Operação começa nova fase para remover escombros e pilar que sobrou após implosão de ponte entre TO e MA

Máquinas pesadas fazem remoção do último pilar da ponte JK — Foto: Ana Paula Rehbein/TV Anhanguera

Após da implosão do que restou da ponte JK, a operação de demolição da estrutura inicia uma nova fase com a remoção dos escombros, por meio da técnica chamada de fragmentação mecanizada. O pilar que permaneceu em pé também será retirado utilizando essa técnica.

A ponte ligava os estados do Tocantins e do Maranhão desde os anos de 1960. Com diversos problemas estruturais, ela desabou no dia 22 de dezembro de 2024 causando mortes, deixando um ferido e desaparecidos. Dez veículos entre carros, motos, caminhonetes e carretas, estavam na estrutura quando ocorreu o desabamento. O acidente deixou 14 mortos e três pessoas seguem desaparecidas.

O engenheiro de minas, Manoel Jorge Diniz Dias, conhecido como Manezinho da Implosão, foi o responsável pelo processo. Ele contou para a TV Anhanguera que o pilar que sobrou estava recebendo atenção especial por apresentar movimentação.

“A estrutura do lado do Tocantins estava muito comprometida. O monitoramento com acelerômetro [no dia 26 de janeiro] denunciou um deslocamento muito preocupante desse pilar. Mandei paralisar os trabalhos e a partir dali, com menos de três linhas de perfuração, não fizemos mais nenhuma intervenção no pilar,” explicou.

Ainda segundo o engenheiro, a operação mecanizada estava prevista para acontecer durante a ação de demolição da ponte. Nesta fase serão utilizadas máquinas pesadas para remover o pilar. “dentro do contexto de fragmentação mecanizada, que é o que se segue, a eliminação desse pilar eu diria até que é como tirar pirulito da boca de criança”, comentou.

Manezinho da Implosão já participou de mais de 200 implosões. Algumas das principais atuações foram em obras históricas brasileiras como o Presídio Carandiru, Edifício Berrini e o Estádio Fonte Nova. Ainda assim, o engenheiro afirmou ter se sentido tocado pela emoção dos moradores das cidades de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA) que convivem com a perda das vítimas e o colapso econômico na região.

“O componente emocional também nos atinge, por mais que você tenha serenidade e sangue-frio para enfrentar o desafio. É difícil você ter que enfrentar algo diante de tanta comoção”, contou.

Implosão

A etapa de implosão da ponte no domingo (2) está dentro do cronograma para a construção da nova estrutura. O Consórcio Penedo – Neópolis, constituído pela Construtora A. Gaspar S/A e Arteleste Construções Limitada, é responsável pela obra e tem o prazo para entrega de um ano. Foram usados 250 kg de explosivos em perfurações feitas na estrutura.

Os explosivos foram instalados em cada uma das plataformas, sendo posteriormente ativados com uma diferença de 3 segundos. Todo o processo levou cerca de 15 segundos. Imagens aéreas feitas por drone registraram o momento exato em que os explosivos foram acionados e levaram a estrutura ao chão.

Implosão da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, entre Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA) — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

O procedimento exigiu a evacuação de uma área de segurança tanto do lado tocantinense como do maranhense. A Prefeitura de Aguiarnópolis, juntamente com a Defesa Civil, retiraram a população que mora na região uma hora antes da ação. A população foi autorizada a voltar 30 minutos após ter sido finalizada a implosão.

Técnicos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) monitoraram o procedimento que utiliza a técnica de calor intenso e explosivos. O material foi colocado de forma estratégica para causar ‘fraturas’ no concreto e provocar o desmonte da estrutura da ponte.

O concreto que caiu às margens do Rio Tocantins será retirado por máquinas. Para facilitar o acesso, o solo abaixo da ponte passou por terraplanagem.

Vítimas

O desabamento da ponte JK deixou 18 vítimas. Desse número, o único sobrevivente foi Jairo Silva Rodrigues. Ele foi encontrado ferido no rio logo após o colapso da estrutura. Além dele, os corpos de outras 14 pessoas foram localizados.

Três pessoas continuam desaparecidas. Eles são Salmon Alves Santos, 65 anos, e o neto, Felipe Giuvannuci, de 10 anos, e Gessimar Ferreira da Costa, de 38 anos.

Veja quem são as vítimas encontradas no rio:

  • Lorena Ribeiro Rodrigues, de 25 anos, era natural de Estreito (MA) mas morava em Aguiarnópolis (TO);
  • Lorranny Sidrone de Jesus, de 11 anos. Ela estava em um caminhão que transportava portas de MDF, que saiu de Dom Eliseu (PA) e caiu no rio Tocantins;
  • Kécio Francisco Santos Lopes, de 42 anos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, ele era o motorista do caminhão de defensivos agrícolas;
  • Andreia Maria de Souza, de 45 anos. Ela era motorista de um dos caminhões que carregavam ácido sulfúrico;
  • Anisio Padilha Soares, de 43 anos;
  • Silvana dos Santos Rocha Soares, de 53 anos;
  • Elisangela Santos das Chagas, de 50 anos. Ela estava em uma caminhonete, junto com o marido, o vereador Alison Gomes Carneiro (PSD);
  • Rosimarina da Silva Carvalho, de 48 anos;
  • Alison Gomes Carneiro, de 57 anos. Ele era vereador e estava na caminhonete com a esposa, Elisangela Santos, que também morreu na tragédia;
  • Cássia de Sousa Tavares, de 34 anos. O corpo dela foi retirado de dentro de um veículo. Ela viajava com a filha, Cecília, de três anos, e o marido, Jairo Silva Rodrigues. Apenas ele sobreviveu à tragédia;
  • Cecília Tavares Rodrigues, de 3 anos. A menina viajava com a mãe, Cássia, e com o pai, Jairo Silva Rodrigues;
  • Beroaldo dos Santos, de 56 anos. O corpo dele foi localizado dentro da água, na cabine da carreta que transportava as 76 toneladas de ácido sulfúrico;
  • O mototaxista Marçonglei Ferreira, de 43 anos, que trabalhava na região;
  • Alessandra do Socorro Ribeiro, de 40 anos, natural de Palmas, no Tocantins. A identificação foi realizada em São Luís por meio de exame de DNA.

(Fonte: g1 Tocantins)

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