Instalações sanitárias que atendem migrantes em RR são fechadas após governo Trump suspender ajuda humanitária


Serviços foram suspensos após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suspender o repasse de fundos americanos destinados à ajuda humanitária em outros países. Migrantes sentados na frente de instalações da Cáritas em Boa Vista (RR).
Yara Ramalho/g1 RR
Instalações sanitárias da Rede Cáritas que atendiam migrantes e refugiados em situação de rua na capital Boa Vista e em Pacaraima, município de Roraima na fronteira com a Venezuela, foram fechadas nesta segunda-feira (27). A ação ocorreu após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suspender o repasse de fundos americanos destinados à ajuda humanitária em outros países.
Os espaços ofertam, desde 2019, serviços gratuitos de higiene pessoal, como uso de banheiro, duchas, fraldários e lavanderia. Além de fornecer bebedouro com água potável. Os migrantes acessam os locais diversas vezes ao dia.
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Com o fechamento das unidades, os serviços disponibilizados pela instituição estão paralisados por tempo indeterminado. O fechamento ocorre após a determinação do presidente americano, que decretou a paralisação imediata dos repasses na última sexta-feira (24). Eles estão suspensos por 90 dias.
Durante o período de suspensão, o Departamento de Estado Americano deve revisar todos os programas em andamento para garantir que a ajuda esteja alinhada com os objetivos de política externa do governo Trump.
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Unidade fechada em Boa Vista
Comunicado informa fechamento temporário de instalações sanitárias da Cáritas em Roraima.
Yara Ramalho/g1 RR
A unidade de Boa Vista fica localizada próxima a Rodoviária Internacional, no bairro Treze de Setembro, local onde migrantes e refugiados venezuelanos se instalam em estruturas improvisadas. Na manhã desta segunda, diversas pessoas procuravam serviços no local, mas não encontraram.
Em um cartaz colado no portão, a Cáritas informa que “atendendo ao pedido do financiador”, os atendimentos nas instalações da capital e de Pacaraima foram suspensos por tempo indeterminado (veja na imagem acima).
Migrante Ivan Martinez, de 56 anos.
Yara Ramalho/g1 RR
Ao g1, o migrante Ivan Martinez, de 56 anos, contou que ia ao local todos os dias para tomar banho, mas foi surpreendido com o aviso nesta segunda-feira. Em Roraima a cerca de dois anos, ele vive no Posto de Recepção e Apoio (PRA) da Operação Acolhida, localizado ao lado da instalação sanitária.
Com um problema de má circulação em uma das pernas, que afeta o andar, ele veio ao Brasil em busca de um tratamento de saúde. Ele explicou que os banhos são possíveis no PRA, mas teme que agora o acesso à higiene fique mais difícil sem os serviços ofertados pela Cáritas.
“Eu venho para cá todos os dias por conta do calor. Tomamos banho, usamos o vaso, a lavanderia, todos os dias”, explicou o migrante.
Migrantes venezuelanos na instalação sanitária em Boa Vista, Roraima.
Yara Ramalho/g1 RR
As instalações sanitárias são uma iniciativa do projeto Orinoco: Águas que Atravessam Fronteiras, realizado pela Cáritas Brasileira e Cáritas Diocesana de Roraima, com o financiamento do Governo dos Estados Unidos, através do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM).
Além dos serviços de higiene, a Cáritas oferece diariamente mais de 2 mil refeições para a população em situação de rua nas duas cidades de Roraima. Em agosto do ano passado, a instituição alcançou a marca de 1 milhão de refeições servidas, para mais de 38 mil pessoas.
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