Enchente de 2024: em meio ao caos, a missão de buscar a informação

A enchente que assolou o Rio Grande do Sul também foi um desafio para quem trabalha com a informação. Diante de tantos acontecimentos, as atenções se voltaram para as áreas atingidas e exigiram um esforço extra dos profissionais que precisavam acompanhar tudo o que estava acontecendo. 

Mais do que mostrar a tragédia, também era momento de informar e atualizar leitores, ouvintes e internautas a respeito de condições de estradas, funcionamento de serviços e ainda explicar algo tão impactante. Por semanas, equipes de jornalismo estiveram lado a lado das comunidades, mostrando histórias de superação, dramas e relatos emocionantes. Histórias de quem perdeu tudo, angústia em busca de informações sobre desaparecidos e o sonho de recomeçar fizeram parte dos editoriais em todo o Brasil e atraíram as atenções da mídia internacional. 

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Afinal, algo com tamanha proporção teve uma repercussão na mesma medida. Ao longo dos seus 80 anos, a Gazeta do Sul também foi surpreendida com a amplitude dos fatos. Por meio das rádios, do jornal diário e do Portal Gaz, repórteres, cinegrafistas e editores acompanharam tudo o que acontecia e transmitiram em tempo real esta que foi uma das maiores coberturas multimídia da história recente. 

Por horas a fio, as equipes estiveram em todos os locais aonde foi possível chegar – pois em alguns pontos não havia sequer estradas – em busca de informações para compartilhar com o público. Em alguns momentos, o desafio deu lugar ao cansaço e à tensão diante do imprevisível, mas o compromisso com a notícia era maior.

Manter a produção diária, no caso dos veículos da Gazeta Grupo de Comunicações, exigiu também uma operação de ordem logística a fim de permitir a chegada do jornal impresso à casa dos leitores. Assim como boa parte da população, profissionais da empresa também tiveram que superar as marcas da enchente histórica em suas rotinas.

Uma cobertura para ficar na memória

Morador de Sinimbu, Adriano Muller, o Juba, é repórter da Rádio Gazeta há 34 anos. Mas o 30 de abril de 2024 não somente marcou sua carreira, como também a vida pessoal. Naquele dia pela manhã, Adriano saiu de casa para se deslocar para mais um dia de trabalho na Gazeta, em Santa Cruz. Ele não imaginava o que encontraria dali por diante ao atravessar, de carro, a Ponte Centenário pela última vez desde então.

Por volta das 7 horas, já no centro da cidade, onde muitos comércios estavam sendo invadidos pela primeira onda da enchente, fez sua primeira intervenção na programação da Rádio Gazeta, via telefone. Ao tentar retornar para casa, atravessar de volta a ponte, de carro, já não foi mais possível por conta da força da água que já havia arrastado um veículo minutos antes. Assim, dirigiu até um local mais alto da cidade e voltou para casa em Linha Verão, por cima da ponte, com o apoio de uma corda.  

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Adriano conta que o capítulo mais assustador daquele filme real foi na parte da tarde, quando a água chegou ao telhado de casas e estabelecimentos, e levava o que vinha pela frente. “Fiz alguns boletins durante a programação da manhã, mas a partir da tarde, quando a enchente chegou de vez, voltamos à era analógica. Não tinha luz, não tinha mais condições de enviar boletim, porque a internet caiu de vez, os postes com os fios caíram todos praticamente, um caos total.”

Dali por diante, o repórter saiu de cena e passou a auxiliar quem precisava. “Como não estava mais com telefone celular, passei a ajudar a comunidade aqui. Sem insumos, sem produtos essenciais e, depois que a chuva baixou, era muito barro e entulho por todos os lados. Só fui restabelecer meu sinal cerca de 24 horas depois, quando então consegui entrar no ar na rádio e contar como estava a situação em Sinimbu”, relembra.

Depois de três dias, foi refeita a cabeceira da ponte da localidade de Linha Inverno, por onde então chegaram os primeiros socorros e Adriano conseguiu voltar à rotina de trabalho. “Ao lado da tragédia da Boate Kiss, que eu também fiz a cobertura por estar de plantão naquele dia, a enchente foi muito difícil de fazer, pela duplicidade de deveres, de ter que informar o ouvinte da Rádio Gazeta e também pelo fato de precisar ajudar as pessoas que de uma hora para outra perderam tudo.” 

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