Preso por abuso sexual, professor de teatro trabalhou por 17 anos em escola tradicional de São Paulo

Os primeiros relatos de que Carlos Veiga Filho, 61 anos, abusou de seus alunos datam de 1995. O roteiro era o mesmo: pedia aos adolescentes para tirarem a roupa e os fotografava nus; e, em alguns casos, os tocava em seus órgãos genitais. Ele foi preso após três denúncias realizadas no ano passado. Ex-alunos de uma escola tradicional de São Paulo acusam um professor de teatro de abusos sexuais
Muitos meninos relatam o mesmo roteiro de abusos sexuais.
“Ele fazia um discurso, falava sobre ser uma pessoa boa e pedia para tirarem as roupas. Com todo mundo nu, ele ia tirando as fotos enquanto a gente se pintava com guache no corpo”, conta Cesar Resende, advogado de 42 anos.
Em 1995, Cesar foi vítima de seu professor de teatro aos 13 anos, no Colégio Rio Branco, uma das escolas mais tradicionais de São Paulo – onde este professor lecionou durante 17 anos, entre 1986 e 2003, quando foi demitido pela instituição.
O nome do professor é Carlos Veiga Filho, de 61 anos. O Ministério Público o acusa também de três estupros recentes, denunciados no ano passado – as vítimas tinham 12, 13 e 14 anos.
Primeiras denúncias
Cesar relata que nas excursões escolares havia rituais para definir quem seriam os alunos monitores das viagens. Um desses rituais exigia um pacto de silêncio: segundo Cesar, depois de colocar todas as demais crianças do acampamento para dormir, Carlos Veiga pedia aos alunos monitores para ficarem nus e se pintassem – e, então, ele tirava fotos.
Um outro ex-aluno do Colégio Rio Branco, que não quis se identificar, afirma que Veiga guardava em casa um livro com as fotos. “Eu vi inúmeras crianças peladas de diversas gerações”.
Este ex-aluno acusou ainda Veiga de abusar sexualmente dele e de outros alunos.
“Ele propõe de dar um passe na gente, seria para limpar energia e energizar os chacras. Ele tocando na gente pelado, com essa história aí de chacra, tem um que se concentra bem na região genital, e ele ficava lá um tempão com a mão na gente”, relata.
Acusações recentes
Depois de ser demitido do Rio Branco, em 2003, Carlos Veiga se mudou para Serra Negra, interior paulista, onde reabriu uma empresa de organização de acampamentos e continuou dando aulas de teatro – sem responder pelas acusações do passado.
No ano passado, três alunos da escola particular Libere Vivere denunciaram Veiga para a direção da instituição, que procurou a polícia – ele já havia sido demitido pelo colégio.
Segundo as investigações, o modo de agir era o mesmo da época do Rio Branco: Veiga tirava fotos de alunos nus e tocava na região genital deles.
Em abril deste ano, a pedido da polícia e do Ministério Público, a Justiça decretou a prisão de Carlos Veiga Filho – que sumiu de Serra Negra e foi preso apenas no mês passado, a 115 km de distância, em Hortolância. Ele responde por estupro de vulnerável e produção de imagens pornográficas de adolescentes.
O Fantástico conversou com 30 pessoas sobre os abusos no Rio Branco, 22 afirmaram ser vítimas de Carlos Veiga Filho.
Os responsáveis pelo Colégio Rio Branco afirmam que “compartilham do sentimento coletivo de repulsa por toda e qualquer conduta desta natureza”.
A defesa de Carlos Veiga Filho alega que a “verdade será alcançada e provada a inocência do professor”.
Ouça os podcasts do Fantástico
ISSO É FANTÁSTICO
O podcast Isso É Fantástico está disponível no g1, Globoplay, Deezer, Spotify, Google Podcasts, Apple Podcasts e Amazon Music trazendo grandes reportagens, investigações e histórias fascinantes em podcast com o selo de jornalismo do Fantástico: profundidade, contexto e informação. Siga, curta ou assine o Isso É Fantástico no seu tocador de podcasts favorito. Todo domingo tem um episódio novo.
PRAZER, RENATA
O podcast ‘Prazer, Renata’ está disponível no g1, no Globoplay, no Deezer, no Spotify, no Google Podcasts, no Apple Podcasts, na Amazon Music ou no seu aplicativo favorito. Siga, assine e curta o ‘Prazer, Renata’ na sua plataforma preferida.
BICHOS NA ESCUTA
O podcast ‘Bichos Na Escuta’ está disponível no g1, no Globoplay, no Deezer, no Spotify, no Google Podcasts, no Apple Podcasts, na Amazon Music ou no seu aplicativo favorito.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.