A temporada colorada

O futebol profissional é negócio. Porque negócio, segue os pressupostos para o sucesso no empreendedorismo: gestão, planejamento e, permeando ambos, investimento.

A paixão é a motriz não só do esporte, mas de toda forma de entretenimento. Entretanto, é impossível fazer futebol sem investimentos que demandem bastante dinheiro.

No caso do Sport Club Internacional, a temporada de 2024 teve amplificadas – e adiantadas pela Liga Forte Futebol – receitas de cotas de televisão. Com o dinheiro em caixa, se estabeleceu um planejamento a curto prazo para sair do incômodo jejum de mais de quarenta anos: seria formado um time estelar para ser campeão brasileiro.

Os reforços mais badalados não chegaram a jogar juntos e não corresponderam individualmente, tanto por questões físicas quanto técnicas. A enchente tirou do prumo um time que ainda não tinha encontrado sua formação titular. A troca no comando técnico também atrasou a reação que fez a torcida sonhar em ser tetracampeã nacional.

Mas, mais uma vez, faltou fôlego para disputar o título nas rodadas finais. Mesmo assim, fez-se uma das maiores sequências de invencibilidade do colorado: 16 jogos.

Em razão dos fracassos acima listados e de outras esculhambações, a dívida do clube subiu para oceânicos R$ 693 milhões.

Note-se que a injeção de dinheiro da Liga Forte Futebol foi aplicada em desobediência aos pilares do empreendedorismo, pois se geriu mal um recurso precioso fazendo um investimento caro, a curto prazo, e arriscado demais. Em 2024, o Inter deu um all in e perdeu.

Como se não bastasse, o Conselho Deliberativo não aceitou uma sugestão boa oferecida por uma direção ruim: a emissão de debêntures. Essa alternativa funcionaria impropriamente como um empréstimo, pois os juros pagos pelo dinheiro dos sócios seriam mais baixos do que os praticados na praça.

O produto da venda de Gabriel Carvalho serviu somente para evitar perdas mais expressivas. O incêndio é grande e recusei encher meu bico de água para combatê-lo. Sequer respondi ao e-mail enviado aos sócios para anteciparem 12 mensalidades em troca de camisas de jogo ou outros brindes ilusórios.
Sem café no bule, o Inter volta das férias sem nenhum reforço anunciado e sem perspectivas de trazer novas estrelas, não aproveitando o atrativo de uma Libertadores da América por disputar, já na fase de grupos.

Eu ficaria muito feliz e aliviado se a direção declarasse que o objetivo para a temporada de 2025 é sobreviver.

Seria um gesto de humildade e de sensatez. Nós, colorados, estamos machucados de tantas desilusões.

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