Preço dos ovos aumentou quase 40% em Santa Cruz do Sul

O preço da dúzia de ovos se tornou motivo de atenção para a cabeleireira Lizete Ertel, 50 anos. Há pelo menos duas semanas, a moradora do centro de Santa Cruz do Sul percebeu um aumento no valor do alimento nos mercados. 

Para não deixar de consumir, Lizete passou a comprar somente nos dias em que há promoção. “Nos demais fica complicado. Isso não impacta só os ovos, mas todos os alimentos que o levam na receita”, afirmou a cabeleireira.

Durante o mês de fevereiro, os consumidores em Santa Cruz notaram uma escalada nos preços. Conforme a área comercial da rede santa-cruzense de supermercados Miller, o produto encareceu de 40% a 60% desde o início de 2025. 

A cabeleireira Lizete Ertel fica atenta e aproveita os dias em que o produto está em oferta nos supermercados de Santa Cruz | Foto: Rodrigo Assmann

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Apesar da elevação geral, constatada por todos os seus fornecedores, o Miller não repassou todo o acréscimo aos clientes. A dúzia de ovos vermelhos coloniais Campos Verde entrou em oferta na segunda-feira, 24, e permanece até esta terça, 25, por R$ 10,98.

O aumento também foi percebido na Feira Rural Central. A presidente da Associação Santa-cruzense de Feirantes (Assafe), Patrícia Nichterwitz, precisou reajustar o valor de R$ 10,00 para R$ 12,00. Nos últimos dias, segundo ela, a procura subiu juntamente com o preço. “Não estamos conseguindo atender à demanda, está escasso para todos os produtores. Não só aqui, é um problema geral”, observou.

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Patrícia atribuiu a falta de ovos à onda de calor registrada no início do mês, com os termômetros superando os 40 graus. Em sua propriedade, muitas galinhas não resistiram às altas temperaturas. “Fizemos de tudo que podíamos para salvá-las e mesmo assim muitas acabaram morrendo. E estamos com medo de acontecer isso novamente esta semana, já que vamos ter uma nova onda de calor.”

Santa Cruz não é a única cidade gaúcha a registrar aumento no valor do produto. Entre os dias 7 de janeiro e 18 de fevereiro deste ano, a dúzia de ovos brancos apresentou um aumento de 38,33%. Conforme os informativos conjunturais da Emater/Ascar-RS, a partir dos dados da Ceasa/RS, o preço saltou de R$ 6,00 para R$ 8,33 em questão de 42 dias.

De olho no valor

Desde que constatou o aumento no preço dos ovos de galinha, o aposentado Miguel Batista, de 67 anos, buscou alternativas. Uma delas foi ficar de olho nos valores pelos aplicativos dos mercados locais. “É uma maneira de encontrar o preço mais baixo”, sugeriu. Segundo o morador do Centro, o valor costuma variar de R$ 10,00 a R$ 14,00. Por isso, ele recomenda pesquisar antes de adquirir o produto. “Fora isso, é achar um jeito de render os ovos, misturar eles com outros alimentos”, afirma.

O aposentado Miguel Batista realiza pesquisa de preços antes de fazer as compras | Foto: Rodrigo Assmann

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Série de fatores desencadeou a elevação

A Organização Avícola do Estado do Rio Grande do Sul (OARS), juntamente com a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) e o Sindicato da Indústria Avícola no Rio Grande do Sul (Sipagrs), divulgou nota elencando os fatores que impactaram o mercado de ovos. Conforme o documento, uma série de desafios tem afetado o setor avícola desde o ano passado e, consequentemente, influenciam a produção de alimentos à base de frango.

A começar pelos estragos provocados pelas enchentes no Estado, no fim de abril e início de maio do ano passado. Segundo a organização, a logística foi muito afetada diante dos danos provocados em estradas e pontes, dificultando não só o abastecimento de ração para as aves, mas também o escoamento da produção.

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Já em julho de 2024, foi confirmado um foco da doença de Newcastle (DNC) – considerada altamente contagiosa e que afeta aves silvestres e domésticas – em um aviário no município de Anta Gorda, no Vale do Taquari. Segundo a OARS, o fato desencadeou a suspensão das exportações de carne e ovos de frango produzidos em solo gaúcho para diversos países.

Isso, segundo a nota, provocou instabilidade no setor, além de reforçar a necessidade de segurança no sistema produtivo. Tais restrições e embargos à exportação de carne de frango e ovos continuam em vigor.

Os entraves para o setor seguiram neste ano. No mês passado, os casos de influenza aviária de alta patogenicidade – outra grave enfermidade que afeta as aves – impactaram fortemente os Estados Unidos, considerado um dos maiores produtores e exportadores de ovos do mundo. 

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Em razão dessa doença, milhares de animais foram sacrificados, o que provocou uma redução acentuada na produção de ovos no país. Em meio a isso, os preços dispararam, atingindo valores entre US$ 10,00 e US$ 14,00 por dúzia, o que equivale a aproximadamente R$ 60,00 a R$ 90,00.

Outro fator mencionado foi a recente onda de calor que afetou o Estado. Com as altas temperaturas, a produção foi parcialmente afetada, o que impactou o consumo alimentar das aves e resultou em uma redução de ovos disponíveis. 

O preço do ovo branco aumentou 38,33% no Rio Grande do Sul em apenas 42 dias | Foto: Rodrigo Assmann

Temporário

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), por sua vez, classifica a alta registrada no preço dos ovos como uma situação sazonal, comum ao período pré e durante a quaresma.

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Após longo tempo com preços em baixa, a venda de ovos aqueceu pela demanda natural da época, quando há substituição do consumo de carnes vermelhas por proteínas brancas e por ovos. Em nota, a entidade diz que os custos de produção acumularam alta nos últimos oito meses, com elevação de 30% no preço do milho e de mais de 100% nos custos de insumos de embalagens.

Mesmo com esses fatores, os produtores esperam que o mercado se normalize até o fim do período da quaresma, com o restabelecimento dos patamares de consumo das diversas proteínas.

Vale lembrar que embora em alta, as exportações de ovos têm efeito praticamente nulo sobre a oferta interna. Representam menos de 1% das 59 bilhões de unidades que deverão ser produzidas neste ano, o que deve gerar um consumo per capita de 272 unidades anuais – mais de 40 unidades acima da média mundial.

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