Tinta de molusco pode ser solução natural para afastar tubarões

Já ficou com medo de ser atacado por um tubarão? Pesquisadores da University College Dublin parecem ter encontrado um “repelente” contra eles: uma substância chamada melanina, principal componente da tinta do molusco da espécie choco (Sepiida) — também conhecido como sépia.

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De acordo com os cientistas, a tinta, que é liberada como mecanismo de defesa, pode servir como o “calcanhar de Aquiles” dos tubarões, devido a alta sensibilidade deles a odores. A descoberta pode ser um novo passo para reduzir o conflito entre estes animais e os humanos.

Processo ilustrativo da melanina, presente na tinta de molusco, entrando em contato com o sentido olfativo do tubarão. Foto: G3: Genes, Genomes, Genetics/ Divulgação

Segundo a revista Newsweek, os pesquisadores usaram dados genéticos de várias espécies de tubarões para modelar as estruturas tridimensionais do olfato destes animais. Assim, descobriu-se que, além de servir como uma cortina de fumaça, essa tinta expelida é um verdadeiro coquetel químico para os predadores.

 

O experimento mostrou que a melanina da tinta do molusco tem uma estrutura molecular que pode se prender aos receptores olfativos dos tubarões e, assim, ativar seus sentidos vitais. De certa forma, é como se este “repelente” confundisse o senso de rastrear do predador.

A taurina — aminoácido que desempenha diversas funções nos organismos vivos — é outra substância presente na tinta do molusco que atacam os “sensores de cheiro” dos tubarões. Logo, eles poderiam evitar qualquer água na qual o produto químico tenha sido disperso.

Foto: AlexVog/ Envato

Conforme o estudo, publicado na G3: Genes, Genomes, Genetics, o “spray anti-tubarão” tem o potencial de funcionar na maioria das espécies.

Melhor para ambos

Essa descoberta pode transformar a maneira como os tubarões são dissuadidos a caçar perto de nadadores. Atualmente, as ferramentas para afastar os animais dos humanos são consideradas invasivas, como redes de emalhar e drumlines — que os capturam através de anzóis iscados pendurados em barris flutuantes.

Molusco da espécie choco. Foto: wirestock/ Envato

Tais maneiras de afastar a espécie, frequentemente, prejudicam e causam danos não só aos tubarões inofensivos, mas também perturbam arraias, tartarugas, golfinhos e até baleias. Por sua vez, o uso da melanina presente na tinta do molusco oferece uma maneira menos agressiva e prejudicial para afastá-los.

Pode ser possível implantar repelentes seguros e direcionados perto de praias e locais de pesca, para minimizar os encontros entre tubarões e humanos– Collen Lawless, bioinformata da University College Dublin, em comunicado

O cientista também defende a ideia de que a tinta da sépia seja utilizada para proteger os tubarões em áreas sensíveis — que, por sua vez, ajudaria na conservação das espécies ameaçadas de extinção.

 

Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida

 

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