Brasil deve ter jogo de cintura na política externa

A posse e a assinatura de uma série de ordens executivas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no início da semana, colocaram todo o planeta em alerta. Algumas das medidas ficam restritas àqueles que estão dentro do país norte-americano e podem vir a sofrer deportação em massa. Outras envolvem o mercado internacional e a ordem mundial, como o avanço de fronteiras e posse de territórios alheios. O Brasil fica em alerta e precisará usar de sua habilidade diplomática para manter boa relação comercial.

De acordo com o Departamento de Segurança Interna, em 2022 os brasileiros somavam 230 mil imigrantes ilegais nos EUA, ocupando a oitava posição de uma grande lista. O país é o que mais recebe migrantes, tendo como destaque os mexicanos. Para esse público, desde a campanha, Trump tem mandado o recado de que não são bem-vindos.

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Atualmente, segundo a coordenadora do curso de Relações Internacionais da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Mariana Dalalana Corbellini, 25% da população migrante é de pessoas sem documentos ou não autorizadas, os chamados “ilegais”. O restante são aqueles com diferentes tipos de autorização para viverem no país, desde residência permanente até a concessão de refúgio.

“Independentemente da origem, os imigrantes vivendo nos Estados Unidos, somados a seus descendentes, correspondem a cerca de 27% da população. Isso nos dá um panorama muito significativo do tipo de impacto que os imigrantes têm na sociedade norte-americana: são participantes ativos da vida econômica do país, promovendo o crescimento econômico por conta da expansão da força de trabalho e do consumo”, explica.

Na área das relações exteriores, acredita a professora, o Brasil deverá ter jogo de cintura para não gerar situações que possam levar a rompimentos com os Estados Unidos. E isso deverá ser feito mesmo o país tendo orientação à aliança política e ao incremento de relações econômicas com os países do chamado Sul Global, que são liderados pela China.

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Por um lado, avalia Mariana, isso dá ao Brasil alternativas à implementação de tarifas de comércio prometida por Trump, que pretende aplicar políticas protecionistas. “O próprio acirramento das tensões entre EUA e China tende a dar mais espaço para que o país asiático procure incrementar relações comerciais com outros parceiros importantes, como é o nosso caso”, comenta. Isso não significa, porém, que o Brasil deixe de considerar a proximidade geográfica e histórica com os EUA.

Além dessas questões pontuais, o retorno de Trump mostra o novo fôlego que a agenda global da extrema-direita toma com a ascensão ao poder naquela que é ainda a maior potência mundial.

“Quando Trump se elegeu pela primeira vez, pouco se falava do retorno da extrema-direita ao poder, e menos ainda da existência de uma agenda global (ou seja, de uma convergência de temas e ideias) em torno dela. Hoje, a posse de Trump normaliza o debate sobre esses temas e ideias, há muito superados na agenda global multilateral pensada a partir do final da Segunda Guerra Mundial”, avalia. Outro fato é o isolamento na política externa norte-americana, com a saída do Acordo de Paris e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

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Algumas medidas

  • Como defesa dos trabalhadores norte-americanos, pretende tributar produtos com origem em outros países, como o Brasil.
  • Diz que os EUA reconhecerão apenas dois gêneros: masculino e feminino.
  • Por á fim à política de tentar fazer engenharia social da raça e do gênero, promovendo uma sociedade que será baseada no mérito, sem enxergar a cor.
  • Defende a mudança do nome da área conhecida como Golfo do México para Golfo da América.
  • Reiterou a sua intenção de retomar o Canal do Panamá.
  • Os EUA voltaram a se retirar do Acordo de Paris sobre o clima. Trump anunciou, em sua posse, esforços para o aumento da produção de petróleo e o fim dos subsídios nas compras de veículos elétricos.
  • Passa a designar os cartéis de drogas como organizações criminosas terroristas internacionais.
  • Vai retomar uma legislação de 1708 sobre os imigrantes, pela qual seu governo poderá utilizar todas as forças de segurança para “eliminar gangues” que praticam crimes em cidades e bairros norte-americanos.
  • Perdoou dois policiais de Washington que foram condenados pelo assassinato, em 2020, de um homem negro de 20 anos chamado Karon Hylton-Brown.

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