Carlos Ghosn: o brasileiro que liderou a Nissan, lançou um GT-R e escapou do Japão em uma caixa

Carlos Ghosn era um daqueles homens que pareciam ter tudo sob controle. Com um currículo impecável, três nacionalidades no bolso e uma reputação de executivo implacável, ele não só salvou a Nissan da falência como construiu um império automobilístico global. Mas, como toda boa história, essa não termina com aplausos e medalhas — termina com uma fuga digna de Hollywood.

Pontos Principais:

  • Origens e formação de Carlos Ghosn.
  • Carreira na Michelin, Renault e ascensão na Nissan.
  • Criação da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi.
  • Acusações e prisão no Japão.
  • Fuga cinematográfica para o Líbano.
  • Atual situação e impacto na indústria automotiva.

Um dia, ele estava no topo do mundo, comandando uma das maiores alianças da indústria automotiva. No outro, estava dentro de uma caixa de equipamento de áudio, sendo contrabandeado para fora do Japão como se fosse um amplificador de segunda mão. Se sua vida fosse um filme, seria uma mistura de “Lobo de Wall Street” com “Prenda-me Se For Capaz”, e o final ainda estaria em aberto.

Mas como um dos executivos mais poderosos do planeta acabou virando um fugitivo internacional? Foi uma conspiração corporativa? Justiça sendo feita? Ou apenas mais um capítulo de um mundo onde poder e dinheiro sempre jogam com regras próprias? Seja qual for a resposta, a jornada de Ghosn é um caso fascinante de ascensão, queda e uma fuga que ninguém jamais esquecerá.

Origens e Nacionalidade

Carlos Ghosn nasceu no Brasil, filho de imigrantes libaneses, e cresceu no Líbano antes de estudar engenharia na França. Sua formação o levou a uma trajetória de liderança na indústria automotiva.
Carlos Ghosn nasceu no Brasil, filho de imigrantes libaneses, e cresceu no Líbano antes de estudar engenharia na França. Sua formação o levou a uma trajetória de liderança na indústria automotiva.

Carlos Ghosn nasceu em 9 de março de 1954, na cidade de Guajará-Mirim, Rondônia, Brasil. Filho de imigrantes libaneses, sua família possuía uma história de empreendedorismo e negócios, o que influenciou sua futura carreira. Seu avô paterno, Bichara Ghosn, emigrou do Líbano para o Brasil ainda no início do século XX e fez fortuna no comércio de borracha na região amazônica.

Ainda criança, Ghosn mudou-se para o Líbano com sua mãe, onde passou grande parte da infância e adolescência. Aos 17 anos, partiu para a França, onde estudou nas prestigiadas École Polytechnique e École des Mines de Paris, duas das mais renomadas instituições de ensino superior do país, especializando-se em engenharia industrial.

Ghosn possui múltiplas nacionalidades: brasileira, libanesa e francesa. Seu vínculo com o Brasil sempre foi forte, mantendo ligações com empresários locais e participando de eventos no país ao longo de sua carreira. No Líbano, ele se tornou uma figura popular e respeitada, sendo considerado um exemplo de sucesso empresarial.

Início da Carreira e Desenvolvimento Profissional

Após sua formação acadêmica, Carlos Ghosn iniciou sua trajetória na indústria em 1978, ingressando na Michelin, uma das maiores fabricantes de pneus do mundo. Sua habilidade para resolver problemas organizacionais e cortar custos fez com que rapidamente ganhasse notoriedade dentro da empresa.

Em 1985, foi enviado ao Brasil para assumir a divisão da Michelin na América do Sul, onde enfrentou o desafio de reestruturar a operação em um período de instabilidade econômica. Sua gestão foi marcada por uma série de mudanças estratégicas que resultaram na melhoria da eficiência da empresa no continente.

Em 1990, foi promovido a CEO da Michelin North America, sendo responsável por liderar a fusão da empresa com a Uniroyal Goodrich Tire Company. Sua bem-sucedida condução desse processo chamou a atenção da Renault, que o convidou para integrar sua equipe de liderança anos depois.

Entrada na Renault e Chegada à Nissan

Em 1996, Ghosn assumiu o cargo de vice-presidente executivo da Renault, tornando-se responsável pelas áreas de engenharia, desenvolvimento e compras. Sua missão era reestruturar a montadora francesa, que enfrentava dificuldades financeiras. Implementando cortes de custos e otimizando a produção, conseguiu reverter a situação e reposicionar a empresa no mercado.

Em 1999, a Renault adquiriu 36,8% da Nissan, que se encontrava à beira da falência. Como parte do acordo, Ghosn foi enviado ao Japão para liderar o processo de recuperação da montadora japonesa, sendo nomeado CEO da Nissan em 2001.

Sua estratégia, conhecida como “Nissan Revival Plan”, envolveu medidas radicais:

  • Fechamento de fábricas deficitárias no Japão.
  • Eliminação de fornecedores redundantes para reduzir custos.
  • Reestruturação do sistema hierárquico da Nissan, reduzindo a burocracia.
  • Introdução de novos modelos para revitalizar a marca no mercado global.

O plano obteve sucesso e a Nissan voltou à lucratividade em apenas dois anos. Esse feito consolidou Ghosn como uma das figuras mais influentes do setor automotivo global.

Lançamento do Nissan GT-R e Expansão da Nissan

Entre os projetos que marcaram sua gestão, destaca-se o lançamento do Nissan GT-R, em 2007. O modelo se tornou um dos esportivos mais icônicos da marca, sendo reconhecido por sua engenharia avançada e alta performance.

Além do GT-R, Ghosn apostou na eletrificação da frota, liderando o desenvolvimento do Nissan Leaf, um dos primeiros carros elétricos produzidos em massa. Ele acreditava que o futuro da indústria automobilística passaria pela eletrificação e investiu recursos significativos nesse segmento.

Durante sua gestão, a Nissan expandiu sua presença global, entrando em novos mercados e fortalecendo a aliança com a Renault. Essa estratégia permitiu à empresa consolidar-se como uma das maiores montadoras do mundo.

Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi

Em 2016, a Mitsubishi Motors foi incorporada à aliança Renault-Nissan, formando um dos maiores conglomerados automotivos do mundo. Carlos Ghosn foi nomeado presidente do conselho da Mitsubishi e assumiu a liderança estratégica do grupo.

A aliança focou em compartilhamento de tecnologia, plataformas e otimização de custos, tornando-se uma referência no setor. Sob o comando de Ghosn, o grupo expandiu a produção de veículos elétricos e investiu em novas tecnologias para mobilidade.

Acusações e Prisão no Japão

Em novembro de 2018, Carlos Ghosn foi preso em Tóquio sob a acusação de má conduta financeira. As investigações apontaram que ele teria omitido aproximadamente US$ 80 milhões em compensações e utilizado recursos da Nissan para uso pessoal.

As acusações incluíam:

  • Subnotificação de sua remuneração nos relatórios financeiros.
  • Uso indevido de fundos da Nissan para compra de propriedades de luxo.
  • Desvio de recursos para cobrir prejuízos pessoais.

Ghosn negou todas as acusações e afirmou ser vítima de uma conspiração interna dentro da Nissan. A prisão gerou grande repercussão internacional e levantou questionamentos sobre a justiça japonesa.

Fuga do Japão

Em dezembro de 2019, Carlos Ghosn protagonizou uma das fugas mais espetaculares da história corporativa. Ele escapou do Japão escondido dentro de uma caixa de equipamento de áudio, que foi transportada em um jato particular.

A operação foi organizada por Michael Taylor, um ex-militar dos EUA especializado em operações clandestinas, e seu filho, Peter Taylor. Ghosn foi levado de Tóquio para Osaka, onde entrou na caixa e foi carregado até um avião com destino à Turquia. De lá, seguiu para o Líbano, onde permanece até hoje.

O caso chamou atenção mundial e foi tema do documentário da Netflix “CEO em Fuga”, que detalha os bastidores de sua fuga e os desdobramentos da sua prisão.

Onde Está Carlos Ghosn em 2025?

Atualmente, Carlos Ghosn reside em Beirute, no Líbano, onde continua enfrentando desafios legais. O país não possui tratado de extradição com o Japão, o que impede que ele seja enviado para julgamento.

Desde sua fuga, Ghosn escreveu um livro relatando sua versão dos acontecimentos e participou de palestras e eventos sobre governança corporativa. Ele também tem investido em startups e consultoria empresarial no Oriente Médio.

Fonte: Wikipedia, Agênciabrasil, Netflix, CNN e Adorocinema.

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