MP denuncia 16 pessoas por formação de milícia que atuava no Brás e é formada por agentes das polícias Militar e Civil

Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), vídeos que fazem parte da investigação provam que a região de comércio popular no Centro de São Paulo está sitiada por milicianos; seis policiais faziam parte do esquema. MP denuncia 16 pessoas por formação de milícia na região do Brás; seis são policiais
O Ministério Público de São Paulo denunciou 16 pessoas acusadas de participação em uma milícia que atua no Brás, região central de São Paulo, um dos principais pontos de comércio popular do Brasil.
Segundo o órgão, pelo menos seis policiais atuavam no esquema, sendo três policiais militares da ativa, dois PMs da reserva e uma policial civil.
✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp
De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), vídeos que fazem parte da investigação provam que a região está sitiada por milicianos (veja acima).
Os denunciados são:
Michele Dantas da Costa Batista
Luzia Constantino Stefani
Viviane Leticia Felix Trevisan
Maurício Oliveira de Souza
William Perdomo Zanabria Pichamba
Peterson Ribeiro Batista
Kelen Fernanda Cardoso
Fernando Bondade de Oliveira
Ronei Rodrigues da Cruz
Luciano Santos da Silva
Francisco José da Silva Neto
Miriam Esther Hernandez Rodriguez
Paloma Joana Bueno
João Paulo Schmid
Antônio Marcos Alves de Castro
Sergio Ferreira do Nascimento
Do total, 14 pessoas foram denunciadas por formação de milícia, 15 por extorsão e duas por lavagem de bens, direitos e valores.
O cabo José Renato Silva de Oliveira, o primeiro sargento Wellington Stefani e o segundo sargento Humberto de Almeida Batista são policiais militares da ativa. Eles já respondem judicialmente, por isso não estão nessa nova denúncia.
Viviane Leticia Felix Trevisan é policial civil. Além dos quatro, os PMs da reserva Maurício Oliveira de Souza e Sérgio Ferreira do Nascimento também estão na denúncia.
Além dos policiais, outros quatro criminosos eram membros de organizações civis que deveriam representar os interesses dos comerciantes, mas, na verdade, os extorquiam.
Ronei Rodrigues da Cruz é o presidente do Sindicato dos Camelôs Independentes de São Paulo.
Já Peterson Ribeiro Batista, Kelen Fernanda Cardoso e Antônio Marcos Alves de Castro são da Cooperativa de Trabalho, Produção de Bens e Serviços do Brasil (Coopbrás).
O documento afirma, ainda, que a milícia denunciada estava em expansão e brigando com outras milícias que atuam na região.
Como parte desses comerciantes são estrangeiros e vulneráveis, sem contas bancárias, os milicianos passaram a trabalhar também com agiotagem. Ofereciam empréstimos para os comerciantes pagarem as taxas ilegais cobradas por eles mesmos. Um ciclo vicioso que, segundo o MP, aprisionava cada vez mais as vítimas.
Quatro policiais militares acusados de montarem milícia no Brás
Tudo feito com muita violência, já que tinham agentes públicos de segurança atuando como criminosos.
A denúncia também diz que esse esquema não é novo. Numa ligação grampeada pelo MP, um dos criminosos, que é PM, afirma que fazia parte há mais de três anos.
Carlos Gaya, promotor do Gaeco, explicou que as cobranças eram realizadas de uma forma meticulosa, com controle em planilhas.
“Por vezes, eles simulavam que esses pagamentos não eram vantagem indevida, mas pagamentos realizados para proteção dos próprios comerciantes. Os PMs faziam esse papel do uso da força, se utilizavam também das próprias funções de policiais militares”, afirmou.
“Mesmo quando estavam em serviço, iam para lá, ameaçavam aplicar multas nas pessoas, ameaçavam prisões em flagrantes de diversas pessoas e, quando de folga, iam lá para exercer o controle territorial. Eles loteavam pedaços da rua e exigiam contrapartida financeira pra permitir que essas pessoas realizassem o comércio delas, vendessem as mercadorias”, completou Gaya.
O que dizem os envolvidos
O SP1 procurou todos os denunciados pelo Ministério Público. As defesas do PM reformado Sérgio Ferreira do Nascimento, de Francisco José da Silva e de Paloma Joana Bueno disseram que vão provar na Justiça a inocência dos clientes.
Já os advogados de Peterson Ribeiro Batista e Kelen Fernanda Cardoso, que são casados, disseram que não tiveram acesso aos detalhes da investigação, mas negam o envolvimento deles nos crimes.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.