Menina de 4 anos torturada com isqueiro sofreu queimaduras de até 3º grau pelo corpo; VEJA


Mulher, de 22 anos, foi presa em flagrante pelo crime de tortura contra a criança em São Vicente (SP). A mãe da vítima disse que confiou em deixar as filhas com ela, assim como já ficou com as da suspeita. Menina torturada com isqueiro teve queimaduras de primeiro, segundo e terceiro grau na mão (à esq.), boca (à dir.) e parte íntima
TV Tribuna/Reprodução
A mãe da menina de quatro anos, torturada ao ter a parte íntima queimada com um isqueiro após fazer xixi na cama, disse que considerava a suspeita do crime como uma irmã. Em entrevista à TV Tribuna, afiliada da Globo, Evelyn Tayna Leite Ramos disse que deseja Justiça e que a autora continue presa. A vítima sofreu queimaduras de até 3° grau.
✅Clique aqui para seguir o canal do g1 Santos no WhatsApp.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), a Polícia Militar foi acionada pela mãe da criança, de quatro anos, para atender a ocorrência no bairro Vila Margarida. A suspeita, de 22, foi hostilizada pela população enquanto era conduzida pelos agentes a uma viatura.
“Acho que não livrei só as minhas filhas dela. Livrei as delas também porque não sei o que ela fazia com as meninas”, disse a mãe da vítima.
Evelyn contou que ficou chocada. “Não imaginava que ela ia fazer isso com a minha filha. Eu tinha ela como irmã, eu amo as filhas dela, sempre cuidei com muito amor e muito carinho das filhas dela. Não consigo entender o por que ela fez isso com a minha filha”.
A mãe da vítima disse que confiou em deixar as filhas com ela, assim como já ficou com as da suspeita. “Eu confiei nela achando que minhas filhas estavam guardadas, seguras, bem alimentadas, limpinhas, da mesma forma que as dela eram [comigo], mas infelizmente não foi isso que aconteceu”.
O caso
Justiça decreta prisão preventiva da mulher que torturou uma criança em São Vicente, SP
Segundo BO, a mãe relatou aos policiais que deixou a filha na casa da indiciada, que é amiga da família, por um período de duas semanas. Ao retornar, a menina contou que a mulher havia queimado a parte íntima dela, além das pontas dos dedos e do lábio, como punição por ter feito xixi na cama.
Ainda de acordo com o registro policial, a suspeita assumiu ter queimado a menor com a parte de metal do isqueiro. Embora a criança tenha citado que foi punida por ter feito xixi, a mulher não contou aos policiais o que motivou a ação.
Mulher é presa em flagrante após queimar parte íntima de criança com isqueiro
Prisão
O caso aconteceu no bairro Vila Margarida, por volta das 16h36 de sábado (8). De acordo com a PM, os envolvidos foram levados à delegacia, onde a mulher foi indiciada pelo delegado de plantão e teve a prisão em flagrante decretada.
O g1 entrou em contato com o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) para questionar sobre a audiência de custódia da mulher. Por meio de nota, o órgão explicou não ter informações disponíveis porque o processo está sob segredo de justiça.
Lábio superior da criança de 4 anos que foi queimada por isqueiro (à esq.) e autora sendo hostilizada pela população enquanto era colocada pelos policiais dentro da viatura (à dir.)
TV Tribuna/Reprodução e Redes Sociais
A SSP-SP informou que a criança recebeu atendimento médico no PS Central do município e, em seguida, foi encaminhada ao Instituto Médico Legal (IML) de Santos (SP) para exame de corpo de delito — perícia que comprova a materialidade de um crime.
A Prefeitura de São Vicente informou, por meio da Secretaria da Saúde (Sesau), que o artigo 73 do Código de Ética Médica indica que os profissionais de saúde são proibidos de “revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do paciente”.
Conselho tutelar
O plantonista conselheiro tutelar Anderson Paixão acompanhou a abordagem da polícia, prestando apoio à criança e à mãe. Segundo ele, o relatório médico apontou queimaduras de primeiro, segundo e terceiro grau nas regiões atingidas. A menina foi atendida no Pronto-Socorro Central e passa bem.
“A criança relatou à mãe o que havia ocorrido, que fez xixi na cama e a tia queimou ela, e apontou para as partes. Ao verificar, a mãe percebeu queimaduras na região íntima da filha e, imediatamente, acionou a Polícia Militar”, destacou o conselheiro.
De acordo com Anderson, a mãe da criança “demonstrava um aparente abalo emocional e um misto de choque e receio diante da situação”. Ainda segundo ele, o relatório médico e o boletim de ocorrência foram favoráveis à genitora, “não havendo necessidade de aplicação de medidas protetivas”.
A administração municipal, por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania (Sedhc), reforçou que o Conselho Tutelar atendeu a ocorrência de maus-tratos a uma criança, garantindo todo o suporte necessário à vítima e à genitora.
“O Conselho Tutelar seguirá acompanhando o caso, reforçando seu compromisso com a proteção integral da criança e do adolescente, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A família foi notificada a comparecer à sede do órgão para os devidos encaminhamentos”, complementou.
Denúncias de violência contra crianças sobre 24% no Brasil
VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos
Adicionar aos favoritos o Link permanente.