Metas de Ano Novo: como não se deixar sufocar pelas expectativas irreais de 2025?

O ano mal começou e você já está ansioso com a possibilidade de não cumprir suas metas? Não se preocupe: você não está sozinho. A virada de ano resgata sentimentos bastante complexos em muitas pessoas, principalmente nas expectativas frustradas e no medo de não conseguir realizar o suficiente no ano que chega.

Mas, afinal, o que é realizar o suficiente? A dúvida, que pode parecer bastante individual, na verdade possui raízes mais comuns do que se imagina. De acordo com um levantamento da Forbes Health, as pessoas tentam seguir com suas metas de Ano Novo por apenas 3 meses. E, dentre as resoluções mais vistas, algumas se mostram bastante simples: fazer exercícios físicos, comer melhor, ler mais. Contudo, consolidar metas que vão muito além da sua rotina pode ser desafiador e, principalmente, muito frustrante.

De acordo com o psicólogo Guilherme Cavalcanti, que atende na Segmedic, no Rio de Janeiro, traçar metas pode ser, sim, a chave para alcançar seus objetivos — desde que elas sejam reais e justas com a vida que você vem levando até então:

“Traçar metas ajuda a ter um planejamento, motiva a ir em busca de objetivos, movimenta a vida. O que se coloca é: que tipo de meta estou estabelecendo. É algo irreal? Estou fantasiando? É algo grandioso? Consigo realizar em quanto tempo? São pontos a serem considerados. É interessante dividir as metas em curto, médio e longo prazo. Isso ajuda a orientar a busca desses objetivos”.

Segundo ele, a consolidação de metas irreais e complexas para o ano que está começando pode gerar uma ansiedade generalizada e, por consequência, travar ainda mais. “A ansiedade, nesses casos, se dá quando a pessoa acredita que será um perigo não alcançar essas metas, gerando uma série de preocupações e sintomas fisiológicos. Daí a importância de se estabelecer metas que sejam possíveis e, sobretudo, dividi-las dentro de prazos reais e consideráveis”.

Como escolher minhas metas em 2025?

É importante ressaltar que metas irreais não são, necessariamente, aquelas que envolvem muito dinheiro e/ou muito tempo para serem realizadas. O importante, na verdade, é ter foco na hora de escolher o que você quer para o novo ano e o que precisa ser feito para isso seja realizado.

“É super bacana ter metas”, ressalta o psicólogo Guilherme. “O desejo de alcançar uma meta motiva, anima, faz a pessoa ir em busca daquilo. Mudar radicalmente de vida, comprar uma coisa enorme ou até mesmo encontrar o amor da vida não é algo irreal. É algo que pode demandar tempo. E esse tempo pode ultrapassar um ano. Daí chamo atenção para isso”.

Por causa disso, ainda completa, “A questão é que essas metas podem demandar muito tempo. E isso precisa estar claro, até para não gerar desânimo, frustração. Por isso, é importante estabelecer metas em curto, médio e longo prazo. A pessoa acaba tendo uma noção do que pode ser conquistado em dias ou semanas, num semestre e em um ano ou mais. Dá uma clareada e ajuda a pessoa a manter o foco, evitando estresse e ansiedade, por exemplo”.

O fim do ano pode gerar muita ansiedade e atrapalhar as suas metas (Foto: Freepik)

O fim do ano pode gerar muita ansiedade e atrapalhar as suas metas (Foto: Freepik)

Por que o fim de ano gera tanta ansiedade?

Se reunir com a família e os amigos nas festas de fim de ano pode parecer bastante divertido para muitas pessoas — contudo, para outras, pode ser um gatilho para muitos sentimentos negativos. Por causa disso, consolidar as metas no fim do ano pode ser ainda mais complicado.

Alguns especialistas categorizam esta energia que circula durante a reta final do ano de ‘dezembrite’: o sentimento melancólico e/ou ansioso de olhar para si e, muitas vezes, achar que realizou pouco no ano que se passou. Tudo isso ainda é somado com convivências familiares complexas e, até mesmo em alguns casos, festas de fim de ano solitárias.

Segundo o psiquiatra Walter Nobrega, também médico da rede Segmedic, no Rio de Janeiro, a depressão de fim de ano advém de uma frustração natural do ser humano — mas que deve ser analisada de caso a caso.

“Mais pessoas buscam ajuda nessa época do ano por alguns fatores, como o esgotamento mental após trabalhar o ano todo e também porque o Natal é associado à família — e é quando nós lembramos e sentimos falta daqueles que já partiram”, explica. “Ao final do ano estamos no nosso limite do emocional, mas muito do que é observado em consultório surgiu meses antes com pequenos incômodos que foram se intensificando até gerar transtorno ansioso ou depressivo destas datas”.

O Centro de Valorização da Vida (CVV) — canal oficial do Sistema Único de Saúde (SUS) para apoio emocional e prevenção do suicídio – atendeu ao menos 224 mil ligações em dezembro de 2024. Os motivos? Inúmeros, mas principalmente pessoas se queixando de solidão e tristeza nas datas do Natal e do Ano Novo. Por causa disso, Walter alega que, apesar deste sintomas serem característicos dessa época do ano, é sempre importante se atentar à intensidade deles e, em casos mais graves, procurar um especialista.

“O sofrimento é uma experiência subjetiva e cada pessoa vivencia ele de uma forma. O que gera gatilho para um paciente pode não ser nada demais para o outro”, afirma o psiquiatra. “Por isso, eu encaminho todos meus pacientes para a terapia. É nela que o paciente vai conseguir reordenar a vida e construir a fortaleza mental para encarar os altos e baixos”.

Mantenha as metas em dia

Entender os seus limites é a chave para fazer metas possíveis e reais do que precisa ser melhorado na sua vida. Para isso, é importante mergulhar no autoconhecimento e se aprofundar no que você quer para o futuro — seja ele próximo ou distante.

“A virada de ano é o momento em que a gente é lançado numa nova etapa. É um ciclo que se inicia, cheio de oportunidades e possibilidades. Algumas pessoas podem enxergar isso com medo, sobretudo do desconhecido, o que pode assustar num primeiro momento. Geralmente, quem está deprimido ou excessivamente preocupado pode experimentar a virada de ano como algo ruim”, relembra o psicólogo Guilherme. “O que a gente precisa é ter atenção na forma em que se avalia esse momento, sobretudo, no que se está pensando a respeito do futuro que está por vir. Porque é isso que, de alguma forma, faz com que algumas pessoas fiquem negativas e pessimistas nesse período. É preciso mudar o olhar”.

E para quem enfrentou um período delicado no fim de ano, mas mesmo assim deseja viver 2025 de uma maneira mais leve, Guilherme recomenda: “Ter uma boa perspectiva em relação aos próximos dias que estão por vir é uma forma saudável de encarar o novo ano. Por isso, tracem suas metas sem muitas preocupações ou medo de não realizá-las. Sejam verdadeiros consigo e almejem aquilo que faz sentido para vocês, sem cobranças excessivas e expectativas exageradas. Não fiquem reféns do que tenha dado errado no ano que passou. Tirem algum aprendizado com isso. Vejam onde há necessidade de ajustes. Sigam adiante”.

Para o psiquiatra Walter, os momentos delicados precisam, sim, ser sentidos e vividos — mas é necessário um equilíbrio para viver a vida não só no fim do ano, mas ao longo de todos os seus 365 dias.

“Muita gente encerra o ano fazendo promessas e não toma atitude para cumprir. É claro que eventualmente acontece algo mais sério que nos impossibilita atingir as metas, mas na maior parte das vezes temos preguiça ou pouca persistência. A frustração vai durar enquanto a pessoa não agir para cumprir seus objetivos. Muitas coisas não dependem de nós e não podemos nos abalar por aquilo que não está em nosso domínio”.

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