Poucos conhecem as cicatrizes que marcaram a vida de Tony Tornado antes de se tornar ícone da cultura brasileira. Nascido Antônio Viana Gomes, o artista foi preso nove vezes na década de 1970, período em que o país era sufocado pelo regime militar. Durante essa fase, ele também enfrentou deportação dos EUA, o que moldou não só seu caráter como sua visão crítica sobre o mundo.
Pontos Principais:
- Tony Tornado foi preso nove vezes durante a Ditadura Militar no Brasil.
- Ele também foi deportado dos Estados Unidos, o que impactou sua carreira.
- As prisões eram motivadas por suspeitas de agitação do movimento negro.
- Hoje, aos 95 anos, Tony Tornado é homenageado na TV Globo pelo legado que construiu.
Tony Tornado, que completará 95 anos no próximo dia 26, teve sua vida transformada pela música e pela repressão política. No início dos anos 1970, o cantor de soul music encantava o público brasileiro com sua presença marcante e seu repertório de protesto. Mas, por trás do sucesso nos palcos, enfrentava um cerco implacável dos militares.

Aos olhos da Ditadura, Tornado era visto como agitador. Durante um show de Elis Regina, em 1972, foi detido por fazer uma saudação aos Panteras Negras, grupo militante que inspirava a luta pelos direitos civis nos EUA. Essa ousadia foi o estopim para uma perseguição que resultaria em prisões sucessivas, muitas delas sem provas consistentes, apenas motivadas pelo medo de um suposto “levante negro” no país.
Antes disso, Tornado já tinha enfrentado a deportação dos Estados Unidos. Cantor de soul e blues, foi expulso quando a imigração americana descobriu que ele não tinha documentação para atuar. No Brasil, encontrou refúgio em boates do Rio de Janeiro, onde foi descoberto pelos compositores Tibério Gaspar e Antonio Adolfo. Foi nesse ambiente que nasceu a interpretação icônica de “BR-3”, que lhe daria visibilidade nacional.
A fama não afastou a perseguição política. O Departamento de Ordem Política e Social, o temido Dops, chegou a apelidá-lo de “marciano” por conta do visual de cabelo black power e roupas vibrantes. Mais do que preconceito estético, havia a tentativa de calar uma voz que falava de resistência e de liberdade em um país sufocado pela censura.
Em entrevistas, Tony Tornado não escondeu o rancor pelos anos de chumbo. Em 2002, em conversa com o jornal Valor Econômico, acusou o colunista Ibrahim Suede de potencializar as polêmicas em torno de seu nome. O colunista chegou a escrever que Tornado queria “imitar os antepassados que levantaram armas nos Estados Unidos”, alimentando o temor de uma conspiração que nunca existiu.
Hoje, o artista será lembrado no programa “Tributo” da Globo. Mais do que um show de homenagens, a exibição reconta a história de um homem que enfrentou preconceito, violência e exílio para cantar o que acreditava. Tornado segue como símbolo de luta e liberdade, numa trajetória que merece ser contada sem amarras.
Fonte: Ofuxico e Terra.
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