Virna relembra derrotas, superações e rivalidades no vôlei brasileiro com relatos inéditos e bastidores olímpicos

A trajetória de Virna Cristine Dias Piovezan, ex-jogadora da seleção brasileira de vôlei, é marcada por desafios dentro e fora das quadras. Aos 53 anos, ela revisita momentos cruciais da carreira, desde conquistas olímpicas até episódios de superação pessoal. Em entrevista ao quadro Abre Aspas, do ge, Virna expôs episódios intensos da vida profissional e pessoal, refletindo sobre a exigência emocional do esporte de alto rendimento.

Pontos Principais:

  • Virna detalha derrota do Brasil para a Rússia nas Olimpíadas de Atenas.
  • Relato sobre a maternidade precoce e os impactos na carreira profissional.
  • Conflitos com a seleção cubana e bastidores da rivalidade no vôlei feminino.
  • Recusa proposta financeira do Vasco para permanecer no Flamengo.
  • Atuação atual como palestrante e reflexões sobre legado no esporte.

Entre lembranças de jogos decisivos, embates acirrados com a seleção cubana e relatos sobre a difícil experiência da maternidade precoce, Virna apresentou um panorama sincero de como o esporte moldou sua vida. A ex-atleta detalhou os bastidores da derrota para a Rússia nas Olimpíadas de Atenas 2004 e fez críticas à pressão dirigida à então jovem revelação Mari, vítima de julgamento público após o revés.

Virna revive os bastidores do jogo contra a Rússia em 2004, quando o Brasil desperdiçou cinco chances de fechar o set e ficou fora da final olímpica.
Virna revive os bastidores do jogo contra a Rússia em 2004, quando o Brasil desperdiçou cinco chances de fechar o set e ficou fora da final olímpica.

Ao longo de uma entrevista extensa, Virna abordou ainda a convivência com técnicos como Bernardinho e Zé Roberto Guimarães, as particularidades da Vila Olímpica, a adaptação ao vôlei de praia e os efeitos da aposentadoria. Atualmente, ela atua como palestrante, comenta partidas e mantém vínculos com ex-companheiras e atletas de sua geração.

Olimpíadas, derrotas e superações

Virna participou de três edições dos Jogos Olímpicos: Atlanta 1996, Sydney 2000 e Atenas 2004. Em Atlanta, estreou em meio à pressão de substituir uma companheira lesionada e ajudou o Brasil a conquistar sua primeira medalha olímpica no vôlei feminino. A campanha foi marcada por um confronto intenso com Cuba e uma briga no vestiário após a semifinal.

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O episódio da derrota para a Rússia em 2004 foi descrito por Virna como um dos momentos mais dolorosos de sua trajetória. Com o Brasil liderando por 24 a 19 no quarto set, a equipe não conseguiu fechar a partida e acabou eliminada. Virna relatou que não assiste àquele jogo até hoje, devido à frustração. Ela reconheceu que o grupo perdeu o controle emocional e destacou a responsabilidade das atletas experientes na condução do time.

Sobre a crítica direcionada à Mari, que foi apontada como culpada pela derrota, Virna foi enfática ao defender a companheira. Ela declarou que o julgamento foi desproporcional e lembrou que a jovem ponteira foi a maior pontuadora da partida. Virna refletiu sobre o impacto emocional do episódio e mencionou que viveu um período de depressão após os Jogos de Atenas.

Convivência com técnicos e bastidores do esporte

Durante sua carreira, Virna teve contato próximo com dois dos principais nomes do voleibol brasileiro: Bernardinho e Zé Roberto Guimarães. Com Bernardinho, destacou a exigência nos treinos e o apoio fora das quadras, especialmente durante a maternidade. Ele permitia que o filho de Virna estivesse na concentração, proporcionando segurança emocional à atleta.

Virna descreveu Bernardinho como um técnico rigoroso, mas humano. Relatou episódios em que ele a utilizava como referência para transmitir mensagens ao grupo e destacou a capacidade dele de manter a equipe focada. Com Zé Roberto, a relação foi marcada por sensibilidade e acolhimento. Em momentos de crise emocional, ele oferecia apoio pessoal, inclusive fora do ambiente esportivo.

A ex-jogadora relembrou também os treinos inusitados durante viagens internacionais e os esforços para adaptar o corpo à exigência física do alto rendimento. Contou como o Brasil incorporou treinos baseados na preparação física cubana, incluindo musculação pesada e técnicas avançadas, para alcançar melhores resultados.

Vida pessoal, maternidade e renúncias

Virna foi mãe aos 18 anos, em um momento inicial de sua carreira. Após o nascimento do filho, enfrentou dificuldades financeiras e de adaptação. Passou um período na Itália sem receber salários e retornou ao Brasil para reconstruir sua trajetória no esporte. Enfrentou críticas e dúvidas sobre sua capacidade de retornar à seleção, mas persistiu.

A maternidade impactou diretamente sua relação com o esporte. Ela relatou episódios de ausência nos primeiros anos de vida do filho e dificuldades emocionais. Ainda assim, conseguiu retomar o alto nível competitivo, atribuindo essa superação ao apoio de pessoas próximas, como o técnico Bernardinho.

Mesmo com propostas financeiramente vantajosas, Virna tomou decisões com base em valores pessoais. Recusou uma oferta do Vasco da Gama para permanecer no Flamengo, clube com o qual mantinha forte identificação. Ela mencionou que o vínculo emocional foi determinante para sua escolha.

Experiências olímpicas e relações com atletas

Durante os Jogos Olímpicos, Virna conviveu com atletas de diversas nacionalidades. Ela relatou o clima particular das Vilas Olímpicas, marcadas por convivência intensa, treinamentos, festas e relações interpessoais. Citou histórias curiosas envolvendo o jogador Guga Kuerten e atletas estrangeiros, como um espanhol apelidado de Jesus, que se apaixonou por uma colega de seleção.

A ex-jogadora também mencionou a hipersexualização enfrentada por atletas do vôlei feminino na década de 1990. Destacou a preocupação dos técnicos com o foco das jogadoras e como buscavam preservar a imagem do grupo diante do assédio midiático e comercial. Virna refletiu sobre como a exposição daquela geração foi intensa, mesmo sem o controle sobre a repercussão.

A rivalidade com a seleção de Cuba foi um dos temas centrais da entrevista. Virna detalhou o contexto político e social que influenciava o comportamento das cubanas, a tensão dentro e fora de quadra e como, mais tarde, construiu uma relação de amizade com a lendária jogadora Mireya Luis. Elas chegaram a dividir projetos e experiências após o fim da carreira.

Pós-carreira, palestras e rotina atual

Após encerrar sua carreira como jogadora, Virna passou por uma fase de transição que incluiu experiências como comentarista esportiva, empresária de atletas e palestrante. Hoje, ela realiza palestras voltadas ao público corporativo, nas quais compartilha lições do esporte aplicáveis à vida profissional e pessoal.

Virna contou que se envolveu em projetos sociais e mantém vínculos com ex-companheiras de seleção. Relatou a emoção de ver sua trajetória reconhecida em museus e o impacto disso em seus filhos. Também mencionou que, se recebesse um convite do Flamengo para ser técnica, consideraria retomar a rotina esportiva.

A ex-atleta se define como uma pessoa em constante busca por novos desafios. Ainda que as limitações físicas impeçam a prática esportiva intensa, ela segue ativa com exercícios regulares e atividades como pedaladas e rodas de samba. A vida com os filhos e a recente chegada da neta moldam sua rotina atual, voltada à família e à propagação de valores que adquiriu ao longo da carreira.

Relações no esporte e legado

Ao longo da carreira, Virna formou amizades duradouras com atletas como Leila, Fernanda Venturini e Maurício. A convivência nos treinos e nas viagens internacionais criou laços fortes que se estendem até hoje. Ela mencionou encontros em sua casa, momentos de descontração e apoio mútuo entre os colegas de geração.

Virna declarou que nunca teve conflitos graves com companheiras de equipe e que sempre procurou manter o ambiente harmônico. Sua atuação conciliadora era uma tentativa de garantir que as diferenças pessoais não interferissem no rendimento coletivo. Relembrou como transitava entre diferentes perfis do grupo para manter a coesão.

O legado deixado por Virna é reconhecido não apenas por suas conquistas em quadra, mas também pelo exemplo de superação, resiliência e compromisso com princípios pessoais. Ela continua influenciando gerações por meio de suas falas, ações e memórias, atuando como uma referência para atletas em formação e para o público que acompanha sua trajetória.

Fonte: Instagram e Ge.

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