EUA deportam 37 mil imigrantes no primeiro mês da gestão Trump, menos do que média de Biden em seu último ano de governo


Média de deportações ficou em 57 mil por mês no último ano do Democrata na Casa Branca. Atual administração, no entanto, prende mais imigrantes e pretende facilitar o envio de ilegais para fora do país, mesmo que eles não tenham ficha criminal. Trump completa 1 mês na Casa Branca com políticas anti-imigração que dividem americanos
O presidente dos EUA, Donald Trump, deportou 37.660 pessoas durante seu primeiro mês no cargo, mostram dados não publicados do Departamento de Segurança Interna dos EUA. O número é muito menor do que a média mensal de cerca de 57 mil remoções em 2024, o último ano completo da administração de Joe Biden.
✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp
Especialistas pontuam, além da assimetria da comparação, que as deportações deverão aumentar nos próximos meses, à medida que o Republicano abre novos caminhos para aumentar as prisões e remoções de imigrantes ilegais.
A porta-voz do Departamento de Segurança Iterna, Tricia McLaughlin, afirmou que os números de deportação da era Biden seriam “artificialmente altos” devido aos patamares mais altos de imigração ilegal — um dos objetivos de Trump é aumentar a vigilância nas fronteiras e combater a chegada de imigrantes.
Trump fez campanha para a Casa Branca prometendo deportar milhões de imigrantes ilegais na maior operação de deportação da história dos EUA.
No entanto, os números iniciais sugerem que Trump pode ter dificuldades para igualar as taxas de deportação mais altas durante o último ano completo da administração Biden — em 2024, um grande número de migrantes foi pego cruzando a fronteira ilegalmente, tornando-os mais fáceis de deportar.
O diretor interino do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA, na sigla em inglês), Caleb Vitello, foi transferido nesta sexta-feira (21) devido a uma falha em atender às expectativas de deportação, disseram um funcionário de Trump e duas outras pessoas familiarizadas com o assunto.
No fim de janeiro, o jornal “The Washington Post” revelou que o governo de Donald Trump havia estabelecido uma meta diária de pelo menos 1.200 prisões de imigrantes em situação irregular. Caso o número não fosse atingido, os agentes poderiam ser penalizados.
Donald Trump durante coletiva de imprensa na Flórida, em 18 de fevereiro de 2025
REUTERS/Kevin Lamarque
O esforço de deportação pode se intensificar ao longo dos próximos meses, auxiliado por acordos entre EUA e Guatemala, El Salvador, Panamá e Costa Rica para receber deportados de outras nações, disseram analistas ouvidos pela Reuters.
O governo Trump também já enviou imigrantes venezuelanos para a base naval dos EUA na Baía de Guantánamo. O presidente dos EUA disse no final de janeiro que seu governo se prepararia para manter lá até 30 mil migrantes detidos, apesar da resistência de grupos de liberdades civis.
As deportações assistidas por militares podem crescer, considerando o vasto orçamento do Pentágono, de acordo com Adam Isacson, especialista em segurança do “think tank” Washington Office on Latin America.
Agentes do governo Trump vão de porta em porta para prender imigrantes ilegais em Chicago
Expandindo deportações
Enquanto isso, o governo americano está se movendo para facilitar a prisão e deportação de imigrantes ​​sem antecedentes criminais e para deter mais pessoas com ordens finais de deportação.
Em janeiro, o Departamento de Justiça emitiu um memorando permitindo que os agentes do ICE prendessem migrantes em tribunais de imigração dos EUA, revertendo uma política da era Biden que limitava tais prisões.
Na quarta-feira (19), o Departamento de Estado dos EUA designou a facção venezuelana Tren de Aragua e outras sete gangues e cartéis criminosos como organizações terroristas. Sob a lei de imigração dos EUA, supostos membros de gangues designados como terroristas e pessoas com laços com os grupos podem se tornar deportáveis.
O governo Trump também está retirando agentes do braço investigativo do ICE, do Departamento de Justiça, da Receita Federal e do Departamento de Estado para auxiliar em prisões e investigações.
Jessica Vaughan, diretora de políticas do Center for Immigration Studies, disse que esses agentes podem ajudar a reprimir empregadores que contratam trabalhadores sem status legal e pessoas que têm ordens finais de deportação.
“Esses são todos casos mais difíceis”, disse Vaughan. “No caso de uma operação no local de trabalho, você tem muito planejamento a fazer, alguma investigação que a precede, e tudo isso leva muito tempo.”
Donald Trump anuncia que vai enviar 30 mil imigrantes presos para Guantánamo, em Cuba
Mais prisões
Durante as três primeiras semanas de Trump no cargo, o ICE prendeu cerca de 14 mil pessoas, disse Tom Homan, designado “czar da fronteira” por Trump, na semana passada. Isso equivale a 667 por dia — o dobro da média do ano passado, mas que totalizaria cerca de 250 mil prisões em um ano.
As prisões do ICE aumentaram para cerca de 800 a 1.200 por dia durante a primeira semana de Trump no cargo, depois caíram conforme os centros de detenção ficaram lotados e os policiais convocados para operações especiais foram desmobilizados.
Durante o primeiro mês de Trump no cargo, o ICE dobrou as prisões de pessoas com acusações criminais ou condenações em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados fornecidos pelo Departamento de Segurança Interna.
Embora as prisões tenham aumentado, o espaço de detenção do ICE continua sendo um fator limitante. A agência atualmente mantém cerca de 41.100 detidos, com financiamento para manter 41.500.
Cerca de 19 mil desses detidos foram presos pelo ICE, enquanto cerca de 22 mil foram pegos pelas autoridades de fronteira dos EUA, de acordo com dados da agência publicados em meados de fevereiro.
Dos 19 mil presos pelo ICE, cerca de 2.800 não tinham antecedentes criminais, de acordo com os mesmos dados da agência.
O Senado dos EUA, liderado pelos Republicanos, aprovou na sexta-feira um projeto de lei para fornecer US$ 340 bilhões ao longo de quatro anos para segurança de fronteira, deportações, desregulamentação de energia e gastos militares adicionais. Mas o partido continua dividido sobre como seguir em frente com o plano de financiamento, com Trump pressionando para que o financiamento seja combinado com cortes de impostos.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.