Ford ajusta estratégia e investe mais em híbridos, cancelando alguns elétricos

A Ford, uma das principais fabricantes de veículos elétricos nos Estados Unidos, anunciou uma reestruturação significativa em sua estratégia de eletrificação. Mesmo sendo a segunda maior vendedora de carros elétricos no país, atrás apenas da Tesla, a montadora optou por cancelar alguns modelos totalmente elétricos. Essa decisão visa readequar seus investimentos, concentrando esforços em veículos híbridos e no desenvolvimento de novas tecnologias.

Entre os projetos afetados, destaca-se o cancelamento de um SUV grande de sete lugares, que estava programado para ser lançado em 2026. O modelo era visto como uma importante aposta, pois teria um volume de vendas superior ao Mustang Mach-E, embora ainda fosse posicionado em uma faixa de preços lucrativa. Além disso, a empresa cancelou o projeto de uma picape monobloco elétrica, que seria lançada no mesmo segmento da Maverick, mas com tecnologia 100% elétrica.

Essas escolhas refletem a necessidade da Ford de controlar seus custos de desenvolvimento. O alto custo envolvido na produção de veículos elétricos tem impactado diretamente a lucratividade da montadora. Em 2023, a divisão de carros elétricos da empresa registrou um prejuízo de US$ 4,7 bilhões. Diante desse cenário, a Ford decidiu adotar uma postura mais cautelosa, suspendendo o lançamento de novos elétricos, a menos que eles sejam comprovadamente lucrativos dentro dos primeiros 12 meses após sua entrada no mercado.

O foco maior em veículos híbridos não é uma novidade completa para a Ford. A montadora já possui modelos híbridos em sua linha, como a Maverick e a F-150, que apresentam bons resultados de vendas nos Estados Unidos. Esse movimento é uma resposta à crescente demanda por veículos com maior eficiência energética, mas que ainda oferecem a conveniência dos motores a combustão. Diferentemente de outras montadoras, como a General Motors, que apostaram mais pesadamente em elétricos, a Ford manteve investimentos em tecnologias híbridas nos últimos anos.

As mudanças, entretanto, não afetarão a estratégia da montadora na Europa, onde as leis de emissões estão cada vez mais restritivas. Em 2035, será proibida a venda de carros movidos a combustíveis fósseis na União Europeia, e a Ford continuará comprometida com o desenvolvimento de elétricos para esse mercado. No entanto, nos Estados Unidos, a empresa está ajustando seu portfólio para melhor atender a realidade econômica e as preferências dos consumidores.

Outro fator que pesou nessa decisão foi o desafio logístico relacionado às baterias dos veículos elétricos. A Ford ainda depende da LG para a produção de baterias, atualmente fabricadas na Polônia. Embora a montadora esteja trabalhando para trazer parte dessa produção para Michigan, a transição será gradual. Além disso, a Ford está investindo no desenvolvimento de baterias de fosfato de ferro-lítio, com a expectativa de iniciar a produção dessas baterias em 2026, tornando-se a primeira empresa a fabricá-las nos Estados Unidos.

A decisão de concentrar recursos em híbridos reflete a busca por maior competitividade no mercado automotivo. Os altos custos de produção de elétricos, somados à volatilidade do mercado de baterias, tornaram o segmento mais desafiador do que o esperado. Para a Ford, os veículos híbridos apresentam uma oportunidade de atender à demanda por alternativas mais sustentáveis, sem os mesmos riscos financeiros associados aos 100% elétricos.

Mesmo com o cancelamento de projetos, a Ford continua comprometida com o avanço tecnológico em direção a um futuro mais sustentável. As tecnologias híbridas são vistas como um caminho intermediário, que permitirá à montadora reduzir as emissões de carbono enquanto ajusta sua estratégia de longo prazo.

Em resumo, a Ford está reavaliando suas apostas no setor de veículos elétricos e focando em soluções mais realistas e financeiramente viáveis. Os híbridos devem desempenhar um papel maior no futuro próximo da marca, enquanto os elétricos continuarão a fazer parte da estratégia, mas de forma mais cautelosa.

Fonte: CNN, R7 e QuatroRodas.

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