Tragédia e revolta: morte de mulher atropelada por carreta gera protestos em Axixá

Manifestantes exigem medidas imediatas de segurança no trânsito / Foto: Montagem | Reprodução

A morte trágica de Cheila Norma Abreu, de 47 anos, atropelada por uma carreta na manhã desta segunda-feira, 27, na TO-134, em Axixá do Tocantins, provocou uma onda de comoção e revolta na população local. O acidente, que também deixou ferida sua filha de apenas três anos, desencadeou um protesto intenso com bloqueio de via, queima de pneus e apelos por soluções imediatas para o caos no trânsito do município.

Cheila atravessava a rodovia com a criança no perímetro urbano, no Bairro Consórcio, quando foi atingida por um caminhão. Ela morreu no local; a filha foi socorrida, segue internada e, segundo informações médicas, não corre risco de morte. O motorista da carreta foi preso em flagrante e autuado por homicídio culposo (sem intenção de matar) e lesão corporal.

Protesto e indignação popular

Horas após a tragédia, moradores interditaram a avenida onde ocorreu o acidente, cobrando providências urgentes do poder público. “Queremos sinalização, passarelas, fiscalização e a retirada do tráfego pesado das nossas ruas. Quantas mortes ainda serão necessárias?”, questionou um dos manifestantes. A revolta é impulsionada pelo fato de que o aumento do tráfego de carretas em áreas residenciais tem sido constante desde a interdição da ponte JK, entre Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA).

Cartazes com frases como “Chega de descaso” e “A vida vale mais que a carga” dominaram o cenário de luto e resistência.

A professora Júlia Dias, moradora da cidade, sintetizou o sentimento coletivo:
“Dona Cheila representa todas as mulheres, mães e famílias que vivem com medo de atravessar a rua. Nossa cidade está cheia de Sheilas. Se não fizerem nada, haverá mais mortes.”

Estrutura precária e resposta oficial

O prefeito de Axixá, Auri-Wulange Ribeiro (União), lamentou a morte e reconheceu publicamente a incapacidade da cidade para suportar o tráfego de veículos pesados. “Estamos há anos tentando tirar do papel um projeto de anel viário. Axixá não tem estrutura para essa demanda. É um problema crônico, e essa tragédia é reflexo disso”, afirmou o gestor.

Além das críticas à infraestrutura urbana, o caso também escancarou a falta de estrutura do Instituto Médico Legal (IML) na região. Mesmo com a presença de peritos em Axixá, o corpo precisou ser levado para Araguaína, a cerca de 230 km, por falta de médicos legistas em cidades mais próximas, como Araguatins e Tocantinópolis. A demora causou dor adicional à família e indignação popular.

A dor do filho e o limite do sofrimento

Em um momento de desespero, um dos filhos da vítima tentou atear fogo à carreta envolvida no acidente e jogou seu carro contra ela. Ele foi contido pela polícia e preso por dano qualificado. O ato foi interpretado por muitos moradores como um grito de desespero e símbolo do limite emocional da comunidade diante da negligência prolongada com a segurança local.

Investigação e apelos por justiça

A 14ª Delegacia de Polícia Civil de Axixá está à frente da investigação. Enquanto isso, moradores permanecem mobilizados, prometendo novos protestos caso nenhuma medida concreta seja anunciada.

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