Estado espera boa safra de arroz

Maior produtor de arroz do País, com cerca de 70% do total, o Rio Grande do Sul, por meio da Federação das Associações de Arrozeiros (Federarroz) e parceiros, realizou nesta semana o evento da 35ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas, na Estação Experimental da Embrapa Clima Temperado em Capão do Leão, ao lado de Pelotas, no Sul do Estado.

O Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) apresentou então a área estadual do cereal plantada na safra 2024/25, que aumentou em 7,8% (69,9 mil hectares sobre a anterior, para 970,2 mil ha), não adiantando estimativas de produção, mas sim boas perspectivas.

Os dados foram apresentados pelo presidente do instituto, Rodrigo Machado, diretora técnica Flávia Tomita e assessores, especificando que todas as regiões do Estado tiveram ampliação do cultivo. Flávia informou que o levantamento se estendeu mais nesta safra, em função da reconstrução de áreas atingidas pelas enchentes.

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Ela destacou que, “apesar das dificuldades enfrentadas no último ano, os produtores mostraram resiliência e capacidade de superar as dificuldades, demonstrando, mais uma vez, que estão comprometidos em garantir o arroz no prato dos brasileiros”.

Quanto a possíveis resultados do ciclo produtivo, a diretora Flávia evidenciou que “há indícios de boa safra, como a área maior, o fato de que cerca de 80% do plantio ainda ocorreu dentro do período indicado e foi um ano de muita luminosidade”.

Destacou esse fato positivo no aspecto climático, embora haja outros pontuais que podem ter interferência contrária. No plano técnico, ressaltou o programa atual do Irga, “Sistema de Arroz RS-14”, que propõe 14 passos para auxiliar o produtor, com sustentabilidade e resiliência, a elevar a produtividade a 14 toneladas/hectare. Hoje, passa de 8 toneladas.

Ainda sobre a nova safra, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no levantamento de início deste mês, estimou que o Estado poderia produzir perto de 8 milhões de toneladas (11,7% a mais que na anterior), com produtividade de 8,4 t/ha e área de 952 mil hectares (ambas com acréscimo de 5,7%).
Verificava que, “de forma geral, as condições climáticas, com alta incidência solar e baixa umidade, favoreceram o desenvolvimento das plantas e contribuíram para a sanidade e diminuição de pragas e doenças, mas altas temperaturas podem gerar prejuízos”. O aumento de área foi menor que o inicialmente previsto pela companhia.

Evento marca debate sobre o custo da produção e valor pago ao produtor

A Conab mencionou dificuldades para expansão maior, em especial na região da Depressão Central, com chuvas torrenciais e alagamentos, e ainda “alto custo de produção e perspectiva de queda de preços no período de safra da cultura”.

O presidente da Federarroz, Alexandre Velho, na abertura da colheita, pleiteou que a companhia atualize dados do custo produtivo no Estado, “principal problema no setor”. Reclamou que “o produtor não pode vender abaixo do custo, sob pena de prejuízo, que traz endividamento”, além da “falta de seguro adequado”, e que o mercado precisa “ser livre, sem intervenções”.

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da paulista Escola Superior de Agricultura Esalq/USP, em análise de janeiro/25, observou que, pelos dados da sua equipe de custos, “a relação entre receita e custo operacional na cultura no Estado melhorou, comparando-se a média de setembro a novembro de 2024 com a de setembro a novembro de 2023, o que justifica o crescimento da área dedicada à cultura”. Citou “recorde de preços no mercado interno de arroz em 2024”, que “deve refletir em rentabilidade positiva ao longo de 2025”.

O presidente da Federarroz, em entrevistas, creditou a área maior de arroz, em especial, a “uma mudança de última hora da soja para esta cultura, em momento mais favorável na comparação”. Embora também espere boa safra, que traga tranquilidade para abastecer o mercado interno e atender a exportação, ressalvou que a área maior não significará “necessariamente grande diferencial no volume produzido, pois cerca de 100 mil hectares foram plantados fora de época e possivelmente não tenham a produtividade normal”. E reiterou a questão do elevado custo, como principal desafio a ser enfrentado pelo produtor.

Para tanto, Alexandre Velho, enfatizou o papel do evento de abertura da colheita. Segundo ele, “superou expectativas e proporcionou informação fundamental para o produtor ter gestão profissional, cada vez mais necessária para enfrentar seus desafios econômicos e técnicos, e assim ter sustentabilidade nos seus negócios”.

O tema deste ano foi “Produção de alimentos no Pampa Gaúcho – Uma visão de futuro”, reforçando-se, no programa técnico, a integração de mais culturas como soja, milho e as de inverno, junto com a pecuária, “essenciais para cobrir e melhorar o solo, e assim reduzir custos e ampliar receita”.

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