Dengue: cientistas criam armadilha eficaz para mosquito Aedes aegypti

Aumento na captura de ovos e eficiência contra pernilongos – Foto: Getty Images

Estudo de brasileiros usa extrato larval do Aedes aegypti, transmissor da dengue, para atrair tanto o mosquito quanto o pernilongo comum

Pesquisadores brasileiros desenvolveram uma nova estratégia para o controle do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue. O estudo, publicado nesta sexta-feira (7/2), propõe o uso de uma isca feita a partir de extrato larval do próprio inseto, combinada com um larvicida biológico.

Além de atrair as fêmeas para a oviposição, o composto impede que a armadilha se torne um criadouro. A estratégia foi criada por cientistas do Instituto Aggeu Magalhães, da Fiocruz Pernambuco, em parceria com a Universidade da Califórnia em Davis.

“Estamos oferecendo uma alternativa de isca que pode ser criada aqui, sem nenhuma importação, para que as armadilhas se tornem mais eficientes”, explica Gabriel Faierstein, pesquisador visitante do Instituto e um dos autores do artigo, à agência Bori.

O estudo utilizou a armadilha Double BR-OVT, já conhecida pela eficácia. Mas a adição do extrato de larvas do próprio mosquito, combinada com uma variante do larvicida biológico Bacillus thuringiensis (Bti), potencializou os resultados.

Segundo os testes realizados em Recife, no campus da Universidade Federal de Pernambuco, as armadilhas com o extrato coletaram cerca de 70% mais ovos em comparação às armadilhas convencionais.

A técnica também mostrou eficiência contra o Culex quinquefasciatus, o pernilongo comum, responsável pela transmissão de doenças como a filariose.

“Isso ocorre porque os extratos fornecem sinais voláteis e gustativos que tornam o local mais atrativo para oviposição”, detalha Faierstein. Ele acrescenta que o método pode reduzir a necessidade de inseticidas químicos, minimizando os impactos ambientais e à saúde humana.

Próximos passos da pesquisa

Além de atrair os mosquitos, a combinação com o larvicida Bti impede o desenvolvimento das larvas, tornando a armadilha segura e eficaz. “Esses resultados destacam a importância de compreender a ecologia dos mosquitos para o desenvolvimento de estratégias que auxiliem no controle integrado, sendo seguras para humanos, plantas e animais”, analisa Faierstein.

O grupo de pesquisa continua investigando a composição química dos extratos larvais e desenvolvendo formulações para aplicação prática. A expectativa é que a nova abordagem possa ser incorporada em programas de controle de vetores e vigilância epidemiológica, ajudando a combater surtos de dengue, chikungunya e zika.

“Apresentamos uma alternativa inovadora e eficaz para o controle integrado de mosquitos. Nosso objetivo é aprimorar a eficácia das armadilhas e aprofundar o conhecimento sobre as substâncias que influenciam o comportamento de oviposição dos mosquitos”, conclui Faierstein.

(Fonte: Metrópoles)

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