Decisões de Trump sobre veículos elétricos podem impactar preços no Brasil

As políticas implementadas pelo presidente norte-americano Donald Trump sobre o setor automotivo devem ter reflexos diretos no mercado brasileiro de carros elétricos. Ao assumir o cargo, Trump anunciou o fim dos programas de incentivo à produção e venda de veículos elétricos, criados pelo seu antecessor, Joe Biden. A medida pode aumentar a oferta de carros chineses no Brasil, resultando na redução dos preços desses veículos.

Pontos Principais:

  • Trump revogou políticas de incentivo aos carros elétricos implementadas por Joe Biden.
  • A medida deve aumentar a oferta de veículos elétricos chineses no Brasil.
  • Especialistas preveem redução nos preços dos elétricos no mercado brasileiro.
  • Produção nacional pode ser impactada pela concorrência com veículos importados.

O presidente Trump afirmou que sua administração revogará o mandato que obrigava a adoção de veículos elétricos nos Estados Unidos, destacando o compromisso de proteger a indústria automobilística tradicional do país. A decisão interrompe uma série de políticas que visavam acelerar a transição para veículos com menor emissão de carbono. Com o fechamento parcial do mercado americano para veículos elétricos, as montadoras chinesas, que lideram o setor, buscarão novos mercados para escoar sua produção excedente.

A decisão de Trump de eliminar incentivos para veículos elétricos nos EUA pode aumentar a oferta de carros chineses no Brasil, provocando uma queda nos preços devido ao excesso de estoque.
A decisão de Trump de eliminar incentivos para veículos elétricos nos EUA pode aumentar a oferta de carros chineses no Brasil, provocando uma queda nos preços devido ao excesso de estoque.

Segundo especialistas, o excesso de estoque resultante da redução das vendas nos EUA pode pressionar os preços no Brasil. O aumento da oferta, sem uma demanda equivalente, tende a reduzir os preços dos veículos elétricos disponíveis no mercado brasileiro.

Impactos da decisão de Trump no mercado brasileiro

A mudança nas políticas americanas abre oportunidades para o Brasil se tornar um destino atrativo para montadoras chinesas. Ricardo Bastos, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (Abve), destacou que as medidas anunciadas por Trump já eram esperadas desde sua eleição e que o Brasil pode se beneficiar com um aumento de investimentos da China no setor automotivo.

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O crescimento das vendas de veículos elétricos e híbridos no Brasil foi expressivo em 2024, com um aumento de 88% em relação a 2023. No ano passado, 177 mil unidades foram comercializadas, representando 8% do total de veículos vendidos no país. Modelos como o Dolphin Mini, da BYD, estão entre os mais vendidos. A tendência de aumento na eletrificação do mercado brasileiro deve continuar, acompanhando o crescimento global desse segmento.

Apesar da possível queda nos preços, o aumento das importações pode dificultar o início da produção local de veículos elétricos. Para estimular a instalação de fábricas no país, uma alternativa seria o aumento das alíquotas de importação, atualmente em 18%. Torelli sugere que essa medida pode ser necessária para proteger o mercado interno e incentivar a produção nacional.

Produção de veículos elétricos no Brasil e estratégias futuras

O Brasil tem planos de iniciar a fabricação de veículos elétricos ainda em 2025. A montadora chinesa GWM pretende produzir 25 mil unidades por ano em sua fábrica em Iracemápolis, São Paulo, a partir do segundo semestre. Já a BYD, também chinesa, começará sua produção no primeiro semestre, com a montadora em Camaçari, Bahia, que será a maior da empresa fora da China, com capacidade para fabricar entre 150 mil e 300 mil veículos por ano.

Especialistas apontam que a decisão de Trump pode ser uma estratégia para atrair montadoras chinesas a estabelecerem fábricas nos Estados Unidos. Torelli sugere que, ao restringir a importação de veículos elétricos, Trump busca incentivar a construção de fábricas no território americano, promovendo a reindustrialização e a geração de empregos. Antônio Jorge Martins, coordenador dos cursos de MBA da Fundação Getúlio Vargas (FGV), também acredita que a medida visa fortalecer a indústria automotiva tradicional dos EUA.

Enquanto as montadoras chinesas dominam o mercado global, fabricantes americanos e europeus enfrentam desafios para acompanhar a transição para a eletrificação. Martins destaca que produtores europeus estão sob pressão devido a multas por não cumprirem metas de redução de emissões. A estratégia de Trump pode ser uma forma de dar mais tempo para que empresas como Ford e GM evoluam seus modelos elétricos.

Reações e desafios políticos nos Estados Unidos

As mudanças promovidas por Trump incluem o cancelamento do decreto que exigia que 50% dos veículos vendidos nos EUA até 2030 fossem elétricos, híbridos ou movidos a hidrogênio. O financiamento federal para a instalação de carregadores de veículos elétricos também foi suspenso. Trump prometeu revogar a autorização da Califórnia para proibir a venda de carros movidos a gasolina e eliminar incentivos fiscais para produtores de combustíveis alternativos.

Entretanto, a reversão completa das políticas de Biden pode enfrentar obstáculos. Muitas das medidas pró-veículos elétricos foram implementadas por meio de leis que exigem aprovação do Congresso para serem revogadas. Apesar da maioria republicana na Câmara e no Senado, Trump poderá encontrar resistência, especialmente em relação à Lei de Redução da Inflação de 2022, que destinou US$ 400 bilhões a projetos de energia limpa.

A Alliance for Automotive Innovation, que representa o setor automotivo, pediu ao Congresso que mantenha as disposições da lei, argumentando que são fundamentais para consolidar os Estados Unidos como líder global na tecnologia e fabricação automotiva. A lei beneficiou estados tradicionalmente republicanos, que receberam 85% dos recursos e criaram mais de 100 mil empregos, tornando difícil para Trump obter apoio unânime dentro de seu próprio partido.

Implicações para a indústria automotiva brasileira

A perspectiva de aumento da oferta de veículos elétricos no Brasil pode beneficiar consumidores com preços mais acessíveis, mas também apresenta desafios para a indústria local. O governo brasileiro pode considerar a criação de novos tributos sobre peças importadas para incentivar a produção nacional de componentes de alta tecnologia, aumentando o índice de nacionalização.

Segundo Martins, o Brasil tem potencial não apenas para atender ao mercado interno, mas também para se tornar um polo exportador de veículos elétricos para outros países da América Latina. O fortalecimento da produção local pode ser uma resposta estratégica ao aumento das importações, garantindo que o país se beneficie das mudanças no cenário global sem comprometer o desenvolvimento da indústria nacional.

As medidas de Trump podem ter efeitos duradouros tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, alterando a dinâmica do mercado automotivo global. Enquanto o Brasil se prepara para expandir sua produção de veículos elétricos, o futuro do setor dependerá da capacidade de adaptação às mudanças nas políticas internacionais e às demandas do mercado.

Fonte: AutoPapo, UOL e Autossegredos.

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