Pelo mundo: diversidade na terra do ritmo (final)

Um país começa com um nome e uma bandeira, e então se transforma em ambos, assim como um homem que cumpre seu destino.” (Goethe)

Em 1819, depois das árduas batalhas com os espanhóis pós-independência da Venezuela, Simón Bolívar entrou em Bogotá e proclamou a República da Colômbia – depois chamada de Grã-Colômbia para diferenciar do atual território colombiano. O novo país cobria também o Panamá, a Venezuela, o Equador e partes do Peru e do Brasil. Cristóvão Colombo, que havia perdido o nome do continente para o florentino Américo Vespúcio, foi pelo menos homenageado com um dos países do Novo Mundo que descobrira para os europeus.

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A origem bolivariana comum explica as faixas em amarelo, azul e vermelho usadas nas bandeiras colombiana, venezuelana e equatoriana, baseadas no pendão original de Colombo e na ideia de um de seus fiéis revolucionários, Francisco de Miranda, inspirada em uma conversa com o grande escritor Johann Wolfgang von Goethe. O alemão, fascinado ao ouvir as aventuras do Novo Mundo, disse a Miranda: “Teu destino é criar uma terra onde as cores primárias não serão jamais distorcidas.”

Uma amostra da riqueza mineral que os espanhóis encontraram na região pode ser vista no Museu do Ouro de Bogotá. São mais de 55 mil artefatos de vários períodos históricos que refletem, além da beleza artística, a riqueza cultural das civilizações indígenas anteriores aos chamados descobrimentos. Os achados convenceram os conquistadores de que haviam encontrado o mítico Eldorado, onde haveria ouro em abundância. A descoberta dourada nunca aconteceu, mas o brilho das esmeraldas logo encheu os olhos dos recém-chegados.

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Apesar da proximidade da linha do Equador, Bogotá é conhecida como “La Nevera” (“O refrigerador”), graças às temperaturas que variam entre 14 e 20 graus durante o ano todo, na altitude andina de 2.700 metros. Fundada em 1538, a cidade segue sendo o coração político e cultural da Colômbia. Passados os anos difíceis de violência e repressão, Bogotá se transformou em uma das cidades mais seguras e sustentáveis da América do Sul, para deleite de turistas e de seus 12 milhões de residentes, um quinto da população do país.

Aidir Parizzi em Cartagena das Índias, que era a porta de entrada
de escravizados na Colômbia

Além do bairro histórico de La Candelaria, com suas ruas antigas de paralelepípedos, restaurantes típicos e museus (um deles dedicado ao pintor Francisco Botero) e da vista panorâmica da montanha Monserrate, fiquei impressionado com o simpático vilarejo de Zipaquirá e sua mina de sal desativada, próxima a Bogotá. As vastas entranhas abrigam fantásticas galerias, a via crucis com estátuas salinas e a impressionante Catedral de Sal.

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A Colômbia é o segundo país com maior diversidade de fauna e flora do mundo, depois do Brasil, e tal característica se estende também para outras áreas. Da fria Bogotá às cidades costeiras do Caribe, como Cartagena das Índias, passando pela bela Medelin, a geografia e as mais de 60 línguas faladas pelos 102 grupos indígenas proporcionam uma magnífica experiência, em um país que poucos brasileiros visitam.

A nação que sofreu inúmeras intervenções estrangeiras parece consolidar uma identidade que absorveu e adaptou conceitos externos com tradições pré-colombianas. Como profetizou Goethe, as origens e as virtudes da Colômbia não se deixaram distorcer pelo caldeirão cultural a que foi submetida. Uma lição de um país que aprendeu a usar a amálgama cultural como harmonioso complemento.

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