Um basta aos crimes contra crianças

Impressiona o volume de episódios que envolvem violência contra crianças no País e no Rio Grande do Sul. Sou um apaixonado por crianças. Com mais de 40 anos de jornalismo, presenciei inúmeras ocorrências policiais como repórter. Mas confesso que ultimamente não consigo assistir ou ler as reportagens sobre infanticídios até o final.

Para pais e mães, é impossível encontrar motivos justificáveis para cometer violência contra menores. Inúmeros casos têm, em sua gênese, o consumo de drogas, a miséria, a falta de informação e formação e um universo que todos conhecem.

O Brasil é um país carente de inúmeras soluções para problemas urgentes. A “maternidade responsável” está entre os temas que são tabus. “Ide e multiplicai-vos” foi um dogma adotado por décadas, mas que em nosso país resulta numa situação insustentável de desinformação e caos.

Não é fácil imaginar como as autoridades deveriam agir para conter o crescimento populacional. Tudo, como acontece desde 2018 no Brasil, vira radicalização, bate-boca, ofensas e troca de insultos. Perdemos a capacidade de dialogar com um mínimo de civilidade.

Enquanto a comunicação é onipresente, a civilidade escasseia a olhos vistos. Nesse contexto, os cinturões de miséria se multiplicam numa velocidade vertiginosa. Paralelo a isso crescem as estatísticas de infanticídios. São histórias horripilantes, de castigos infringidos contra bebês com meses de vida. Há casos relatados de corpos jogados em lixões, enterrados no quintal de casal ou escondidos sob o piso de residências.

São casos dignos de filmes de terror, mas que infelizmente são reais, estão no cotidiano e já ultrapassaram os limites dos grandes centros urbanos, chegando a municípios de cotidiano rural. Choca, revolta e causa indignação a ocorrência de crimes em que várias estruturas oficiais, apesar dos sinais e avisos, foram inoperantes, omissas, irresponsáveis.

Lembram do menino Bernardo, de 11 anos, cujo pai foi condenado a mais de 30 anos de prisão pelo infanticídio cometido contra o próprio filho? O fato chocou o Brasil, se arrastou por anos e rendeu milhares de manchetes. O guri foi ao promotor da cidade pedir ajuda. A avó, única parente que acolhia o menino, confirmou os maus-tratos e descaso dentro de casa. Mesmo assim, o desfecho foi trágico.

A legislação, cheia de chicanes que permitem recursos infinitos para livrar assassinos, estupradores, corruptos e bandidos de todo tipo, é sempre citada como estímulo ao crime. Deputados federais e senadores, responsáveis pela elaboração das leis, são omissos, lenientes e cúmplices. Ninguém faz nada de concreto para proteger nossos bebês e crianças.

Até quando vamos assistir calados ao extermínio de menores?

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