73 anos

Pensei que ao chegar a esta idade saberia responder às perguntas complicadas da vida. Entenderia melhor por que e para que existimos e para onde vamos. Imaginei que poderia olhar para trás e contar aos netos e filhos passagens gloriosas e façanhas admiráveis. Sonhei que teria feito muitas pessoas felizes e melhorado a humanidade. Num arroubo de ufanismo, quem sabe tivesse transformado o mundo.

Sem respostas vou até a varanda. É madrugada. A atmosfera de um outro dia vem chegando, traz alento e esperança; apesar das guerras, do egoísmo, do sofrimento da criança faminta e do marginalizado, das queimadas, do animal alvejado, dos extremos climáticos e do pequeno problema de ontem que ainda não resolvi.

Despido das certezas, todavia, algo aprendi: abraçar as causas que valem a pena, buscar a simplicidade respeitosa, espelhar-se no outro e na natureza e seguir com fé, liberdade e gratidão. Obrigado, Vera, familiares e comunidade! Em frente!

A SINERGIA DE JANEIRO

No dia 8 deste mês, o prefeito Sergio Moraes impulsionou vigor ao “Movimento Cinturão Verde”, instituído pela prefeita Helena em 19 de janeiro de 2024. Foi no dia 30 de janeiro de 2023 que o promotor, dr. Érico Barin, instaurou o Procedimento Administrativo para Preservação do Cinturão. De janeiro a janeiro, os proprietários preservacionistas vêm oxigenando nossos dias. Nossa gratidão ao empenho dos conselheiros e de todos, pessoas e instituições, que constroem esta trajetória a cada dia de todos os meses.

FEIÇÕES DO CINTURÃO VERDE (2): MARCO 74

Ali está ele. A 15 centímetros do chão, ao lado de um muro de divisa à rua Padre José Boelzer. Discreto, em seus 9 centímetros de lado, pode ser identificado pela plaquinha ovalada de metal, fixada ao marco de concreto por dois parafusos, onde se lê o nº 74. Encontrar um dos 145 marcos físicos que definem a poligonal de 463,79 hectares do Cinturão Verde se constitui em achado. Marco, apontado pelo topógrafo Willy, testemunha a demarcação em atendimento ao Decreto 4.117 de 26 de maio de 1994.

Atravesso a rua para conversar com dona Janete Terezinha da Silveira, moradora local há mais de trinta anos. Taxista, ela garante que “aqui a gente cuida do Cinturão Verde”. Obrigado, Terezinha, e a tantos mais que assim procedem em benefício da coletividade.

DAQUI A MUITOS JANEIROS

Os foraminíferos vêm de longe. As diferentes espécies desenvolvem suas conchas, que se perpetuam em camadas rochosas, pesquisadas inclusive na prospecção do petróleo. Suas individualidades, fossilizadas, passaram a coletivas massas rochosas, condição que a escritora polonesa Wislawa Szymborska assim expressou em verso no livro nos alcançado por Romar Beling (in: Para o meu coração num domingo. São Paulo: Companhia das Letras, 2020, p.305):

“Veja, por exemplo, os tais foraminíferos. Viviam aqui porque eram, e eram porque viviam. Como podiam, já que podiam, e como conseguiam. No plural porque plural, embora cada um separado, na sua, porque na sua concha de calcário. Em estratos, porque em estratos o tempo depois os resumiu, sem entrar em detalhes, porque nos detalhes a compaixão. E eis que tenho à frente duas vistas em uma: mísero cemitério de repousos eternos ou seja emergidas do mar, do mar azul, encantadoras rochas (…).” Aliás, como seremos lembrados?

LEIA MAIS NA COLUNA DE JOSÉ ALBERTO WENZEL

quer receber notícias de Santa Cruz do Sul e região no seu celular? Entre no nosso grupo de WhatsApp CLICANDO AQUI 📲 OU, no Telegram, em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça agora!

The post 73 anos appeared first on GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.