O depoimento do Padre Patrick Fernandes na CPI das Apostas Esportivas, no Senado Federal, trouxe à tona o que muitos já desconfiavam: influenciadores digitais são alvo constante de propostas milionárias para divulgar plataformas de apostas online. Conhecido pelo tom bem-humorado e presença forte nas redes sociais, o sacerdote afirmou que foi procurado ainda no início de sua trajetória digital, quando tinha menos de um milhão de seguidores, com uma oferta de R$ 560 mil por apenas uma publicação em apoio a um site de apostas.
Pontos Principais:
- Padre Patrick revelou proposta de R$ 560 mil para divulgar uma plataforma de apostas.
- Depoimento ocorreu na CPI das Apostas Esportivas, com foco na influência digital.
- Criticou a ostentação de influenciadores e o impacto social das apostas online.
- Mencionou confissões semanais de pessoas afetadas psicologicamente pelo vício.
Durante o depoimento, o padre destacou que recusou a proposta de imediato, por entender os riscos envolvidos na promoção de algo que, segundo ele, não gera riqueza real, apenas sofrimento. Ele relatou que, semanalmente, recebe desabafos de seguidores devastados por dívidas, em crise emocional e até com pensamentos suicidas, todos afetados pelas apostas. A descrição trouxe um panorama sombrio do que o jogo online tem provocado na vida de milhares de brasileiros.
O religioso foi além e apontou a responsabilidade de influenciadores que aceitam contratos com casas de apostas. Segundo ele, há uma escolha clara e consciente por parte desses criadores de conteúdo, que optam por lucrar com a dor alheia. Para o padre, dizer que “jogue com responsabilidade” é uma tentativa de isentar-se de culpa, quando na verdade o discurso deveria ser de recusa em participar da cadeia de promoção dessas plataformas.
A crítica também recaiu sobre a imagem vendida nas redes sociais por esses influenciadores: carros importados, viagens internacionais e uma vida de luxo alimentada pela ideia de que apostar pode ser o caminho mais curto para o sucesso. O sacerdote classificou isso como “romantização criminosa” e alertou que muitas pessoas, especialmente os jovens, estão sendo iludidas com promessas falsas.
Padre Patrick reforçou que seu posicionamento tem base pastoral e ética, e que seu compromisso está em orientar os fiéis com base na realidade. Ele se ofereceu para prestar depoimento de forma voluntária na CPI das Bets, alegando que considera a atuação das plataformas como uma ação consciente de destruição. O objetivo, segundo ele, é lucrar com o desespero e a esperança dos mais vulneráveis.
A senadora Soraya Thronike, relatora da comissão, afirmou que a CPI segue com a missão de conscientizar a população. Para ela, a fala de Patrick é fundamental para quebrar o ciclo de influência que envolve as apostas digitais. Mesmo com o possível fim da CPI, ela declarou que o trabalho de fiscalização e as ações educativas continuarão por parte do Legislativo.
A postura do sacerdote ganhou repercussão por confrontar diretamente o comportamento de muitos colegas influenciadores. Seu discurso, pautado na experiência pastoral e no contato direto com vítimas do jogo, trouxe uma abordagem rara no cenário digital: a recusa pública de altos valores por princípios morais e religiosos.
Fontes: TVT, Agência Senado
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