Engenheiro que comandou implosão da ponte entre TO e MA analisa resultado 

Do ponto de vista técnico, a implosão da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, na BR-226, entre Aguiarnópolis e Estreito (MA), foi ‘extraordinário’, segundo o engenheiro de minas responsável pelos trabalhos, Manoel Jorge Diniz Dias. Mais de 200 kg de explosivos foram acionados às 14 horas deste domingo (2) e levaram abaixo o que havia restado da estrutura em 15 segundos.

A ponte ligava os estados do Tocantins e do Maranhão desde os anos de 1960. Com diversos problemas estruturais, ela desabou no dia 22 de dezembro de 2024 causando mortes e deixando um ferido e desaparecidos. Dez veículos entre carros, motos, caminhonetes e carretas, estavam na estrutura quando ocorreu o desabamento.

De acordo com o engenheiro conhecido como Manezinho da Implosão, a ação foi satisfatória levando em consideração o desafio de tentar evitar o máximo possível que parte do concreto caísse na água e a necessidade de minimizar os impactos. 

“O resultado superou nossas expectativas por conta do desafio que representou, principalmente esse lado do Tocantins. Nós convivemos com o drama muito grande com relação àquele pilar remanescente”, explicou. 

Imagens de drone feitas pela TV Anhangueramostraram a ação. No lado tocantinense da ponte, apenas um pilar se manteve em pé mesmo com a força das explosões. Segundo o engenheiro, a estrutura apresentou instabilidade anteriormente e não foi possível colocar a mesma quantidade de material explosivo dos outros pontos.

“Esse é o pilar onde estava a junta e um pilar que estava sendo monitorado o tempo todo com o acelerômetro. Toda a intervenção que nós fizemos desse lado foi monitorada. A estrutura trabalhou de forma preocupante e nós abandonamos os trabalhos e fomos até o limite da segurança que é a realização de três furos apenas. Com esse resultado, sendo que lá na frente o pilar rompeu totalmente. Se a gente conseguisse essa quantidade, mas não foi possível. Mas aconteceu que ficou a ponte e era o que se esperava e agora tem acesso às máquinas, a construtora vai poder entrar aí e fazer um trabalho tranquilo”, disse, afirmando que a retirada do material deve ser feita com máquinas de grande porte.

Como praticamente toda a ponte foi derrubada para que a nova estrutura seja construída, o engenheiro explicou que apesar de apenas um pilar ficar em pé, as expectativas do consórcio e do Dnit foram atendidas. 

“Não é o caso de comemorar, lógico. O pano de fundo de tudo isso é uma tragédia, mas para atender a demanda que se faz presente aqui com relação à população, a necessidade de se retomar sua rotina, das pessoas voltarem a sonhar e de nós fazermos essa artéria voltar a funcionar, ligando o norte ao sul, o resultado, na minha avaliação, foi extraordinário”, pontuou o especialista que já participou de mais de 200 implosões, entre elas do Presídio Carandiru, Edifício Berrini e o Estádio Fonte Nova.

Com as ações de segurança tomadas antes da implosão, como evacuação de área de risco, Manoel afirmou que a região ainda vai passar por análises para monitorar possíveis impactos. 

“Vamos avaliar os resultados da cismografia, tem uma equipe muito qualificada. A área foi toda monitorada, foi feita também uma vistoria cautelar e vai ser feita uma vistoria. A receptividade da população foi muito boa, os resultados preliminares e a percepção aqui no local indica que não teve problema nenhum”, afirmou, elogiando as equipes da Prefeitura de Aguiarnópolis e as Defesas Civis dos dois estados pela condução da população.

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