Combate à inflação, taxação dos super-ricos, programa de moradias: a agenda econômica de Kamala Harris


Candidata à presidência e atual vice-presidente norte-americana vai anunciar seus planos para a economia nesta sexta-feira. Joe Biden afirma que Harris não se afastará da agenda que defenderam neste mandato. Kamala Harris durante campanha em Las Vegas, em 10 de agosto de 2024
REUTERS/Kevin Mohatt
A candidata à presidência dos Estados Unidos Kamala Harris tem mirado principalmente nos altos preços dos alimentos e moradias para montar seu plano para a economia norte-americana, caso seja eleita.
Outros temas que já fazem parte do mandato do presidente Joe Biden, que tem Harris como vice, também continuam integrando a agenda da candidata, com destaque para a taxação dos super-ricos.
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Agências de notícias internacionais afirmam que Harris deve, inclusive, apresentar seu plano ao público nesta sexta-feira (16), durante um evento na Carolina do Norte.
Na véspera, as ser questionado pela imprensa se estava preocupado com um possível distanciamento de Harris de seu histórico econômico, Biden afirmou que “ela não vai”.
Inflação dos alimentos pesa contra democrata
A forte inflação dos alimentos e os preços elevados das moradias são uma pedra no sapato dos democratas, ao passo que o governo de Joe Biden ainda não conseguiu combater completamente essas altas desde os choques de preços causados pela pandemia de Covid-19.
Os dados mais recentes dos Estados Unidos mostram que a inflação anual, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (CPI), chegou ao menor patamar em três anos, registrando 3,2% em julho. Esse número, no entanto, ainda está distante da meta do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), de uma inflação anual de 2%.
Os preços dos alimentos, porém, estão 21% mais caros do que estavam há três anos. E isso é usado como uma das principais armas para atacar a candidatura democrata pelo candidato presidencial republicano Donald Trump, que classifica inflação como uma “falha fundamental do governo Biden”.
Pesquisas de confiança realizadas no país revelam que os preços ainda elevados, três anos após a pandemia, são uma das principais causas de frustração para os consumidores americanos, principalmente os de baixa renda – o que diminui a confiança da população nos rumos da economia.
Outro levantamento, produzido pelo Centro de Pesquisas Públicas da Associated Press-NORC, mostra que os americanos estão mais propensos a acreditar em Trump do que em Harris quando se trata de lidar com a economia:
45% dos entrevistados confiam mais em Trump para assuntos econômicos;
38% confiam mais em Harris;
Um a cada dez não confia em nenhum dos dois.
Para reverter esse cenário, Harris deve reforçar promessas de pressionar por uma proibição federal de aumento abusivo de preços dos alimentos em mercados e traçar planos para cortar outros custos enquanto ela busca abordar uma das principais preocupações dos eleitores.
Preços das moradias também estão no centro da discussão
O custo da moradia é outro grande impulsionador da inflação. Por isso, Harris planeja usar recursos federais para promover a construção de 3 milhões de novas unidades habitacionais se eleita, aprovar uma legislação para desacelerar os aumentos de aluguel e fornecer US$ 25 mil em assistência de entrada para compradores que queiram comprar sua primeira casa própria.
A candidata está se aproximando do histórico legislativo e econômico do presidente Biden, apresentando suas iniciativas como uma extensão do trabalho que seu governo fez nos últimos três anos e meio.
O plano habitacional de Harris inclui:
o estabelecimento de um crédito fiscal para construtores de casas que constroem casas iniciais para compradores de imóveis pela primeira vez;
a duplicação de um “fundo de inovação” de US$ 20 bilhões do governo Biden para construção de moradias.
A assistência de entrada expandiria significativamente uma proposta de Biden para fornecer suporte federal para a população que vai comprar a primeira casa.
Harris, em seu plano de habitação, também quer reprimir as ferramentas de compartilhamento de dados e definição de preços que os proprietários usam para definir os aluguéis e remover um incentivo fiscal que levou as empresas de investimento a comprar grandes faixas do estoque de moradias do país.
Ela pretende contrastar seu plano com Trump, que foi processado pelo Departamento de Justiça por discriminação habitacional há cinco décadas.
Taxação dos super-ricos
Um dos principais objetivos do mandato de Biden e Harris era conseguir aumentar os impostos cobrados sobre os super-ricos (pessoas que ganham mais de US$ 400 mil por ano, cerca de mais de R$ 2 milhões) e as grandes corporações. Biden não conseguiu, mas Harris deve permanecer com esse como um de seus focos econômicos.
Além disso, ainda na área tributária, os democratas defendem o corte de impostos cobrados sobre as gorjetas dos trabalhadores. As medidas teriam como objetivo uma paridade entre o que os super-ricos e os trabalhadores com renda muito inferior pagam de impostos.
Em 2017, o então presidente Donald Trump, que tenta uma nova eleição, assinou uma medida que cortou as taxas de impostos corporativos e individuais e aumentou os créditos fiscais familiares .
A validade desta medida é já no próximo ano, 2025, e especialistas esperam muitas discussões entre os partidos sobre como serão cobrados os impostos no país.
Além da proposta de taxar os super-ricos, outros pontos do governo Biden que Harris deve dar sequência, se eleita, são a expansão de benefícios sociais e a continuidade da política industrial que beneficia áreas mais sustentáveis, como a de energia limpa, veículos elétricos e cibersegurança.
*Com informações das agências de notícias Associated Press e Reuters
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