O que estudantes dizem sobre a imigração

Oano de 2024 foi intensamente dedicado a refletir, nas mais variadas áreas da sociedade, sobre as peculiaridades e o legado advindo da imigração alemã no Brasil, que completou 200 anos em julho. Entre os que se motivaram a escrever e a refletir a respeito estiveram os estudantes dos ensinos Fundamental e Médio. Um concurso de redações promovido pela subcomissão local encarregada de elaborar programação alusiva ao bicentenário resultou em um livro que pereniza esses textos. Salvando memórias, em 134 páginas, foi organizado pelo professor Elenor José Schneider, colunista da Gazeta do Sul, e saiu sob o selo da Editora Gazeta.

Uma vez que a obra foi estruturada na reta final do ano, depois da revelação dos vencedores desse concurso e da premiação, o lançamento oficial e a distribuição efetiva devem ocorrer a partir do início do ano letivo de 2025. O custo foi viabilizado pelo Centro Cultural 25 de Julho. Conforme explica Elenor na apresentação, a subcomissão recebera 72 textos no prazo fixado. Destes, nove foram premiados, três em cada categoria: de 6o e 7o anos, de 8o e 9o anos, e dos três anos do Ensino Médio.

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O regulamento já previa a seleção das 30 melhores redações para um livro, mas a estas foram agregados mais três. Schneider esclarece ainda que 23 escolas municipais, estaduais e particulares aderiram ao concurso. Dos textos elaborados em cada educandário, apenas dois por categoria foram enviados aos cuidados da Comissão Avaliadora, composta por membros da Academia de Letras de Santa Cruz do Sul, entre os quais esteve o próprio Elenor.

Assim, tem-se agora, reunidas em volume, redações elaboradas por meninos e meninas dos quatro anos finais do Ensino Fundamental e dos três anos do Ensino Médio, abordando os mais variados aspectos associados à imigração e à colonização alemã. São olhares jovens que prestam atenção a fatores e temas do cotidiano das famílias, inclusive a partir de conversas ou pesquisas que os estudantes realizaram em suas comunidades.

Como frisa Elenor, em seu texto de abertura, a expressão “salvando memórias”, do título, sugere que, ouvindo os ancestrais, pesquisando sobre o passado e registrando esses conhecimentos por escrito, é possível viabilizar a sobrevivência desse legado e dessa cultura, ainda por muito tempo. Para, quem sabe, salvar também o futuro.

O olhar dos vencedores do concurso

O livro Salvando memórias abre cada seção com a redação vencedora em cada uma das três categorias. O primeiro texto, de sexto e sétimo anos, é “A carta da imigração”, da aluna Valentina Panta Battisti, do sétimo ano da Educar-se. Ela foi orientada pela professora Janesca Ivanete Kuntzer Wegner. Já na categoria de oitavo e nono anos, a vencedora foi Bianca Leticia Werner, do 9 ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Nossa Senhora da Glória, com o texto “Imigração alemã: um legado que não se apaga”.

Bianca tem 15 anos e reside em Linha Cerro da Mula, interior de Sinimbu. Sua professora foi Mariele de Freitas. Por fim, na categoria Ensino Médio venceu Mariana de Lara Kipper, com “Der siebte von ihnen” (“O sétimo deles”, em tradução). Ela é aluna do 2o ano do Ensino Médio da Educar-se, e foi orientada pela professora Catiussa Martin.

“Uma viagem tem muitos aspectos. A aventura fora de nossas terras é certamente incalculável, estendendo-se para dimensões além do receio ou entusiasmo. Como um arco-íris, seu aro circunda todos os limites do pensamento: para fora do vasto horizonte, direcionava meu olhar, pensava nas variadas matizes da paisagem contrastando com tal pensamento caucasiano. 

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O acovardamento ultrapassa a intensidade dos verdes florestais que minha mente projetava: deixava sua casa, em direção ao novo mundo. De repente, meu lugar não era mais seguro e o império desmembrava toda a Alemanha, de maneira que se tornava impossível permanecer, porém eu era o sétimo deles e tinha uma missão familiar: sobreviver, para isso precisaria escapar daquela pangeia social. Contudo, eu não escolheria entre Laurásia e Gondwana, e sim lugar de terras fartas, o qual eu não conhecia muito, apenas o nome: Brasil. 

Como, a partir de minha vida, colocar-me-ia diante disso? Ou acordo com a tradição, um símile do abandono? Mas, de modo semelhante, a história é consequência dos antigos, como do novo nasce o medo. Ou a lembrança do frio é o calor saudosista deste navio.” Da redação de Mariana de Lara Kipper

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