Operação policial mira célula de facção paulista radicada em Paraíso do Tocantins

Mandados de busca foram cumpridos em endereços de membros da facção – Foto: Luiz de Castro/Governo do Tocantins

Lideranças regionais coordenam os crimes na cidade 

Um homem de 27 anos foi preso na manhã desta quarta-feira, 30, pela Polícia Civil deflagrou em Paraíso do Tocantins a Operação Rasante visando dar cumprimento a um mandado de prisão preventiva e dez mandados de busca e apreensão em endereços de investigados por integrar Organização Criminosa suspeitos da prática dos mais diversos crimes ocorridos na cidade.

O delegado chefe da DEIC – Paraíso, Antonio Onofre Oliveira da Silva Filho, destaca que as investigações tiveram início após a apuração de circunstâncias de torturas cometidas contra usuários de drogas e de um homicídio ocorrido em janeiro deste ano, ocorridos em Paraíso, possibilitando a identificação de membros da organização criminosa com atuação na cidade.

“No curso das investigações, foi apurado que após os faccionados Solução e Atribulado terem assassinado um companheiro, no caso o Roy, sem o aval da cúpula da facção, as lideranças regionais realizaram um procedimento interno para apurar a conduta destes membros aplicando a eles o ‘afastamento’ das funções do cargo na Orcrim, materializando uma espécie de Procedimento Administrativo Disciplinar da facção, como se fossem um funcionário público”, destaca o delegado.

Além disso, as investigações apuraram que os integrantes da organização criminosa vêm sendo responsáveis pelos mais diversos crimes ocorridos na região de Paraíso do Tocantins, incluindo furtos, roubos de valores e de armas de fogo. Ficou constatado que esses integrantes exercem funções típicas de “tribunais do crime”, impondo julgamentos paralelos a indivíduos que descumprem as regras da facção — como a que proíbe roubos em área conflagrada (proibido roubar na quebrada). “As vítimas, em sua maioria usuários de drogas, são submetidas a espancamento denominado ‘madeirada’, bem como outras formas de tortura extremamente violentas”, destaca.

A operação foi coordenada pela 6ª Divisão Especializada de Combate ao Crime Organizado (DEIC – Paraíso), unidade responsável pelas investigações, e contou com o reforço de policiais civis da Diretoria Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (DRACCO), da 1ª Divisão Especializada Repressão a Narcóticos (Denarc – Palmas), da 6ª Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher e Vulneráveis (DEAMV  – Paraíso) e da 61ª e 62ª Delegacias de Polícia, ambas de Paraíso. 

A partir das técnicas de investigação criminal realizadas pela 6ª DEIC, a Polícia Civil pode compreender como essa estrutura paralela atuava. “Observamos que os crimes de relevo ocorridos em Paraíso e região são orquestrados pela organização criminosa. Os crimes que são cometidos sem o aval do comando sujeitam os responsáveis a procedimentos correicionais internos da facção”, contextualiza.

A investigação apurou que as penas variam, podendo ser desde: afastamento das funções, uma surra, mutilação e até mesmo a morte do faccionado que agiu sem consentimento dos superiores.

Rasante

O termo rasante refere-se a uma espécie de reunião regular, geralmente diária, que é destinada ao alinhamento de estratégias, monitoramento de condutas internas e planejamento detalhado de futuras ações criminosas conjuntas. “As reuniões ocorrem por meio de chamadas em conferência via aplicativo, da qual participam integrantes da facção, com as lideranças regionais e os disciplinas (encarregados de executar as atividades). Ao final da chamada, é postada no grupo uma espécie de ‘ata de reunião’, chamada de rasante”, contextualiza.

O delegado destaca ainda que a investigação permitiu mapear a estrutura dessa organização criminosa na cidade de Paraíso do Tocantins, identificando boa parte dos membros, da liderança regional até a ponta operacional. “Entre os integrantes identificados estão indivíduos com extensos antecedentes criminais, que registram inúmeras passagens pelo sistema prisional e frequentemente estão envolvidos em crimes graves, incluindo homicídios, tráfico de drogas, sequestros, cárcere privado e torturas”, destaca.

Mandados cumpridos

Na Unidade Penal de Paraíso do Tocantins, foi dado cumprimento a mandado de prisão contra V.H.A.G., conhecido no mundo do crime como Megamente ou Estudioso, o qual possui o cargo na facção de “Regional da Centro-Oeste do Tocantins”. Megamente foi preso no último sábado, 26, pelo crime de tráfico de drogas.

Operação visa desarticular célula de facção paulista responsável por diversos crimes na cidade – Foto: Luiz de Castro/Governo do Tocantins

Durante a operação, três pessoas foram presas em flagrante e um menor apreendido, todos por tráfico de drogas. Entorpecentes, insumos, máquinas de cartão e celulares também foram apreendidos. O material apreendido será analisado, podendo contribuir para novos desdobramentos da investigação.

Vania Machado/Governo do Tocantins

Fonte: Dicom Segurança Pública 

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