Por conta do aumento nos casos de dengue e SRAGs, Saúde vai decretar situação de emergência no Acre


Secretário Pedro Pascoal informou que decreto ainda será publicado, mas ressaltou que medida é necessária para o recebimento de recursos financeiros do Ministério da Saúde para investimento em prevenção e tratamentos. Medida foi anunciada durante entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (8)
Andryo Amaral/Rede Amazônica Acre
Por conta do aumento nos casos de dengue e síndromes respiratórias (SRAGs), a Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) anunciou que vai declarar situação de emergência em todo o estado. O anúncio foi feito pela Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (8) em Rio Branco.
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De acordo com o secretário Pedro Pascoal apontou os números da dengue no ano de 2024 como principal motivo para a necessidade do decreto, que ainda será publicado no Diário Oficial do Estado (DOE).
Ele informou que a medida é necessária para o recebimento de recursos financeiros do ministério para investimento em prevenção e tratamentos, com foco no apoio aos municípios que têm menor infraestrutura.
“O decreto é uma ferramenta que entra para fortalecimento das ações, faz parte de uma exigência da portaria Nº. 3160 do Ministério da Saúde, na qual disponibiliza um recurso financeiro para custear as nossas ações. Nós sabemos que houve uma transição de gestão entre alguns municípios, troca de prefeitura, de secretários de saúde, e que esses municípios ainda precisam de ações para fortalecimento dessas ações. Não é o caso da capital, não é o caso de Cruzeiro do Sul, mas temos alguns municípios que precisam desse apoio”, explicou.
Conforme o último boletim das arboviroses elaborado pela Sesacre, o estado encerrou 2024 com 4.036 casos confirmados da doença, além de 1 morte. Outros dois casos fatais ainda estão em investigação, de acordo com o secretário.
Além disto, uma nota técnica do Ministério da Saúde informou que o tipo 3 do vírus da dengue voltou a circular no país. Não foram detectados casos no Acre, mas a pasta pretende agir de forma preventiva para impedir a circulação.
Com mais de 4,3 mil casos de Dengue em 2024, período de chuvas deixa Sesacre em alerta
Até a 49ª semana epidemiológica de 2024, ou seja, até o dia 7 de dezembro, o estado tinha 4.658 casos prováveis. O número é 7,7% maior que o registrado no mesmo período no ano passado.
Esse crescimento nas notificações de casos prováveis da doença tem refletido na procura pelas unidades de saúde, e preocupa as autoridades.
“Em relação à dengue, nós tivemos mais de seis mil notificações, ou seja, pacientes suspeitos, mais de quatro mil casos confirmados e desses casos, vinte e quatro pacientes evoluíram com sinais de alarme, ou seja, a necessidade de hospitalização. Infelizmente tivemos um óbito de uma criança de nove anos confirmado no município de Cruzeiro do Sul e dois que seguem em estado de investigação para a confirmação do caso de óbito relacionado à dengue. Não há casos confirmados, tão pouco de pacientes diagnosticados com dengue que apresentaram o sorotipo da dengue 3 no estado do Acre, mas outros entes federativos acabaram apresentando e esse também é um sinal de alerta para nós, a equipe da vigilância como um todo”, acrescentou.
Plano de contingência
Ainda na coletiva, o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, afirmou que um plano de contingência foi elaborado, e que o combate à dengue conta com a participação de diversos órgãos.
O secretário municipal ressaltou um mutirão de limpeza contra focos de larvas do mosquito aedes aegypti transmissor do vírus da dengue e outras doenças, em dezembro do ano passado, que, segundo ele, marcou o início da mobilização contra a doença durante o período de inverno. Porém, segundo Biths, é necessário que a sociedade também contribua, começando pelas residências.
“É feito um esforço de limpeza dos espaços públicos, dos logradouros. A gente deu início ali naquela regional do Segundo Distrito nesse trabalho ontem [terça-feira, 7]. Então, a gente pede à população que possa estar atento a esses reservatórios dentro das suas residências, caixa d’água, tampa, vaso de planta, que a gente tenha esse cuidado. Por quê? Porque a principal estratégia, com relação especialmente às arboviroses, é a gente evitar que o vetor se reproduza, que é o mosquito”, disse.
Mobilização em dezembro contou com mutirão de limpeza contra focos de larvas do aedes aegypt
Evandro Derze/Prefeitura de Rio Branco
Morte no interior
Doentes estão internados no Hospital Regional do Juruá
Rede Amazônica/Mazinho Rogério
No dia 8 de dezembro, uma criança de 9 anos morreu com suspeita de dengue grave em Cruzeiro do Sul, no interior do estado. O menino deu entrada na UPA do município na quarta-feira (4) anterior à morte, com sintomas leves no momento em que foi atendido, e liberado logo em seguida.
Ainda na noite de quarta, ele piorou. Na tarde do sábado (7), a criança foi internada no Hospital Regional do Juruá, e morreu no domingo. De acordo com Rondiney Brito, pediatra da unidade, o menino testou positivo para a dengue e teve sinais de hemorragia, o que pode caracterizar a forma grave da doença.
O termo ‘dengue hemorrágica’ foi substituído por ‘dengue grave’ ou ‘dengue com sinais de alarme’ pela OMS (Organização Mundial da Saúde), já que o sangramento não é o único sinal da forma grave da doença
Getty Images/BBC
“Ele vomitou e, nesse vômito, veio raios de sangue. Então, a gente classifica como uma dengue hemorrágica, onde temos distúrbios hematológicos, como plaqueta baixa, hemoglobina baixa, necessidade de transfusão. Então, esse paciente evoluiu com um quadro de dengue hemorrágica”, disse à Rede Amazônica Acre.
Por muitos anos, a forma mais severa da dengue foi classificada como “dengue hemorrágica”, mas o termo não é mais usado pela comunidade médica. Em 2009, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alterou para “dengue grave”, movimento aderido pelo Ministério da Saúde em 2014.
Segundo Brito, o menino recebeu todo o atendimento necessário e todos os protocolos foram seguidos. Porém, devido à evolução do quadro, ele precisou ser entubado, o que complicou ainda mais seu estado de saúde.
O protocolo inclui um procedimento chamado expansão volêmica, que busca aumentar a quantidade de sengue que circula no organismo, e que, no caso da vítima em Cruzeiro do Sul, foi feito utilizando soro fisiológico.
“Infelizmente, mesmo seguindo o protocolo, ele evoluiu com gravidade na noite, sendo necessária intubação. Quando o paciente é entubado, a gente já tem um fator agravante a mais, que é o ambiente hospitalar, o distúrbio de coagulação, o paciente fez uma evolução catastrófica. Infelizmente, nós não tivemos o tempo hábil para adotar o protocolo desde o início”, acrescentou o médico.
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