Após vistoria, Prefeitura de Santa Cruz planeja ações para recuperar estrutura do Parque da Gruta

“Viva em paz com a natureza.” A frase estampa a placa instalada a poucos metros do pórtico do Parque da Gruta. Situada a dois quilômetros do centro de Santa Cruz do Sul, a área de 17 hectares é considerada um refúgio verde em meio à urbanização.

Coberta por vasta mata nativa, proporciona aos visitantes contato único com o meio ambiente. Um de seus grandes atrativos está justamente na gruta que lhe empresta o nome, bem como nas instalações hidráulicas que por anos abasteceram a cidade. Para desfrutar do espaço, há área com bancos e churrasqueiras, equipada com banheiros e grande quantidade de lixeiras.

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Desde que abriu os portões, em 14 de dezembro de 1969, o Parque da Gruta foi agregando uma série de atrações. Lá, já havia um minizoológico, parede de escalada, circuito de arvorismo e até um teleférico.
Hoje, no entanto, está muito aquém do que foi no auge. Na última quarta-feira, 29, a Gazeta do Sul visitou o ponto turístico para fazer um diagnóstico da estrutura.

A falta de cuidados é evidenciada em vários aspectos. Placas apagadas, materiais quebrados e edificações abandonadas são apenas alguns dos problemas que podem causar risco aos visitantes.

Município planeja ações para revitalizar estrutura do ponto turístico

Na manhã dessa sexta-feira, 31, o prefeito Sérgio Moraes visitou o Parque da Gruta, acompanhado de uma comitiva – que incluía a secretária municipal de Turismo, Jaqueline Marques de Souza –, para verificar as condições da estrutura.

Secretária de Turismo e prefeito Sérgio Moraes verificam as condições do parque

Para a titular da pasta, a primeira impressão que teve ao conferir um dos pontos mais visitados do município foi de abandono. Conforme Jaqueline, é necessário uma manutenção periódica, o que, na sua visão, parece não ter sido realizado nos últimos anos. “É um abandono e um descaso”, disse.

Após a inspeção, ela informou que o parque passará por uma revitalização. Isso envolve, por exemplo, rever as passarelas, além das churrasqueiras, bancos e demais instalações utilizadas pelos visitantes.
O trabalho de recuperação também envolverá a roda d’água, uma referência histórica do espaço. “Precisamos urgentemente recuperá-la”, frisou a secretária.

Bloqueada desde maio do ano passado, após os temporais, a trilha obstruída também será revitalizada para permitir o acesso às cascatas. Para isso, entretanto, será necessário uma avaliação técnica da Defesa Civil, para evitar um novo deslizamento, e a remoção das árvores caídas. “Para nós, foi uma surpresa vê-la obstruída. Obviamente, isso não é algo a ser resolvido imediatamente”, comentou Jaqueline.

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Além disso, há o interesse de trazer de volta ao Parque da Gruta as atividades de escalada e do circuito de arvorismo, uma vez que a estrutura já existe no local e está abandonada. “É uma modalidade esportiva e de aventura que combina muito bem com o espaço. Mas isso precisa passar por uma avaliação técnica, procurar realmente pessoas capacitadas para trazer de volta essa prática esportiva para a gruta”, afirmou a secretária.

O prefeito Sérgio Moraes reiterou a necessidade de revitalizar o ponto turístico, que, na sua visão, está abandonado. Além dos projetos elaborados pela Secretaria de Turismo, afirmou que vai solicitar à gestão do restaurante da Gruta para que o pedalinho volte a ser um atrativo. “Vamos nos reunir agora com os engenheiros e técnicos, avaliar os custos, levantarmos o valor, e ir atrás do dinheiro para resolver esse problema.”

Trilhas ecológicas fechadas diante do descaso

O Parque da Gruta atrai turistas pela oportunidade de estar em contato com a natureza. Vende-se a ideia de poder caminhar pelas trilhas ecológicas e percorrer a mata nativa até chegar às cascatas.
Entretanto, a realidade está distante da imagem projetada para chamar os visitantes. Com a falta de manutenção e sinalização, a experiência de estar em meio à natureza pode se tornar frustrante. E os problemas não passaram batidos por visitantes, que manifestaram os contratempos na página TripAdvisor.

Fim da linha: visitantes que desejam passear na trilha 1, que dava acesso às cascatas, são surpreendidos por bloqueio provocado por deslizamento

Quem for percorrer a primeira trilha, que leva à cascata, terá que dar a volta ainda no início. Isso porque o trajeto ficou bloqueado após deslizamento de terra e queda de árvores. As demais trilhas podem ser acessadas. No entanto, devido à falta de placas, presentes no início, é fácil acabar se perdendo em meio à mata.

Pontos que carecem de manutenção

Atenção redobrada ao desfrutar do local

O Parque da Gruta virou espaço de aula da oficina Chef de Cozinha Kids do Senac Santa Cruz do Sul. A turma, formada por 19 alunos e cinco monitores, pôde aproveitar as atrações e brincar em meio à natureza.

No entanto, em virtude das condições do local, as atividades requerem cuidado redobrado. A coordenadora e docente do curso de Gastronomia, Cátia Leal Silveira, citou, por exemplo, o estado das mesas e churrasqueiras. Além disso, considerou necessária a melhoria da acessibilidade para garantir a segurança nas trilhas.

Turma do projeto do Senac visitou o parque

Diante dos problemas, ela e os monitores ficavam constantemente de olho nas crianças. “Em um ambiente desses já precisamos estar atentos aos insetos, o que é comum, afinal fazem parte da natureza. Agora, quando existe a insegurança, o risco é muito maior. Por isso, temos que estar atentos”, afirmou.

Riqueza ecológica

Por estar localizado no Cinturão Verde, o Parque da Gruta destaca-se também por sua flora e pela fauna rica. É considerado um corredor ecológico, uma área de vegetação responsável por conectar a mata.
Conforme o pesquisador e cientista Jair Putzke, ela é composta por aproximadamente 80 espécies de árvores. No ponto onde os visitantes chegam, há várias espécies exóticas, incluindo tipuanas e plátanos, introduzidas pelos colonizadores alemães. “E, talvez, alguns dos exemplares sejam tão antigos quanto a própria colonização”, afirma.

Houve também a introdução da taquara e do bambu para a produção de móveis. Segundo Putzke, devido à disseminação em demasia, possivelmente será necessário algum manejo para não prejudicar a floresta.

Quanto à fauna, cita a presença de tucanos e macacos, que se tornaram uma das grandes atrações do parque. Há ainda cervos de pequeno porte, tatus, cutias e até pacas, ainda que raras, espécies características da nossa fauna.

Também entram na lista os gatos-do-mato, além de uma grande comunidade de insetos. “E, mais recentemente, até a possibilidade de jaguatiricas circulando no ambiente. Mas grande parte destas acabamos não percebendo, a não ser seus vestígios.”

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