Janeiro foi o mês mais seco nos últimos seis anos

Os efeitos da estiagem no Rio Grande do Sul também começam a ser percebidos pelos santa-cruzenses. De 1º a 31 de janeiro de 2025, choveu apenas 28,53 milímetros no Centro do município, o mais seco em seis anos.

Conforme os dados da estação meteorológica da Gazeta Grupo de Comunicações, foi o menor índice registrado no mês desde 2019. Naquele ano, o volume foi de 33 milímetros. Em janeiro de 2024, o índice pluviométrico chegou a 217. Já em 2023, o acumulado foi de 37 milímetros. O maior volume registrado em janeiro foi em 2021, de 284 milímetros. 

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No informativo da EmaterRS-Ascar publicado no fim do mês passado, consta que o ano iniciou com a caracterização do fenômeno La Niña, indicando que as temperaturas do Oceano Pacífico Equatorial estão mais frias. Com esse evento atmosférico, a evaporação da água do mar diminui e, somado ao aquecimento da atmosfera, resulta nas secas e bolsões de ar quente. 

De acordo com a entidade, em janeiro de 2025 o volume de chuva no Rio Grande do Sul foi menor do que o normal para o período. Porém, enquanto o Estado sofre com a seca, em outras partes do Brasil registraram inundações.

A situação, no entanto, não deve mudar tão cedo. Na sexta-feira, dia 31, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu aviso laranja, que indica perigo, para o Rio Grande do Sul. Ele iniciou ontem e estende-se até quarta-feira, e vale para boa parte do Estado, com destaque para o Sudoeste e o Noroeste. 

Segundo o Inmet, as temperaturas máximas devem ficar entre os 35 e 40 graus, podendo superar os 42 na região Oeste. Em Santa Cruz, o instituto aponta que os termômetros devem alcançar o patamar de 35 a 38 graus. 

Baixo volume de chuva já causa perdas aos produtores

No distrito de São José da Reserva, situado a cerca de 19 quilômetros do Centro de Santa Cruz, o produtor Arapoti Ascânio Cremonese, de 48 anos, teve quebra de 30% na sua plantação durante o mês de janeiro. “No meu caso, é normal registrar perda em janeiro. Já é uma tradição basicamente, mas esse ano acabou piorando um pouco mais”, avaliou.

A seca, somada às altas temperaturas e a baixa umidade do ar, afeta sobretudo a plantação de tomate. Por safra, Cremonese tem uma produção de aproximadamente 1,5 mil caixas. No entanto, diante dos efeitos meteorológicos, deve resultar em cerca de 450 a menos. “Eles esquentam e ficam manchados, feios para vender no mercado”, relatou.

De acordo o produtor, o impacto agrava uma vez que o valor do tomate estava mais baixo, diante da maior produção em outras regiões do País. “Então, acabamos não tendo muito lucro.”

Na avaliação da presidente da Associação Santa-cruzense de Feirantes (Assafe), Patrícia Nichterwitz, embora o calor tenha alterado a qualidade dos produtos, não afetou a quantidade. Porém, o clima exige maior uso de irrigação, que no seu caso tem sido feita de três a quatro vezes por dia. 

Produtora de Linha Travessa, Patrícia relata que as hortaliças folhosas (alface, couve, cebolinha, entre outros) requerem mais atenção. “Não basta apenas água, mas também de sombra para elas não sofrerem tanto e ficarem amargas”, explicou.

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Conforme a feirante, enquanto no final de dezembro houve chuva regular e distribuída em todas as localidades, o mês de janeiro foi de escassez. “Passamos praticamente todos os dias sem chuva. E nós sabemos que a água dela é melhor do que qualquer tipo de irrigação. Mas vamos nos virar como dá.” Para ela, a expectativa de calor acima da média para fevereiro poderá afetar a oferta. “Nas próximas semanas vamos notar nas feiras o resultado das altas temperaturas.”

Em Santa Cruz:

Ano Volume (mm)
2025 28,53
2024 217
2023 37
2022 165
2021 284
2020 256
2019 33

Estado de emergência

Até sexta-feira passada, 37 municípios gaúchos decretaram situação de emergência em função da estiagem. Estima-se que 124 mil pessoas foram afetadas, diante do abastecimento de água comprometido.

Encruzilhada do Sul, no Vale do Rio Pardo, compõe a lista. De acordo com a Prefeitura, as perdas chegam a R$ 153 milhões no setor primário, com redução de 50% na safra de milho, 35% na melancia, 27% no tabaco e 25% na soja. 

Com 545 alunos afetados no interior, diante da escassez hídrica em cinco localidades, o início do ano letivo na rede municipal, previsto para dia 12, está prejudicado. Estima-se que pelo menos 900 moradores do interior estejam com dificuldade de acesso à água potável. Diante da situação, o município prevê a instalação de duas cisternas, com capacidade de 15 mil litros, além do envio de caminhão-pipa, que deve entregar cerca de 80 mil litros de água potável.

Solo secou e compromete o desenvolvimento das culturas de verão, como o milho. | Crédito: Leandro Noronha/Divulgação/GS

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