“Também reforçou o pedido das autoridades para uma série de ações para que a legislação seja respeitada.”

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