Imers: está em jogo todo o futuro

Santa Cruz do Sul apresenta índices de qualidade de vida que a habilitam a ser chamada de cidade de primeiro mundo. Poucas ostentam proeminência tamanha na socioeconomia, o que decorre, em grande medida, de suas finanças, apoiadas sobre um agronegócio pujante, puxado pelo tabaco. É um cenário diferenciado em realidade de Brasil, e até de planeta. Mas uma área agora preocupa muito: a educação básica. Calhou de ser uma área essencial.

Como se chega a essa avaliação? Conferindo os dados do Índice Municipal de Educação do Rio Grande do Sul (Imers), que colocam Santa Cruz na constrangedora posição 390 entre 497 municípios gaúchos, referentes a 2023, na área dos ensinos primário e fundamental. É um desempenho tão baixo que precisa mobilizar todos (pais, educandários, poder público, sociedade como um todo) numa reflexão a fim de mudá-lo imediatamente.

E não ajudaria em nada dar explicações que questionem o Imers, porque seria desmerecer dos municípios que foram bem na avaliação, pautada em parâmetros internacionais. Ou seja, esquivar-se do fato ou minimizá-lo só piora o quadro. E cabe advertir que não se trata de imputar responsabilidade ao poder público. Quem é avaliado são os estudantes, não a infraestrutura. Santa Cruz talvez disponha de um dos melhores e mais eficientes ambientes para a aprendizagem no País. Os alunos têm à disposição o que de melhor se pode oferecer, e têm incentivos inimagináveis há alguns poucos anos. E nem é a professores que se deve atribuir ônus, porque a qualificação deles tem sido amplamente fomentada. Então, o que falta? Bem, entre nós: quando a família não prioriza educação, não tem Cristo que ajude. Não se aprende por osmose; só se aprende estudando.

A questão fulcral dos dias atuais talvez esteja justamente aí: não existe educação e não existe aprendizagem se a família como um todo, em especial os pais, não entende isso como algo realmente importante. Isso tem de ser, acima de tudo, uma prioridade firmada e fixada em casa. É aí que a mudança ocorrerá.

Valeria visitar Herveiras, na área serrana, para entender como esse município, com economia muito menos saliente do que a de Santa Cruz, e com infraestrutura menor, alcançou a posição 86 no Estado. Por que (e o que) lá deu certo, e aqui não? E que dizer de Venâncio Aires, que está na posição 68, sendo a de melhor resultado em toda a região… Ou ainda da pequena São Valentim, próxima a Erechim, com desempenho excepcional.

Não há como pessoa que valoriza ensino não ficar desconfortável quando se depara com índices como esses do Imers. Cabe urgentemente debater soluções, e com muita profundidade. Não adianta oferecer todo o resto; para que o futuro de crianças e jovens (e o da sociedade como um todo) se efetive e tenha solidez, só uma coisa é imprescindível: que estudem. Que estudem! E que de novo estudem!

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